Mini Textos de Ana Maria Braga
Vem me amar
Sinto falta do seu corpo quente
apertado contra o meu...
Com doses de safadezas,
luxurizando todo meu querer,
todas as minhas vontades
com prelúdios de fantasias
e anseios de te amar!
Sua língua atrevida,
molhada e macia a bailar
frenética, beijando
cada centímetro de minhas curvas!
Tantas delicias alinhadas em tua boca!
Aflorando meus insanos desejos!
E eu querendo tudo...
Com a mais louca urgência
de nos amarmos!
A MULHER DA MINHA VIDA
Ela foi a síntese de todas as mulheres que já conheci. A mulher da minha vida.
É isso mesmo. Não se tem só o “homem da vida”, mas também a “mulher”.
Permitam-me falar dela que, mesmo sendo um afeto muito pessoal, quero que todos a conheçam. A mulher que construiu meus alicerces e de toda sua descendência.
E ela ainda vive, basta procurá-la nas mãos doceiras e no jeito especial de ser mãe e avó de Eloísa; no olhar meio que severo e na fidelidade trabalhadora de Diana; na firmeza geniosa de Eliana e, em mim, em tudo que consigo ser de melhor.
Impossível se igualar a ela. Era e será sempre única, por isto imortal, feita de atitudes grandiosas e intransferíveis. Uma guerreira que viveu quase um século com dignidade e coragem. Comigo mais de quarenta anos de amparo, amor e doação. Um exemplo de vida, Com ela todos se sentiam especiais. Sabia validar cada um com a palavra certa. De porte pequeno e magro, comia pouco, quase nada, mas produzia fartura com suas mãos calejadas pelo trabalho árduo de todos os dias, sem se queixar.
Depois que ela se foi nunca mais o pão teve gosto de erva-doce, como o que ela fazia no forno à lenha, nem os doces cuidadosamente elaborados, sempre em fogo baixo para não queimar, ensinava ela. Nossos filhos, seus bisnetos, todos foram enrolados em mantas de crochê tecidas cuidadosamente, ponto-a-ponto nas poucas horas que dispunha para descansar. Tirava da terra quase tudo de que precisava para o sustento da grande família de quem era matriarca. Tudo que vinha dela era repassado de amor, carinho e doação. Poucas vezes a vi chorar. Não queria nos atingir com a própria tristeza para que nada nos perturbasse. Sentia-se responsável por nós, como zeladora incansável. E era. Quando ficávamos doentes , com um simples chá de erva-cidreira, um escalda-pés e um paninho quente no lugar da dor , nos deixava curados, prontos para voltarmos às travessuras no dia seguinte, como num passe de mágica. A magia da cura instantânea vinha do amor que colocava em tudo que fazia. Na verdade era o poder do amor e da confiança que tínhamos que assim estava certo e pronto.
Quando penso nela como mulher, não consigo colocá-la em nenhum parâmetro feminino que conheço. Foi mulher de um homem só e muito jovem perdeu seu amado. Falava dele e nos contava como era. Sem saber preparou nossa memória para que um dia pudéssemos contar aos nossos descendentes de onde viemos. Foi fiel à sua memória enquanto viveu. Não conheceu a vaidade, era simples no trajar e na forma de pentear os cabelos presos à nuca, brancos e lisos.
Se eu ficar falando nela, na vida que viveu, da fortaleza sensível que era, de seu legado de amor, com certeza teria que escrever um livro com muitas e muitas páginas. Acho que não conseguiria fazê-lo. Apenas quero homenagear esta mulher, que foi a mulher da minha vida e a sorte que tive em tê-la ao meu lado.
É justo que dedique a ela a singeleza do meu primeiro livro, à vó Geca, que mesmo sabendo apenas desenhar seu nome foi minha primeira professora e me ensinou, numa antiga lousa que fora dela a muitos anos, como escrever letra por letra todo o alfabeto.
Vó te dou de presente minhas “CONVERSAS DE DOMINGO”.
Maria Alice
Leveza do SER...
Véus se rompem...
Gélidas noites descortinadas
Pelas sombras de um viver errante,
Perdido, sem sentido
Estou só? Não!
Vozes distantes... Cortantes
Ecos de minha consciência
Revelam-se algozes de mim mesma
Estou só? Não!
