Nem tudo e Facil de Cecilia Meireles

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Se o poeta fosse casto nos seus costumes, os seus versos também o seriam. A pena é a língua da alma: como forem os conceitos que nela se conceberem, assim serão os seus escritos.

O silêncio é o melhor rebuço para quem não se quer revelar, ou fazer-se conhecer.

Os maiores males infiltram-se na vida dos homens sob a ilusória aparência do bem.

Não invejemos os que sobem muito acima de nós: a sua queda será muito mais dolorosa do que a nossa.

Quem sabe se não teremos de ultrapassar muito a natureza para perceber o que ela nos quer dizer?

As lágrimas dos velhos são tão terríveis como as das crianças são naturais.

O símbolo dos ingratos não é a Serpente, é o Homem.

O jornal exerce todas as funções do defunto Satanás, de quem herdou a ubiquidade; e é não só o pai da mentira, mas o pai da discórdia.

O sentimento que o homem suporta com mais dificuldade é a piedade, principalmente quando a merece. O ódio é um tónico, faz viver, inspira vingança; mas a piedade mata, enfraquece ainda mais a nossa fraqueza.

Esqueço sempre, mas o corpo lembra:
em breve
será dezembro.

Aqueles que gastam mal o seu tempo são os primeiros a queixar-se da sua brevidade.

A verdadeira inteligência consiste em dar valor à dos outros.

A dificuldade atrai o homem de caráter, porque é abraçando-a que ele se realiza.

Todos os dias vão em direção à morte, o último chega a ela.

O sonho é o alívio das misérias dos que as têm acordados.

O ciúme nunca está isento de certa espécie de inveja, e frequentemente se confundem essas duas paixões.

Aquele que se envergonha ainda não é incorrigível.

O talento é um título de responsabilidade.

As Palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade
ANDRADE, E., Antologia Breve, 1972

Mudai os tempos, os lugares, as opiniões e circunstâncias, e os grandes heróis se tornarão pequenos e insignificantes homens.