Mini Textos de Ana Maria Braga
Eclipse da paixão
Amo-te de noite, de dia,
no entardecer,
e nas madrugadas frias.
Mesmo na distância
de mundos separados
nosso amor é pura criança
E assim somos queridos e amados.
Temos um amor que alcança
a maior montanha
e é sólido e profundo
como todo o oceano de esperança.
Sinto seu perfume envolvente
mesmo sem pele e sem sua boca,
que me deixava atenta e consciente,
Eu te escuto em minha mente.
Amo tudo que me faz lembrar sua presença.
Seus momentos e carinhos
Que mostram a sua existência
Nos meus pensamentos e caminhos.
Meu mundo é um imenso vazio
sem cor e sem teu calor
e minha vida apaga sem você.
Me perco como um barco sem remos em um rio.
Meu mundo sem ti
é como uma vitrola quebrada,
não tem música ou melodia,
ou qualque chance de ser amada.
Você é a minha única inspiração.
Entao vamos dançar com seus ossos e assim reviver nosso amor e nossa paixão.
E deixemos para lá esse mundo de caos e podridão e façamos nosso novo caminho repleto de emoção.
Relato real
Não sei o que é e ninguém precisa acreditar se não quiser.
Hoje por volta das 04:30 h da madrugada, eu estava sentada no sofá da minha sala quando olhei para o teto e vi uma imagem com o centro vermelho e um tom amarelado como uma espécie de fogo. No centro tinham duas circunferências, posso dizer que de tom nude. A figura tinha um sombriado escuro um preto acizentado. Essa imagem se movimentava no teto, eu olhei e comecei seguir a sua direção com os olhos para onde. Desviei o olhar achando que pudesse ser coisa da minha cabeça. Quando virei o pescoço para o outro lado eu nada via. Voltei o olhar para o mesmo lugar onde eu via a imagem se movimentando e ela continuava ali circulando até que deu uma parada por cima do ventilador de teto e eu não pude vê-la mais. Me movimentei no sofá de forma a esticar o pescoço e olhar para vê se a imagem estava ali. Realmente estava, segundos depois ela começou a se movimentar de novo pelo teto, desceu uns 50,60 cm pela parede e entre a quina foi se espremendo de forma a entrar naquela quina até que sumiu.
Maria ferreira Dutra
10 de Jan 2024
Caso verídico
A cegueira
Olha, olha não consegue ver.
Você sabe que não ficou cego
Mas não entende porque não enxerga
Mas você sabe que está sobre a ponte
E sabe que o mar azul está adiante
Existem navios no horizonte
Você tem consciência de tudo
Mas não consegue ver
Ei? Não tente abrir mais os olhos
Você não vê por falta da visão
O muro é muito mais alto
Faça o esforço para subir até o topo
É muito alto, e você não suporta mais o cansaço?
Tente mais uma vez.
Sente-se fraco
Não tem mais tempo?
Dê mais uma gota do seu sangue
Sei que é a última gota
Está quase, vai.
Sente-se melhor agora?
Você chegou ao topo.
Mas o seu corpo é só dor
Você demorou demais
O muro é alto
E não teve tempo de ver os navios
A correnteza mudou a cor do mar.
Não salte agora.
Use a sua imaginação.
Tente enxergar assim mesmo.
Tempo
Você achou que o tempo não passaria?
Tentou se convencer de que nada aconteceria?
Fez com que o seu cérebro queimasse no alto-forno?
Esqueceu-se de que o fogo queima?
Mas o produto escorreu
Petrificou com o ar
Tentou a picareta para quebrar e nada
Tentou um componente químico
Mas a química não permitiu que se liquidificasse novamente
Pronto, você envelheceu e ficou pronto.
Nada mais é capaz de modificar
Nem os vermes conseguirão devorar
E você ainda nem percebeu
Que o tempo passou e se foi para bem longe
Nem é capaz de processar lembranças e a dor aumenta
Mas o que solidificou nem pensa
Só sofre e nem sabe discernir em que consiste.
Descarte
Descarte a carta que te prende ao jogo
A angústia do egoísmo evasivo
Por abnegação o incontestável
A patente vulnerável.
