Narrativa de Amor
Parece que saímos de um predomínio da narrativa linear para uma caleidoscópica, aleatória, sem compromisso com inicio, meio e fim.
O livro da vida é uma narrativa complexa, repleta de capítulos inesperados, trajetórias sinuosas e reviravoltas emocionantes. Às vezes, sentimos que estamos perdidos em meio a uma trama confusa, sem saber qual será o desfecho dessa história. Mas confie, Deus jamais nos abandonará, e sempre estará pronto para escrever um final repleto de esperança, redenção e amor. Basta confiarmos Nele e permitirmos que Ele seja o autor da nossa vida, guiando-nos para o desfecho mais belo que podemos imaginar.
- Edna Andrade
Romance: narrativa de uma história que não aconteceu, poderia ter acontecido, não acontecerá e que, se for bem contada, será interpretada como mais acontecida do que muito acontecimento.
Poesia maldita e ao mesmo tempo bendita
Que dita em narrativa nossas realidades criadas
Batizada em águas de nossas nascentes
e ao mesmo tempo edificada sobre o nada
Por que a cada verso do real apresenta-se tão inverso?
ALMA DA ÁFRICA,ALMA DO BRASIL
A narrativa de Antonio Olinto em seus romances africanos começa, em A casa da água, como uma enxurrada. Não há introdução, preparativos, prolegômenos. O leitor literalmente mergulha, já na primeira frase, em uma enchente. É a metáfora que conduz o discurso, uma recuperação moderna da narrativa sinfônica. Olinto escreve como quem conta uma história ao pé da fogueira na noite da África ancestral. Enumera os usos e costumes, o sincretismo religioso, os procedimentos curativos, o folclore, o cotidiano das casas e das ruas, mas principalmente localiza o leitor, pondo e transpondo pessoas, com enorme habilidade, em lugares de aqui e de acolá, do Piau a Juiz de Fora, do Rio à Bahia, do Brasil à África. Mas, se o espaço tem destaque na linguagem, o tempo é etéreo. Tempus fugit. A primeira referência temporal só se dá por volta da página 200, quando se menciona a guerra. "Mariana achava ingleses, franceses e alemães tão parecidos, por que haveriam de brigar, mas deviam ter lá suas razões." Somente ao final do livro uma tabela de datas vai esclarecer de que tempo histórico se está falando. E aí está: o tempo cronológico não tem importância.
Os achados de linguagem são tocantes. Logo à página 20, damos com esta preciosidade: "As mulheres ficaram com receio de olhar para fora e puseram os olhos no chão, Mariana, não, Mariana comeu o prazer de cada imagem." À página 58, outra: "Maria Gorda pegou-a no colo, começou a falar, tinha uma voz boa e gorda também." E à página 64: "A alegria dominou durante outra semana ainda o navio, mas foi-se diluindo em pedaços cada vez maiores de silêncio." É a voz soberana do narrador, simples, despida e precisa, fazendo um registro. Sem avaliações morais ou moralistas. O padre José que bebe cachaça, a matança cerimonial, a fornicação sem vergonhas. O livro é a pauta da vida. Desenvolve-se. Evolui, como um navio que avança pelas ondas franjadas. O livro é a vida, em seu processo, sujeitando as pessoas pela tradição, cultura, pela dinâmica própria. Um relicário da prodigiosa observação desse autor que funde ficção e memória em uma liga só, emocionante
A Casa da água foi lançado em 1969 e serviu de esteio para os outros dois livros da trilogia (O Rei de Keto e o Trono de Vidro). A análise da alma africana, e por extensão da alma humana, é preciosa, no texto de Antonio Olinto. Mas não está em fatos pitorescos ou nas anedotas. Está nos refrões, pregões, imprecações. Vejam esta frase: "Ele tinha boa cara, os lábios, grossos e fortes, formavam um sorriso lento, que demorava a se formar e demorava a se desfazer." Outra: "O pai revelou-se um homem baixo e muito gordo, a boca se esparramava como a de um sapo, ria uma risada enorme e demorada."
A trilogia do acadêmico Antonio Olinto é um compêndio sobre costumes de um povo que passou muitos anos lutando para manter a sua identidade. Assim, a pretexto de falar da alma da África, o autor fala da alma do Brasil. O fio condutor é Mariana, errante e errática, miscigenada e híbrida, suspensa entre dois mundos, como a água do mar, a água da enchente, nessa torrente de vida. Mas uma mulher firme, empreendedora, justa. Uma brasileira. A frase de Mariana, ao batizar a sua loja, comprada com o trabalho de uma vida, de Casa da água, foi esta: "É que eu comecei a ser eu depois que fiz um poço." Anos mais tarde, ela diria (página 59 de O Rei de Keto): "A coisa mais importante que fiz foi abrir um poço em Lagos quando era moça." Quanta densidade em duas frases!