Ausente... Inconsciente
Lacunas abertas em átimos marcados,
Vazados nas arestas do tempo
Tempo... Que tempo?
Ah! Aurora... Dissolvo as sombras,
Apago o tempo em tempo
Recomeço AGORA viver
A leveza do SER!
TODO MUNDO TEM SEUS BASTIDORES...
Chegamos lindas à festa, somos elogiadas, as outras mulheres se rasgam de inveja ( todas possuem visão de raio X que detecta marcas de roupas, sapatos, bolsas , detalhes de uma maquiagem bem feita, sabem a diferença entre bege e nude). Mas para que o conjunto esteja completo você passa H-O-R-A-S se preparando. Sem falar que pode voltar pra casa acompanhada ou não.
Hoje vendo uma revista ,dessas de celebridades, notei que a nova princesa tem que estar sempre bem vestida e sorridente, de mãos dadas com o marido ( mesmo se estiverem brigados ou ela com o pé doendo de ficar horas em pé acenando e distribuindo simpatia) . A coitada nunca poderá deixar transparecer o menor descontentamento em qualquer situação. A revista anunciava uma simples repetição de um modelito! A manchete era em letras maiúsculas e em negrito.
Já imaginaram uma atriz daquelas de novela acordando de mau hálito, soltando pum ou tirando meleca? Ou aquele ator lindo de sorriso perfeito fazendo cocô?
A gente morre de inveja do marido rico daquela amiga e num belo dia ela desabafa, depois da quarta taça de vinho, que ele é o maior pão – duro e que não anda comparecendo tanto assim..
Você vive elogiando sua amiga que nunca repete uma roupa e que vai a todas as festas badaladas e ela vive devendo no cartão de crédito e cheque especial. Só descobre isso quando a compulsiva te liga pedindo dinheiro emprestado.
A gente se encanta com o discurso eloqüente daquela palestrante tão séria e tão admirada e não é que navegando na internet aquela belíssima apresentação de slides que ela usou já tinha dono?
Aquele gato sarado e marrento que todas suspiram.... Ele é noivo mas tem um caso secreto com um advogado famoso de outra cidade. Sempre desconfiei daquelas roupas e celulares caros...
Aquela vizinha barraqueira e vista por todos como A LOUCA tinha seus motivos. O marido era o maior mulherengo e ainda por cima não colocava nem sequer um realzinho em casa.
Aquela magrela e sem graça com aquele gatão? Ela é mestre, super cabeça , bem resolvida. Ele ainda faz cursinho!
O gato chega com o carro do ano mas quem paga a conta é a namorada e o carro é dela! Como aquele Deus grego tá com aquela gordinha? Ele geralmente passa a noite toda calado pois os amigos dela têm um nível de conversa que ele não acompanha.
Aquele rapaz com cara de bom moço e jeito educado . Galanteador ...Tem duas queixas na polícia por agressão.( Não se iluda baby, quem bate em uma bate em TODAS é só uma questão de tempo).
Somos movidos pelas aparências, adoramos e priorizamos os que são bonitos por fora, julgamos , condenamos e rotulamos: Os feios, os gays , as gordas, os burros, os interesseiros... em questão de segundos. Somos julgados e condenados também nas nossas mínimas ações. Mas qualquer espetáculo tem seus bastidores e nem sempre é tão glamouroso assim. Uma sábia amiga sempre diz: “Vai comer um quilo de sal junto”.
"Eu sempre desconfiei das pessoas que gostam de exibir demasiadamente o que têm. E chego a pensar que diversas delas, senão todas, passam a vida almejando coisas/pessoas apenas por capricho, pela embalagem, por status, ou por desejo de ser, de ter.
Só lamento que ainda não saibam que mais importante que demonstrar que se ganhou uma batalha é sentir-se feliz com o que conquistou.
De nada adianta colecionar troféus para exibição e ao chegar em casa não saber o que fazer com eles.
Sábio é aquele que disse que o dinheiro não compra tudo. E não compra mesmo.
