Mini Textos de Ana Maria Braga

Cerca de 39524 frases e pensamentos: Mini Textos de Ana Maria Braga

⁠Decisão -

Partiste sem quê nem porquê!
Triste devaneio, quase enlouqueci!
Sem ti, ceguei, esperar para quê,
se nunca mais te vi!

Sofri, esperei - tudo em vão!
Partiste, então, quase enlouqueci,
quase parou meu coração,
quase da vida me perdi!

E de repente alguém chegou ...
Outro olhar, outro gesto, outro Amar!
E esse alguém se declarou ...

Tremi! Tive medo! Mas pensei ...
Pensei, repensei e sentindo que te perdi,
decidi esquecer-te e aceitei!

Inserida por Eliot

⁠À Primeira Vista -

Que lindo, doce o teu olhar,
verde-claro como os prados,
lindo, doce esse lugar
que me deixa apaixonado!

Que lindo, doce o teu abraço,
como um fogo que consome,
arde, queima o meu regaço
quando penso no teu nome!

Que suave, leve a tua mão!
Teu sorriso de Cristal
fez bater meu coração ...

Que o paladar da tua boca
deu vida a minha Alma
meia viva, meia louca!

Inserida por Eliot

⁠Voz -

Certa vez, num tempo que não é daqui,
escutei perto de mim uma lânguida voz!
Alguém que antes nunca ouvi,
e que terna me disse:"Não estás só!"

Não era deste mundo
essa voz de oiro e de cetim,
tocou-me forte, bem fundo
e levou-me além de mim ...

Então prosseguiu:"As pessoas não
nos pertencem, fazem parte de nós!
Somos Unidades de Vida!" E tocou-me na mão ...

"Somos pedaços de Amor que algures se encontrarão,
à luz de um novo tempo, de vida e esperança
num Universo de Cristal e pura gratidão..."

(Para Maria Flávia de Monsaraz)

Inserida por Eliot

⁠Triste Perecer -

E amarrei um grito em mim
solto de vontades adiadas
que esbatem na Vida por aí
em bocas de Almas pouco amadas ...

Então, despertei cedo pela manhã ...
E o dia fez-se pranto,
o pranto esperança vã
e a esperança triste canto!

E longas agonias foram dadas
tantas horas diluidas
tantas vidas mal amadas ...

Já não basta adormecer!
Adormecer já não me basta!
Eu sou o Amanhecer ...

Inserida por Eliot

⁠Não interessa que o Homem se responsabilize pela sua Existência sem se debruçar sobre a sua Essência.
E não interessa que se debruce sobre a sua Essência sem se responsabilizar pela sua Existência!
Estamos e vivemos num mundo dual entre o Espírito e a Matéria, entre a Vida e a Morte, entre o Bem e o mal!

Inserida por Eliot

⁠Ferida Aberta -

Trago uma Vida marcada
a sangrar dentro do peito,
trago uma Vida traçada
por um destino sem jeito!

Ai prantos, dores, lamentos,
delírios, sonhos no peito,
ai em mim doce tormento
desde a rua até ao leito!

Desde o leito até à morte
desde a Alma até ao corpo,
ai minha Vida sem sorte
e tua sorte em estar morto!

Na minha cama de nada
sangra dentro o meu peito,
a minha Vida marcada
por um destino sem jeito!

Sem jeito é o tormento
que arrefece o nosso leito,
o teu louco afastamento
ferida aberta no meu peito!

Inserida por Eliot

⁠Regresso à Solidão -

Vou alto! Tão alto!
Quão alto me encontro!
Pela Vida, sem asfalto,
poeta vivo, poeta morto ...

E batem palmas
aos versos que me rasgam ...
Tantas, tantas Almas
que me escutam e aclamam!

E por instantes, não estou só,
instante que será breve,
tão breve que dá dó!

Súbito, viram costas, fica nada,
e eu, novamente só,
que dó, regresso a casa ...

Inserida por Eliot

⁠Cristo Oculto -

Não consigo sequer lembrar
quantas vezes de esperança perdida,
só, queria morrer, morrer e matar
a minha Alma vencida ...

E aguardava ... o momento iria chegar!
O fundo do poço, o fundo da Vida,
aí, onde iria morar,
casa sem tecto, esperança tolhida ...

