Moveis
Escrever é uma espécie de poder sobrenatural. Como ver os mortos ou fazer levitar os móveis da sala.
Deixe ir as roupas que não servem, os sapatos apertados, os objetos remendados, os móveis obsoletos. Deixe ir as promessas não cumpridas, as palavras repetidas, os dizeres que não acrescentam. Deixe ir o que tira o prazer das noites, que amarga os amanheceres, que atravanca os caminhos dos dias. Saiba filtrar. É necessário descobrir o que vai continuar e que espaços precisa abrir. Tem coisas que simplesmente não cabem mais e outras tantas querem chegar. O novo só passa por portas abertas e só entra onde encontra lugar para ficar.
Na minha época tudo era feito para durar, os móveis, os carros, os eletrodomésticos o amor, a amizade. E quando estragava, a gente remendava, costurava, reformava. Hoje não, hoje tudo é deixado de lado, jogado no lixo, tudo tem que ser novo, mesmo que seja frágil, que não valha a pena. Saudade de quando a vida passava mais devagar, as coisas tinham valor e sonhávamos com um tempo onde o mundo seria melhor para todos, este tempo que nunca chegou e deste jeito nunca chegará.
Sabe quando a casa se torna parte de nós?
As Paredes mudas e móveis imóveis guardam um segredo em cada canto.
A janela que oferece seu apoio em momentos de solidão.
Saudade dela.
Tristezas afugentadas no chuveiro. Pecados confessados no espelho. Filmes no inverno.
Tudo ali é você, é seu. Guardado. Dentro. Seu lar.
É parte e é todo você.
Entre idas e vindas é ali que se está ligado. O endereço é nome.
Penso numa caixa de música onde cabem suas coleções.
Onde estão os tesouros e castelos descobertos no caminho.
Entre as visitas, telefonemas, refeições e cochilos, se exerce uma crença sem desculpas.
Sem qualquer tipo de mágica ou milagre, se materializa a relevância do conforto, a liberdade imensa de descansar o corpo nu e de deixar a alma a perambular. Sente-se dentro de si.
Estar fora do jogo, longe das atenções e ocupado consigo. Quanta honestidade ocupa um abrigo.
Eu escrevo pro vento
Pro teto
Pras cadeiras
Escrevo pra tantas coisas
Tantos móveis
E lugares
Que já não controlo minha vida
O que eu diria então da minha escrita
E assim nada decide o que sai da caneta
Apenas brota
Vai embora
Por sorte minha não volta
Os dias passam devagar
A noite me diz que você não vai voltar
Os movéis saem do lugar
Eu corro o mundo e não consigo te alcançar...
Sem você meu rádio fica mudo
Minha tv fica sem cor
Meu violão fica sem som
Sem você meu corpo não reflete mais no espelho
Minha casa cai
Sem você eu perco o chão!
Então me aceite com eu sou
Não me peça pra mudar
Essas manias que você já perdoou...
Eu vou levando a vida
Eu vou tentando disfarçar
Mas vou deixar a porta do meu quarto aberta
Caso você queira voltar!
Não tenha medo de mudar a casa, reorganizar os móveis, redecorar o ambiente, varrer para fora o que não está dando certo e deixar-se envolver pelo novo. Não queira mudar o mundo, quando a verdadeira mudança deve ocorrer dentro de você.
Hoje resolvi mudar, tudo que me faz mal, tudo que não me completa, começei mudando os moveis de lugar, mudando as minhas roupas, jogando fora tudo que não me convém, decidi que minha vida vai ser controlado por mim e por mais ninguém , que as minhas mudanças me beneficiará, que ira me fazer bem, não quero viver de aparencia nem de amizades incertas, quero viver com felicidade e sucesso, chega de coloca a frente pessoas que não me coloca a frente, amarei quem realmente merecer, e farei feliz quem quiser ser...
O colorido da vida pintado na parede de casa.
Feito tinta eu sorrio para os móveis.
Feito vida eu escolho a cor da tinta.