A felicidade depende de um elemento chamado paz. Paz consigo mesmo, paz com o que você realmente é e diante de você mesmo, das suas expectativas e crenças. Não perante as outras pessoas. Perante as outras pessoas você pode ser "o cara". Mas, se diante de ti mesmo não fores o que querias ser, de nada adiantou"
maçã
sabe aquela maçã, bem vermelha e brilhante na feira que você compra achando que vai adoçar sua tarde de domingo, mas que na verdade está podre por dentro? então
esse era você.
você tinha um brilho que desmonstrava para todos, mas quem realmente conheceu teu íntimo, viu quanta coisa é diferente da parte externa.
seu mundo inteiro, trazia junto consigo muita dor, insegurança e amargura... tudo que eu relutava para ter novamente depois de todos esses anos.
você roubou minha cor, você roubou meu momento e roubou minha alegria.
igual aquela maçã da feira, que te faz gastar dinheiro, achando que vai te nutrir, mas na verdade não se passa de uma propaganda enganosa.
Aceita-me Assim -
Aceita-me Assim!
Calado e frio como a madrugada ...
Infeliz e indiscreto como a noite
funda ...
Aceita-me Assim!
Árido como a terra e gelado
como a água ...
Desiludido e triste como gentes
sem destino ...
Aceita-me Assim!
Sem vontade de viver ou esperança
de me amar ...
Talvez indeciso ou indiferente como
o vazio que está em mim ...
Aceita-me Assim!
Porque nunca soube ser de outro modo ...
Até Amanhã -
Até amanhã ó meu amor
ou então até já
acredita, por favor,
que te amo mas não dá.
Guarda em ti esses momentos
que nós vivemos tão nossos
na raiz do pensamento
na raiz dos teus ossos.
Até amanhã ó meu amor
que vá eu aonde vá
deixa a vida ao sabor
deste simples até já.
Mas não houve um até já
fica a esperança que foi vã
este amor não voltará
diluiu no amanhã.
A felicidade
A felicidade disse que está comigo até o fim,
E ela trouxe você pra mim.
Você chegou a mim como uma amizade,
Nos apaixonamos e dela se tornou um namoro de verdade,
E aqui estamos no nosso canto no qual podemos chamar de lar,
Aonde podemos nos amar sem pensar no questionar daqueles que não aprenderam a amar.
Já fomos como eles, sem acreditar que um dia iria valer a pena,
Sem pensar resolvi me arriscar e no teu olhar me encontrar,
No seu olhar encontrei confiança, na sua voz a calmaria da minha tempestade e no seu sorriso a segurança que faltava em mim.
Uma história simples, porém linda,
Onde tudo começou apenas com um oi no aplicativo e tudo começou ali,
Com seu jeito me conquistou,
Se apaixonou por quem sou e nunca mais se separou, prometeu ser companheiro, leal e fiel.
Finalmente percebi que encontrei o que eu tanto procurei ali o AMOR,
Eu escolhi você e você escolheu a mim...
E juntos decidimos seguir,
Ontem estávamos amando, hoje nos apaixonando e amanhã sonhando para uma bela história formar e pro nossos filhos contar.
Ainda bem
que não morri de todas as vezes que
quis morrer – que não saltei da ponte,
nem enchi os pulsos de sangue, nem
me deitei à linha, lá longe.
Ainda bem
que não atei a corda à viga do tecto, nem
comprei na farmácia, com receita fingida,
uma dose de sono eterno.
Ainda bem
que tive medo: das facas, das alturas, mas
sobretudo de não morrer completamente
e ficar para aí – ainda mais perdida do que
antes – a olhar sem ver.
Ainda bem
que o tecto foi sempre demasiado alto e
eu ridiculamente pequena para a morte.
Se tivesse morrido de uma dessas vezes,
não ouviria agora a tua voz a chamar-me,
enquanto escrevo este poema, que pode
não parecer – mas é – um poema de amor.
POETISA FERIDA (03/2001)
Sempre fui poetisa da alegria
Das grandes virtudes e glórias
Como um poeta deve ser.
Mas uma grande decepção
Sem compaixão e com precisão
Feriu as palavras do meu ser.
Neste momento escrevo as tristezas
Que a vida nos prega
De maneira irônica e desprezível.
Os sonhos e realidades incompletas
Por minha insensatez
Pregou-me esta peça.
Que fraqueza a minha
Cai na própria armadilha
De que tanto dava gargalhada e contestava.
Cedo ou tarde
Nunca faltará essa realidade
No íntimo de cada ser.
Esta droga maldita
Que me colocou em delírios
Que não é injetada e nem bebida.