Aqui e ali, a voz do autor se deixa evidenciar, numa cuidada intervenção da primeira pessoa. São apenas dois ou três verbos em cada volume, com desinência voltada para o eu. Artifícios de um habilidoso processo de construção da narrativa.
A um homem que viveu a África, como adido cultural na Nigéria, escolho a boa tradição iorubá, e termino este artigo com um oriki, como faz o autor no seu romance: ó Antonio Olinto, tu que ensinas a ver e a julgar, que estás no teu merecido lugar no cenáculo da Academia Brasileira de Letras, que escrevas muito e que teus escritos sejam recebidos com alegria pelos nossos corações, para sempre. Porque tua obra, nobre escritor, é como tu: tem a energia do trovão, a sabedoria dos nossos ancestrais e a serenidade do mar calmo.
Jornal da Letras, edição de setembro de 2007
A gente está trocando a narrativa onírica, a narrativa dos fatos durante a vigília por experiências individuais isoladas uns dos outros.
“TEMPO é coisa relativa, como digo nessa narrativa: Tem gente que vive no ócio - o tempo todo reclama - desde a hora que apeia da cama. Tem gente que por labutar, nem vê o tempo passar. Criança tem ele de sobra. Pro velho já vai faltando, à medida em que na obra, a tarefa vai findando. Tem coisa que é tempo perdido, e tem perda que é ganho de tempo. “
Desjejum Virginal da Poesia
A metodologia de braços abertos
anota a edição narrativa do silêncio
pautando-se pelo som das ideias.
O desjejum virginal da poesia
alimenta-se dos meus dedos
e do prurido dos meus pensamentos.
O estrume das amórficas palavras
arranha o suor ébrio da memória
e aconchega-se ao sintético sonho.
A urgência de transbordar o Sol
ultrapassar os limites do Amor
para sentir o peso da inexistência.
Quando aprendemos sobre falácias, discurso e maneiras de construirmos uma narrativa, aprendemos principalmente como nos preservar do abuso do outro e a questionar a saúde das nossas relações.
A narrativa é um grande círculo, como uma rosquinha de canela. Não é uma linha reta apontando para a saída mais próxima.
Garotas estratégicas controlam a percepção dos outros; garotas idealistas vão contra a narrativa, porque ela está na raiz do problema, e são esmagadas todas as vezes.
NARCISISMO
“Se fazes da vida a tua narrativa tem cuidado porque então enredas-te a ti e Também os outros ficam enredados nela! “
António da Cunha Duarte Justo
in Poesia e Aforismos
Distrito de Betúnia
Declarada e inafiançável,
É a obsessiva descrição
Desta narrativa, poética prosa
Em versos libertos.
No Distrito de Betúnia,
Onde o pseudo-herói jaz,
Em tua peleja épica, clama,
Por suas veneráveis donzelas divinais.
Nas confissões literárias,
Pautadas por papel e pena,
Um sinônimo distintamente
Mais poético para esferográfica,
Que foram subtraídas
De teu último refúgio
E adicionadas a um efêmero
Inquérito instaurado,
Pormenorizado e já concluído,
Com fins desinteressantes
E absolutamente dispensáveis
Para a ocasião,
O protagonista descreve
Suas memórias colossais,
Ocorridas com o mesmo
Neste simplório volume.
O autor desta obra quase lírica
E por conseguinte, próxima
De se definir como romance,
Chega à seguinte conclusão:
No Distrito de Betúnia,
Onde o pseudo-herói jaz,
Em tua peleja épica, clama,
Por suas veneráveis donzelas divinais.
Declarada e inafiançável,
É a obsessiva descrição
Desta narrativa, poética prosa
Em versos libertos.
Representatividade para mim é disputar sentido, criar referência, narrativa. O mundo em que vivemos é muito plural e cada vez mais a gente vai ter que lidar (ainda bem) com essa questão. Não vai dar para impor padrões goela abaixo sem alarde, sem luta!
Alex estava sozinha, e a única coisa que ela ainda tinha era a liberdade de seguir a narrativa que mais lhe convinha.
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