Descarte meu caro
A serenidade do rio onde tu lamentas
A seriedade de como tu gargalhas
O triste riso do palhaço.
Descarte a empáfia
O rigor não excessivo
O ato fastidioso
A clarividência do fato.
Descarte a literatura sem censura
O rito benevolente
O peso ao revés
A desafinação da autoria.
Descarte o lhano
Que de cândido e despretensioso nada tem.
DescARTE
Não, a arte de Descartes.
Romantismo
Gostaria que soubesse:
O que se vive juntos não passa
Portanto, não diga que eu matei a nós.
Meu ser não consegue assassinar o que abastece o sentimento.
A minha poesia fica guardada em minha alma
Será a você passada pelos meus abraços e beijos aqui preservados.
Fico lucubrando para reter o estágio de loucura.
Toco na jovial borboleta para sentir a seda da sua pele
Inclino-me à rosa para recuperar o seu cheiro e revivenciar a sua beleza.
Só não posso dar a você o que não possuo
E o que possuo, talvez não o satisfaça.
Perdão por eu ser tão inferior.
Na minha frágil e inconstante sabedoria
Para não dizer literalmente, ignorância,
Alimento-me deste amor que sinto por você.
Não sou a súcubo como você me intitula e queima na fogueira.
Mate-me de forma mais misericordiosa.
Já que soube matar o seu amor do seu eu
Saiba então matar o seu ódio.
Preserve de nós algo de bom
Se alguma coisa boa realmente existiu para você.
Aprenda ao menos, a não cumprir o seu ritual de horror.
Colocaste-me no túmulo ainda viva.
Desculpa-me, tira-me daqui.
Deixa-me inspirar só um pouco de ar.
Não me mate assim, vivo ainda por respirar você.
O homem avestruz
O homem que fortemente criticou o que lhe era desconhecido
Sentia-se o maior dos protegidos
E sem nenhum escrúpulo, julgou o ser amado,
E acabou se acabrunhando no silêncio.
Num momento sequer esperado
Viu-se totalmente desamparado
Teve medo da recusa e de ficar ilhado.
Sua autoconsciência saiu da inércia, da paralisia,
Tudo agora se podia.
O desconhecido que por ora criticado
Torna-se o recanto mais privilegiado, a zona de conforto, a sua nova ilha.
Como o novo encontrado é o diferente
Tenta a amnésia afetiva para adiar decisões,
Coloca-se em territórios movediços
Criando armadilhas para sua própria dignidade.
O que o move agora é o inconsciente
Com esperança no que lhe é variado,
O que lhe trava a nostalgia.
Para não incorrer no perigo de fazer a história irreconciliável
E por medo da verdade que na ponta de seu nariz se encontra
Cobre a cabeça como a avestruz, sentindo-se protegido.
Criando um inimigo eloquente demais, que para um poeta,
Não existe comentário.
O seu amado, agora o seu inimigo imaginário,
Avança meticulosamente
E quando da sua passagem da opulência e da felicidade à pobreza e desgraça
Será o único que estará a seguir os seus passos
Para te elevar do seu estado de aflição, do seu infortúnio e desventura,
Da calamidade em que se encafuou.
Escrevo
Na segunda-feira, escrevo;
Na terça e quarta, também;
Às vezes escrevo na quinta e
Na sexta quando sinto que convém.
Escrevo nos fins de semana
Nos feriados escrevo quando me apetece;
Em momento de orgulho
No mundo que é só meu
Faço a hora de escrever.
Pasmo sempre quando leio
Admito que não seja eu.
Mas escrevo que importa?
Mais me admira quem não o faz,
Nada sente nada pensa, pois
Nada tem por dizer.
Faço sentir nas palavras
Momentos obscuros de reflexão;
De amor e ódio sou cúmplice;
Hoje entendo o que escrevo, amanhã
Talvez, não.
Que importa então?
Não entendo muito das palavras,
Não sou poetisa
E seria muita audácia
Se a quisesse ser.
Passado e futuro
Sem passado o presente não terá futuro
Quem somente vive intensamente no presente e não examina o passado não será capaz de prognosticar o futuro.