A ânsia me devora
Mas no grito da vitória
Vou me safar dessa agonia.
Mas neste momento
Desafogo em lamentos
Minha dor contraída.
Perdoai então
Meu momento sofrível
De poetisa ferida.
Mulher de escorpião
Profunda e misteriosa
Com seus olhos penetrantes
Até ao acender um cigarro
Magnetiza qualquer homem.
Mas o mesmo olhar que enfeitiça
Descobre os segredos dos mais reservados.
Os seus elogios, para ela não cogitados
Serão analisados para as verdadeiras intenções.
Sua fúria incontrolável
Ciumenta e possessiva
Profundamente vingativa.
Perdoa com facilidade
Atos e fatos provados não intencionais
E manda no relacionamento.
Se existe uma inquietação por traí-la
Não há compaixão por ela medida.
Irá alimentar várias mentiras
Para fazê-lo sofrer até o chão.
Manhosa como uma gatinha
Carente fragilizada
Ao perder o controle das emoções
O furacão entra em atividade.
Ela poderá odiar amargamente
Sua tamanha dedicação
E ignorá-lo totalmente
Depois de tê-lo destruído.
Ressurgir das trevas
Sou uma semente
Semente delicada e de boa têmpera
Capaz de brotar das entranhas
do solo mais rude
Terreno já tomado pelos fetos
tapetes verdejantes das florestas
E entre as ervas daninhas
Ressurgirei lentamente da terra
Desabrocharei cálida e tenra
Florirei colorindo a selva
Divina como são as cores
das flores da camélia.
Espaço restrito
O meu trabalho de ontem
é recomeço do hoje no cansaço
O meu sonho do passado
é o meu trauma presente
O meu pressentimento do erro
é o acontecimento exato
Os meus juramentos secretos
é a insônia da noite
O meu grito de guerra
é o fantasma da liberdade
A minha condição secundária
é a solicitude
O meu primeiro passo
é na areia monazítica
Os meus princípios
é no espaço de um metro quadrado.
Por falar em saudades...
Contínuo a te amar com a força de Deus que do universo é regente,
Fez ninho no meu coração e se achando com razão adentrou em minha mente.
Nosso amor é essa louca paixão sem limites... É assim que vou te amar enquanto houver vida em mim...
Enquanto o sol brilhar,
e quando a noite chegar, mesmo estando nublado e a lua não surgir, eu te amarei mesmo assim.
Eu sei que te amarei sem limites porque você é a essência da vida que existe em mim
Esse louco amor, nosso amor sem limites, amor sem fim...
Luz dos meus olhos
Brilho do meu sorriso
Alegria do meu viver
Canção que embala minh'alma
Na hora do adormecer.
Deste vida a minha vida vazia
ressuscitando o amor quena solidão já dormia.
hoje meu coração vivefeliz pensando somente em ti, a te querer, e para sempreamar você.
Luz dosmeus olhos
Razão dos sonhos meus.
Meu grande presente de Deus!
És tudo em minha vida
A ti pertence minh'alma
para sempre serás meu!
Que o brilho da luz de Deus esteja sob nossas vidas nos guiando sempre por retos caminhos
Nos dando sabedoria e nos fortalecendo para seguir em frente ...
Que tenhamos amor suficiente para dividir nosso pouco com aquele que nada tem .
Amar a Deus, a ti , ao próximo também
"Pois não falta amor neste mundo , o que falta é coragem de pratica-lo."
SEGUINDO EM FRENTE
Não vou mais insistir, em amar um coração que a muito me deixou, e disse não me me querer.
Quero mais é ser feliz
Nos braços de alguém que me ama plantando junto comigo um vaso de esperança,
como diz o velho ditado:
É pra frente que se anda !!!
Seguindo em frente
Com a esperança na mochila,
Vou trilhar o meu caminho,
Cultivando novas flores
Plantarei meu novo jardim...
E quem sabes num futuro distante tu ainda hás de lembrar de mim ...
Seguirei
Cantarolando meus versos, rimas e prosas,
Sentindo o cheiro das rosas, dos cravos e das tulipas,
Sem esquecer dos
jasmins !
