Morna
...
Vida morna, pela metade.
A resposta estampa na cara.
Nas rugas sem histórias.
Na distância sem sorrisos.
Na indiferença sem memórias.
Sobra covardia.
Falta coragem.
Meio termo sem virtude.
Quase felicidade.
O quase não ilumina,.
Não inspira,.
Não acalma.
Apenas amplia o mórbido.
E comprime sua alma.
Derrota prévia.
Dúvida da vitória.
Não abrevie sua régua.
Busque sua glória.
Se incomode.
Se revolte.
Se afaste.
Se transborde.
Viva sem medidas.
E se tiver que errar.
Se quebre lá no topo.
Mas não hiberne e procrastine.
Na sua zona de conforto.
Sonatina (soneto II)
Não pode ser sempre inquieta poesia
Está morna poética, cheio de torpeza
Os versos tão enevoados de lerdeza
Há de isentar-se desta sensação fria
Num vendaval de solidão e de agonia
O choro apodera da rima em tristeza
Quando a inspiração só quer alegria
E numa sonata vê-se sons da utopia
Hei de subir ao tope da imaginação
Vencer procelas e alaridos, emoção
Ali, triunfante, cheio de doce louvor
Em poema, aclamante, e com intento
O sol da glória há de ornar o momento
E eu, hei de toar: - em versos de amor!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
16 janeiro, 2024, 20’38” – Araguari, MG
A plebe proletariada está morna, com a mente passiva imersas em niilismo estrutural irreversível e, à beira da morte sinoptica neural...
Então, tente: se você tocar meu peito com a mão morna, só um pouquinho, a tristeza vagarosamente vai embora?
Morna tristeza
Quisera eu livrar-me da morna tristeza, que chamejasse, pouca ou alguma verdade.
Há fogo, contudo, aceso na chama do desapontamento, assim, como carne e sangue.
Uma noite má dormida
Olho o quase amanhecer
Pensamentos atormentam
a recusa a uma vida morna...
A beira da cama me debato insatisfeito
Necessito lutar sem a oportunidade escapar
Sem a covardia de uma desistência antecipada.
Abdico dos sorrisos fingidos e apáticos;
Incertezas e falsas convicções
Uma Arte final não se faz
sem os traços do rascunho.
Prefiro a coragem de um BomDia regado de um sussurro ao pé do ouvido; de sorrisos sem motivos, abraços apertados sem medida;
do Verão intenso... ao outono insosso.
Quero a plenitude e limitar nem cogito.
Pior que a convicção do NÃO e a incerteza do TALVEZ é a desilusão de um QUASE.