Mas eis quando percebia
que estava seguro
por algo que não via mas sentia ...

Suspenso no ar por duas mãos
(dois braços abertos, um coração)
penduradas por dois pregos!

Inserida por Eliot

⁠Aquém e Além Morto -

Há em mim
um vazio oblíquo,
sufocante ...
E tudo tão igual, em torno,
em redor ...
Eu tão louco, tão constante
no rasgar da minha dor!
Interrogo-a! Não responde!
E escorre-me um ardor ...
Um calor! Um calor!
Procurar a Vida? Onde?! Onde?!
Calçadas, ruas e vielas,
tudo ausente, tão longe,
tão distante.
E tudo passa em surdina ... tudo!
Nada há. Só silêncio.
Como eu. Calado.
E meu corpo é marcado!
Agruras e lamentos,
estradas sem destino,
cujo o destino é o nada.
Sou eu! Absorto!
Minha pobre e velha estrada!
Meu lívido abandono, sombrio,
meu destino, tão frio,
de aquém e além-morto!

Inserida por Eliot

⁠Avenida -

Percorro passo a passo
a avenida da solidão!
Estou só, tão só
no meu cansaço,
que deixo pelo chão,
pedra a pedra, num abraço,
o meu malogrado coração ...
E porque me terá a morte
tão esquecido?! ...
Que esta Vida é triste sorte,
e minha morte,
é na vida estar vencido!
Tão perdido! Tão perdido!
Sem norte! Sem sentido!
Na minha solidão,
na minha loucura,
pela avenida, passo a passo,
deixo triste o coração ...
Lastro de um pecado,
de um erro sem perdão!

Inserida por Eliot

⁠Retrospectiva -

Alembro-me senti-la, inquietante,
era pequeno, mal me via,
mas era já poeta, errante!
Era linda minha Alma - e sorria ...
Depois, pela vida fui crescendo,
junto a uma cova a vi rezando,
sua história, antiga, sepultada,
tanto tempo, ainda assim,
a vi chorando, chorando ...
Fui crecendo, crescendo,
e ela, triste, infeliz, sem nada!
Na juventude dos dias, como herança,
morrendo, morrendo ...
Pobre, infeliz e desgraçada,
uma criança, uma criança!
Aos pés de Deus ajoelhada
pedindo termo p'ró tormento!
Mas só em ataúde fechada
um dia finda o sofrimento,
acreditava!
Breves dias, longas noites ...
Em que as noites eram dias
e os dias tristes noites!
Pobre fado! Pobre fado! ...
Flor doce e desfolhada,
poeta, apenas, mais nada!
A sorrir na vida entrei,
sofrendo, austero a caminhei,
mas sei, sorrindo a deixarei ...
Porque à hora de partir
terei no fim a liberdade
que nunca nesta vida encontrei ...

Inserida por Eliot

⁠Canta Fadista, Canta -

Canta fadista, canta
que o teu canto é solidão,
põe a Alma na garganta
e a garganta no Coração ...

Que o fado na garganta
sangra a Alma em solidão,
canta fadista, canta
que esse canto é oração ...

Fado é solidão, canto peregrino,
uma Alma noutra Alma
é fado, é destino!

Destino ou maldição,
canta fadista, canta
que o teu canto é oração!

Inserida por Eliot

⁠Os Astros -

Dos Astros o movimento
é a força do meu andar
é saber deste meu tempo
tempo de estar e não estar!

Roda que roda no espaço
lastro d'um Astro a passar
no cansaço do que faço
só faço por me encontrar!

Encontro, perco, reencontro,
começo, termino e recomeço ...
Eis a caminhada, grau-a-grau, ponto-a-ponto!

E passa um Astro e outro Astro
para tudo o que me acontece,
tudo vai e tudo vem, só minh'Alma permanece ...

Inserida por Eliot

⁠Abnegação -

Como podes tu, ó oportuno amor,
querer viver arreigado no meu peito?! ...
Não me queiras, sou chama sem calor,
casa sem família, solidão sem leito ...

Vai p'ra longe! Foge do meu corpo!
Procura taças que te inflamem, ó eterna formosura,
não meu corpo que JAZ morto,
que vive e acaricia a desventura ...

