Nascimento de uma Criança
O Primeiro Ritmo
O coração é o primeiro.
Não a pele que nos defende,
não o rosto que nos denuncia,
não a ideia que nos inventa.
Antes de tudo, um músculo.
Trêmulo.
Errado de tão certo.
Bate.
Sem saber se há alguém ouvindo.
Lá no escuro,
onde o mundo ainda é silêncio,
ele se apressa em existir.
Compasso clandestino,
riscando o nada com vontade.
O coração começa sem ter endereço.
Sem saber se será aceito,
se haverá colo,
ou ao menos tempo.
Ele bate.
No vazio.
Como quem chama por um nome
que ainda não foi escolhido.
Descobri isso tarde.
Como se costuma descobrir o amor.
Antes do pensamento,
há o susto.
Há o sentimento nu,
sem dicionário,
sem licença.
Descartes quis começar pela razão.
Mas a razão já é medo.
Já é contenção.
Já é tarde demais.
Antes de sermos gente,
somos urgência.
Ritmo.
Vergonha de termos vindo sem convite.
Mulheres sentem a dor do parto de um filho duas vezes: quando ele nasce e o dia que ele sai de casa.
Gênese Poética
Cada poema de um escritor é como um filho que foi gestado com carinho em seu sagrado ventre poético. Às vezes, o processo de gestação é demorado, outras vezes não. Quase sempre o parto é natural e sem nenhuma dor. No instante do nascimento, se cria um vínculo emocional eterno entre o poema e o seu autor. Vínculo este que nem o tempo desfaz. Depois de parir, a escolha do nome é um dos momentos mais emocionantes, seguido do registro em seu nome. Como toda mãe zelosa, um escritor não admite que toque em seus filhos. Se quiser arrumar briga com ele, pelas próximas dez encarnações, basta tocar em um fio de cabelo do seu filho. Então, não tente tomar para si um poema dele.
Engana-se quem pensa que nascemos uma única vez. Todos os dias temos a difícil tarefa de dar vida a uma parte nossa que o tempo matou.
A mulher, quando se torna mãe, desnuda o segredo da criação. O ser mãe revela-se no ato do nascimento e leva a mulher a verdadeira consciência do seu papel divino ao dividir com Deus o dom supremo da sua obra maior.
PARTO
Do aconchego de um ventre
Nasceu em meio a seus medos
Com sua tarefa ingente
De os transformar em sossego
Foi essa sina premente
A que gestou este Alfredo.
Poema Nascimentos
Lembro-me do último dia em que nasci,
e de outros nascimentos.
Talvez tenha sido servo de Nefertiti,
Cônsul dileto da Imperatriz.
Togado professor no Kansas.
Eremita numa caverna desabitada no Sul.
Quantas vezes me viveu, este jeito de existir?
Fui conselheiro de Napoleão.
Astrônomo inglês a velejar no céu.
Ou será que sou apenas,
quem te encontrou vestida de ramos,
numa manjedoura em Belém.
Não me sei bem as idades.
Vivo de sentir memória.
Vivo de viver no que cabe.
Lembro quando corrias atrás do Tiranossauro.
Quando pisaram na Lua e viram teu rosto estampado.
Assim nos fundamos de uns outros em nós.
Nos cingimos de tantas vozes que coabitam.
Como não ter me impregnando daquilo que pressenti,
Quando lia o livro da vida que um dia passou por mim.
Carlos Daniel Dojja
Costumamos dizer que não estava em nosso poder determinar os pais que nos caberia, dados a nós pelo acaso; mas nos é possível nascer por nosso arbítrio.
Havia 40 milhões de probabilidades de nascer outro e foi você. Esse é o único milagre que existe lá em cima. Provavelmente viemos do nada e vamos para o nada. É preciso se comprometer com a vida.
Todo ente nasce sem razão, se prolonga por fraqueza e morre por acaso.
Tem dias que minha saudade vai lá na maternidade. Exatamente quando saíamos e eu te carregava em meu colo. Você era real agora em meus braços. Minha fantasia sobre quem você era e como seria em pessoa se acabaram. Você que mudou a minha vida.
Família e amigos são preciosos e nos foi emprestado por Deus; um dia (em sua morte), temos que devolve-los, pois pertence a Ele.
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