Passa a pensar o futuro como a possibilidade de tudo e o passado, como a realidade do nada.
Assim, não tem esperanças nem saudades, e o presente tornará a vida contrária do que desejaria.
Sem que prevaleça a história no cérebro de um homem, o que poderá ser a vida amanhã se não a pode presumir?
É através do passado empírico que se mantém o controle do que se quer, do que acontece de fora, exercendo a própria vontade.
Quem repudia o legado do passado, arreda-se de si, levando ao desejo inútil de repeti-lo, com a sensação do momento.
A rejeição do passado modifica o espectro da sensibilidade, pelo fato elementar de consciência provocado pela modificação de um sentido externo e ou interno.
Sem conhecimento do passado, o presente é um simulacro de si, vive-se de aparência sem realidade.
O presente descalçado é a ilusão transcendendo as premissas das incertezas do futuro, o qual vivenciará como já fora um dia.
A simulação do futuro torna-se fantasmagórica e o texto se repetirá.
E ri-se íncubo.
O sonho
Você corre, corre atrás de um sonho.
Mas você não conhece o sonho
Então, você vaga de um lado para o outro,
Considerando as coisas pontuais como realizadas
Mas você volta para casa
Fica ali calado
Frio
Embutido
Imundo
Moribundo
Chora e ri embriagado
A noite cai
O estomago enjoado
Adormece
E o sonho que sequer foi sonhado
Morre com o sono
O dia nasce novamente
E você volta a correr e corre atrás do sonho.
Virtualidade
A vida, amigos, amantes, exposições,
Tudo virtual.
As músicas, poesias, filosofias, psicologias,
Tudo virtual.
Os sonhos, as flores, as paixões e os amores,
Tudo virtual.
As religiões, as crenças os mitos e ritos,
Também virtual.
Ódios, rancores, dissabores,
Mundo virtual.
E quando tudo isso foi real?
Pernambuco
Conhecer Pernambuco é giro, como se diz na boa gíria de Portugal.
Baila-se cavalo marinho pra esquecer-se a lida negreira
Nos batentes dos pandeiros, da rebeca e do ganzá.
Na colheita e na caçada indígena
A velocidade impetuosa do ganzá a arrebentar maracatu.
Pólvora, cachaça e limão.
Mamulengo, que delícia, dá pra ri e pra chorar.
Da quadrilha, do maxixe e do galope, vem o frevo se exaltar.
É alegria da tesoura da pernada do carrossel nos passinhos a sublimar.
Tem a coco a pastoril a ciranda
É pra tudo o carnavá.
Além da linda Oh! Linda tem Recife
De arrecifes de corá.
Mente demente
O corpo não mente
O que mente é a mente
Vergar-se na mente que mente
Tem-se a mente demente
E na noa que vai além da hora por ora
A mente que mete
Estagna na imensidão do céu noturno
Na recordação do momento divino
No sorriso amigo
Na sensibilidade do choro ou sorriso
No amor e na fé
Mente que mente indeterminadamente
No decifrar os enigmas das emoções
Os pensamentos abstratos
A consciência.
Absurdo de mente demente.
A crise do lamento
Apoio os dedos finos
Das mãos enrugadas no teclado
Nenhum, encanto vejo acontecer
Nada surge em palavras
Lá vão dias e noites, adentro
Pescoço cansado
Ombros caídos
E dedilhando com os dedos finos no teclado
Não inspira, nenhum lamento
Será que também há crise
No sentimento?
Que lamento!
Insatisfação
O teu elogio não cura mais a minha insatisfação.
As tuas ideias consomem a minha alegria.
O teu juízo desapareceu sem harmonia.
Os teus gestos declaram sempre falta de emoção.
Tudo em ti é insosso.
Tudo que praticas não é natural.
Tudo o que demonstras é em razão de um esforço hercúleo.
Tu não tens opinião.
Tu és um fantoche.
Não possuis uma personalidade definida.
Um adulto cheio de mentiras.
Não és capaz de atuar com a razão.
És um ser sem atitude, mas cheio de malícias.
És uma criatura que esconde sentimentos.