Vai enquanto é tempo, ainda,
procura um peito de címbalos doirados
que te expanda e deixe de LOUROS coroado!

Que eu sou vitima do Fado! E em mim,
rodeado de insípidos tormentos, só há cardos,
volupias, agonias e lamentos ...

Inserida por Eliot

⁠Objectivo sem Meta -

Um dia chorarei a solidão
como alguém que se regozija e alegra,
cantarei a dor do coração
como um mal que já não pesa ...

E serei verso inacabado
que termina e não acalma,
serei um passaro alado
que dissolve a própria Alma ...

Casas e vielas, serras e arvoredos,
poetas, fados, flores e montanhas ...
Tudo em mim! Já sem medos!

Mas estou só neste sentir!
E junto a mim, só há lodo, cinza e lama,
cinza, lodo, pó e chama!

Inserida por Eliot

⁠Constatação -

Deixei a Alma na fonte
esquecida à meia Luz
esperando o teu adeus
como um Cristo no monte
no alto daquela cruz.

Deixei a Alma enterrada
entre escolhos, desventuras,
tristes, negras palavras,
- de mortos -, negras viúvas
carpindo nas sepulturas.

Trago a vida destroçada
como um grito em noite escura,
que a Alma, doce, pressentida
trazia a vida mal-amada
num Fado de despedida.


P.S.) Meu caminho é por mim,
em mim e até mim, de mim a mim ...

Inserida por Eliot

Alma -

⁠Sou Alma sinuosa
de cal e madrugada
de lirios, alabastros
camélia cor-de-cravo
terna, doce, imaculada!

De alfazema e alecrim
sou jaspe de tristeza
cansaços de poeta
sou fado de cetim
cabelo negro pelas costas!

Sou Alma, sou amêndoa
sou loucura, coração,
sou garça, corpo esguio,
sou ausência e lamento
sou eu a solidão!

Inserida por Eliot

⁠Destinos Cruzados -

Procurei-te sem descanso pelas tardes dolorosas,
por cantos, recantos e vielas,
procurei-te no cair das esperanças amorosas,
ao vê-las desmaiar do alto das janelas!

Procurei-te recolhido nas noites tenebrosas
que ondulavam de agonias meu quebranto,
procurei-te loucamente nas auroras graciosas
cobertas de alegrias e de espanto!

E nunca ... nunca te encontrei!
Meus olhos frios como espadas
não sabiam o que hoje sei ...

Afinal, também me procuravas,
no chegar das noites orvalhadas,
no cair das tardes luminosas ...

Inserida por Eliot

⁠A Alma e a Noite -

Mais um dia cumprido!
O Sol findou no horizonte poente
dos meus ais...
E a noite vai nascendo!
Voo de sombra doce, brava, silenciosa ...
Hora de medo e espanto ...
Mudez falada, esperança vã, tremor,
agonia, quebranto ...
E baixo os braços, inclino o rosto,
meu corpo de cansaços, feito de versos,
de rastos, procura a Alma sem descanso.
Mas só resta espasmo e quimera, saudade
e solidão ...
E a Alma ... e a noite ... adensam-se!
E pesa a vida... e ruge a morte ... e as gentes!
Presença intangível ... devaneio e desgraça!
Frio e remorso ferem-me os sentidos,
gritam em silêncio no eco desta praça ...

Inserida por Eliot

⁠Inesperado -

(Revendo alguém a quem amei...)

Entrei!
E à margem da esperança
estavas tu - sem mim...
Alguém a quem amei!
Fui ... passei ...
Fingi que não notei!
Sim. Amanhã talvez já seja tarde.
Mas hoje è cedo demais - ainda ...
Como te posso perdoar?
Esse asilo infame,
despojado ao abandono
a que me condenaste!!!
Eu quero! Mas não posso - ainda ...
E cai o muro da nossa Història.
E meus dias, breves,
fogem pelos dedos, como agora.
Esta hora ...
Este agora em que também estás,
mas que, breve, tão breve, findará ...
Fomos breves! Somos breves!
Mas é longo este breve exacto ...
Dois impossíveis que somos.
Sim. Amanhã talvez já seja tarde,
mas não esperes,
pois nunca pedirei ao teu Amor
que me aguarde ...

Inserida por Eliot

✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.

Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.

Entrar no canal do Whatsapp