Maria Francisca Leite
Direitos autorais reservados sob a lei - 9.610/98
“Ana” significa cheia de graça. E agora, olhando diretamente para ela de longe, não me parecia a mais nova das moças, mas certamente era uma das mais delicadas e graciosas. Uma princesa, diria Eduardo. O gentil homem que há anos atrás foi roubado o coração. E que aguardava a minha visita, com o mesmo partido, do lado de fora. Uns passos a mais e dava para olhar mais detalhadamente. A moça estava sem cor, coberta de tubos de variados tamanhos e com pequenos ferimentos no lábio inferior, o que de fato fez o meu coração apertar. Com as pernas bambas, custei-me para me aproximar, mas sem pensar duas vezes dei mais alguns passos tortos em direção a ela. Ao chegar à beira da cama, alisei-lhe o rosto e enfermeiras me fuzilaram com olhares furiosos. “As pessoas não entendem que aqui não se pode tocar nos pacientes…” escutei a de cabelo mais escuro dizer. Ao mesmo tempo em que olhei para trás, a mesma de cabelos escuros balançava a cabeça negativamente. Ignorei. Minha atenção era da moça, aquela doce moça deitada a minha frente. Não podiam me impedir de tocar-la, e então continuei a alisar-lhe o rosto e em seguida os cabelos, que frágeis se soltaram em pequenos tufos sobre a minha mão. Ela estava ali sozinha, tão debilitada, e precisando dos meus cuidados. Sussurrei, mas percebi que ela não podia me ouvir. Os remédios a deixavam fraca e ela não tinha forças para me olhar. Por um momento fechei meus olhos e pedi para que de alguma forma ela sentisse minha presença. Esperei. E esperei, e sem sucesso não houve nenhum movimento, nem mesmo um pequeno sinal que me fizesse acreditar. Por mais que a tocasse era inútil imaginar que poderia estar me sentindo. Às lágrimas escorriam pelo meu rosto e como tive vontade de pega-la no colo. Ninar, cantar… E cantei. Cantei no intuito de que pelo menos pudesse me ouvir. A música eu não poderei lhe confessar o nome, pois esse passou a ser o meu segredo e da doce moça deitada sobre minha proteção. Continuei a cantar por alguns breves e eternos segundos. Até minha voz falhar e meus soluços tomarem o seu lugar. Pus minha cabeça sobre a moça, e ali eu fiz meu pranto. E chorei, chorei, chorei.
Tentei me recuperar. Mas as lágrimas eu não podia conter. Percebi então que já não possuía controle algum sobre elas, nem sobre o meu coração, nem sobre a moça. Pudera minhas lágrimas fazer milagres, caírem sob sua face e a despertasse como nos contos de fadas. “Lágrimas de um amor verdadeiro” pensei. Mas a vida não era justa, sabíamos bem, e por mais que Ana em meu coração se igualasse a mais bela das princesas, também não era um conto de fadas. Olhei para o relógio e meus preciosos minutos tinham se passado, talvez os primeiros de muitos ainda, talvez os últimos, talvez lembrados para sempre, talvez esquecidos quando pela manhã ela voltasse para casa. Quem poderia saber ou me provar o contrário? Não havia explicação, apenas esperança. Sim, esperança era a minha palavra, e eu tinha a total esperança na minha doce moça. Preciso confessar lhe que jamais conheci alguém tão única como ela. Tão forte, tão minha. E naquele momento — naquele precioso momento —sem me sentir, sem talvez nem me ouvir lhe disse: “Eu sempre te amei e sempre irei amar” e com um beijo na testa me despedi da minha graciosa Ana.
Após nove dias naquele mesmo estado a moça partiu, levando consigo todo o meu coração. Ela se foi deixando uma dor profunda em cada um em que plantou o seu amor. Amor… Como era amada a minha moça, era a mais encantadora que o mundo já teve o prazer de conhecer. E apesar da saudade que deixou com a sua partida, deixou também o que de mais valioso trazia em seu coração: Sua graça e doçura.
(...)
— E esta foi à última vez que eu vi a moça — minha doce, doce vovó — ainda com vida.
Eu adoro a minha pele negra, e o meu cabelo rústico. Eu até acho o cabelo de negro mais educado do que o cabelo de branco. Porque o cabelo de preto onde põe, fica. É obediente. E o cabelo de branco, é só dar um movimento na cabeça ele já sai do lugar. É indisciplinado. Se é que existem reencarnações, eu quero voltar sempre preta.