Feito brisa de mar eu deito no chão da sala.
Na parede de casa, o colorida da vida.
Recordações são como ecos do arrastar de móveis; dos sorrisos, das conversas intermináveis, dos movimentos de passos, que se encontravam, harmonizavam, bailavam;
Agora, a casa está vazia, desocupada, aquele principal morador que a ocupava, e me alegrava;
Partiu...deixando, agora, só ecos, recordações!
Eu preciso ter coisas penduradas nas paredes, móveis com portas de vidro e eu observar o que há dentro quando não tenho nada pra fazer ou quando o sol não entra pela janela.
Meus sentimentos são os móveis mais pesados da casa, é preciso dois para carregá-los. Nunca fui uma pessoa materialista, mas confesso que tenho ficado paranoico com a minha mobília velha e sem mudança. Passei a observar minha casa. Poderia ter mudado a copa, a sala ou até mesmo o quarto. Resolvi mudar-me.
O carpinteiro de Nazaré fez alguns móveis planejados para nós: Uma cruz, um jugo, um arado e uma cama.
Não Vou Mais Lavar os Pratos
Não vou mais lavar os pratos.
Nem vou limpar a poeira dos móveis.
Sinto muito. Comecei a ler. Abri outro dia um livro
e uma semana depois decidi.
Não levo mais o lixo para a lixeira. Nem arrumo
a bagunça das folhas que caem no quintal.
Sinto muito.
Depois de ler percebi
a estética dos pratos, a estética dos traços, a ética,
A estática.
Olho minhas mãos quando mudam a página
dos livros, mãos bem mais macias que antes
e sinto que posso começar a ser a todo instante.
Sinto.
Qualquer coisa.
Não vou mais lavar. Nem levar. Seus tapetes
para lavar a seco. Tenho os olhos rasos d’água.
Sinto muito. Agora que comecei a ler quero entender.
O porquê, por quê? e o porquê.
Existem coisas. Eu li, e li, e li. Eu até sorri.
E deixei o feijão queimar...
Olha que feijão sempre demora para ficar pronto.
Considere que os tempos são outros...
Ah,
esqueci de dizer. Não vou mais.
Resolvi ficar um tempo comigo.
Resolvi ler sobre o que se passa conosco.
Você nem me espere. Você nem me chame. Não vou.
De tudo o que jamais li, de tudo o que jamais entendi,
você foi o que passou
Passou do limite, passou da medida,
passou do alfabeto.
Desalfabetizou.
Não vou mais lavar as coisas
e encobrir a verdadeira sujeira.
Nem limpar a poeira
e espalhar o pó daqui para lá e de lá pra cá.
Desinfetarei minhas mãos e não tocarei suas partes móveis.
Não tocarei no álcool.
Depois de tantos anos alfabetizada, aprendi a ler.
Depois de tanto tempo juntos, aprendi a separar
meu tênis do seu sapato,
minha gaveta das suas gravatas,
meu perfume do seu cheiro.
Minha tela da sua moldura.
Sendo assim, não lavo mais nada, e olho a sujeira
no fundo do copo.
Sempre chega o momento
de sacudir,
de investir,
de traduzir.
Não lavo mais pratos.
Li a assinatura da minha lei áurea
escrita em negro maiúsculo,
em letras tamanho 18, espaço duplo.
Aboli.
Não lavo mais os pratos
Quero travessas de prata,
Cozinha de luxo,
e joias de ouro. Legítimas.
Está decretada a lei áurea.
Qual é a regra da sua casa? Posso entrar com botas sujas? Posso mudar os móveis de lugar? Posso abrir a geladeira e pegar o que eu quiser? Posso usar o banheiro com a porta aberta? Posso dormir na sua cama? Na verdade isso nem se trata de regras. Basta o bom senso e a resposta será não para todas as perguntas.
Alguns móveis também são imóveis: guarda-roupas armários e cômodas não tornam almas despojadas e acomodadas. Coisas não criam incômodos.
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