És o que trai na defensiva.
És sempre a vítima em cada situação.
Ser imundo que não satisfaz.
Verme maldito do pecado.
Traidor dos que o amam,
Fere sem compaixão.
Quem és?
Quem és tu?
Em que mundo vives?
Quais são os teus sonhos?
O que queres?
Porque tropeças tanto?
Porque não pulas os obstáculos?
Não vês que estás a cair
A definhar e a sumir!
Fala alguma coisa
Diga o que queres
Mate o teu medo
Estirpe o teu ódio.
Não mates a mim
É o que fazes um pouco a cada dia.
Sejas menos cruel.
Dá-me mais alegria.
Assalto ao coração
Bateram em minha porta
Eu a abri com um sorriso
E para a minha surpresa
Era um assalto.
Fiquei estarrecida
Numa mistura de êxtase e medo
Mas, durante aqueles momentos
Tentei fazer todas as leituras possíveis.
Mas, quando a porta se fechou
Notei que o meu estômago não mais aceitava a comida
Os meus pulmões já não queriam respirar
O meu coração sangrava.
As minhas pernas paralisavam
Os meus dedos começaram a esfriar.
Mas, na fuga do sentimento a razão sobressaiu
Pensei então…
Cometi um grande erro
Abri a porta desprevenida
Deixei entrar com um sorriso
Quem me era desconhecido.
TELEFONE
Estou concentrada e, num disparate, o susto
Um trim, trim, trim
É o telefone a tocar
Esvazia-se momentaneamente o meu cérebro
Inusitadamente, inconscientemente
Como um afogamento é a sensação
Raiva, ódio, sofrimento
Mas tenho que falar
Alô, Oi, Sim, sei lá o quê
Do outro lado, um “como vai você”?
Então reflito, falar
Como vou? Nada mudou
Vou indo, sem pensar
Num presente indecente
Com um muro a minha frente
Mas o que interessa, como vou?
Vou a pé, de trem, de ónibus
Vou como bem me apetecer
Como posso também, não ir
Vou bem, vou mal
Que diferença faz
Que farás por mim
Independente da resposta que receber?
Mas depois que me deixou por um momento, no vazio
Minhas respostas se tornam monossilábicas
Como tu queres ser perfeito
Com seu tosco telefonema?
Atrapalhando o meu estado criativo
Minha concentração perfeita
Meu invólucro intransponível
Quebrado por um telefonema inútil.
Ódio II
ÓDIO II
Amo alimentar o meu ódio
Quero beber deste ódio eternamente.
É ele que nutre a minha existência
Sem essa lâmina não consigo enxergar a indiferença.
Na indiferença dos outros
Encontro a minha sensatez
A minha filosofia do amor que pensa
Na ciência que investiga
No estudo que analisa.
Ao me alimentar do ódio
Estudo a paixão que desequilibra
O orgulho que enlouquece as pessoas
O sensualismo que envenena.
Necessito do ódio para saber
Lidar com a indiferença.
Pode vir de terno, vir com olhos, boca, coração e cérebro
Nada, nada mesmo dará conta dessa presença
Muito menos da ausência.
Por isso preciso de beber mais ódio
Pois é neste ódio que preciso de um coração
De uma frieza, de um raciocínio
Mesmo que doente.
Preciso aprender, e o ódio é a matéria-prima dessa ânsia que alimento.
Este alimento está no objeto do ódio
Alimenta o meu rancor, a minha ira
O meu pouco humor e
A minha pouca sabedoria para entender
E aturar.
Quero o ódio para mim, dessa forma
Nunca serei indiferente.
Paixão
Sê como amigo,
O mais verdadeiro.
Sê por gratidão,
com a maior vontade.
Sê por justiça,
bem feita.
Sê por teimosia,
com orgulho.
Sê por caridade,
de coração.
Sê por ganância,
para valer o esforço.
Sê por obrigação,
para o certo.
Sê por paixão,
a mais intensa.
Sê por impulso,
sem arrependimentos.
Sê por amor,
irás ao céu
Sê assim,
que com o manto de minha paixão
te doutrinarei.
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.
Entrar no canal do Whatsapp