Mini Textos de Ana Maria Braga

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⁠Ausência de Luz -

Caroço d'Alma,
duro, rijo, obscuro ...
O que dentro é Centro,
veneno, puro ...
Inconsciente em permanência,
incapaz de ser doado,
sem Vida nem ardência,
num corpo, fechado ...
Coração parado, louco de dor,
sem forma, banal,
intenso, breve, incolor,
preso, ao leito, afinal ...
Um peso, imenso, aninhado,
ao peito - sem jeito - sem jeito!
E a noite vem!
Lua pura, densa, escura,
luar d'Agosto, lâmina quente
em fogo posto!
E quem ousou este destino?!
Quem o fez, tão triste,
tão sensível?! ...
Sonhos presos, pousados,
na teia dos sentidos.
Só não entendo o que há em mim
de tão achado, tão perdido
e impossível ...

Inserida por Eliot

⁠Por onde ir -

Deixem-me passar por onde quero
que ali jamais alguém passou ...
Deixem-me ir que eu desespero
como um pássaro que não voou ...

Não quero que me digam aonde ir!!!
Por certo que ao dizerem, não irei,
não importa que m'implorem, podem pedir,
só por mim um dia me perderei ...

Não, não irei!!! Nem mãe, nem pai
me disseram aonde ir! Não deixei!
Só se conhece, quem só, sabe aonde vai...

Guerra, dor e espanto! Dizem que os matei!
Que encanto! Pois que morram todos os que castram
a Liberdade de quem a vive como Lei!!!

Inserida por Eliot

⁠Não quero ser Destino -

Eu não quero ser destino!

Coisa vaga, sem sentido,
perdida ao longe,
num latido.
Eu não quero ser aquele
que a Vida não abrange ...

Eu não quero ser destino!

Corpo velho,
Alma nova,
gente em desatino,
que fica ali esperando,
que ali fica a chorar,
ali também dançando ...

Eu não quero esse destino!

Tão pouco! Tão nada!
Um brilho quase felino...
D’olhos que apenas
vão fitando!
Fitando o desespero,
que aos poucos,
instalado,
destrói a expectativa,
deixa a amargura,
a triste sina,
o desespero
e a desilusão, perdura ....

Por isso não quero ser destino!

Eu sou um’ Alma rouca!
sem destino ...
Uma graça pouca!
Em desalinho ...
Uma cabeça louca!
Sem tino ...
Só não quero ser destino!
Só não quero esse fadário!

Mas não querendo sê-lo,
na verdade, sou-o já!
E sou-o de pequenino ...
Eu sou esse calvário!
Eu sou esse destino!

Inserida por Eliot

⁠Avó Amada -

Avó, não fique assim prostrada,
cheia de medos a rezar por mim!
Aos pés-de-Deus, permaneça sim, ajoelhada,
apenas numa entrega d'Amor sem-fim ...

Sem fim e sem começo, pela fria-madrugada,
sempre a vi rezando assim ...
Tristemente murmurando, Nada,
ó Deus, nada mais existe em mim!

E que dizer ao ouvi-la tão magoada?!
Entre penas, a chorar, aqui eu vim,
mostrar o quão foi por mim amada!

Pois sempre guardarei sem fim,
a imagem, junto à cruz, ajoelhada,
da Avó amada de oiro e de cetim ...


(À Avó Clarisse.
Esposa, mãe, amiga e Avó extremosa)

Inserida por Eliot

⁠Na Estrada de Monsaraz -


Ao volante da Vida
caminho na estrada
de Monsaraz ...
Ingreme, deserta, nocturna,
- como eu, sem Paz -,
em busca d'aconchego!

E que ternura me faz
ver Monsaraz iluminada ...
Meu velho-barco da infância,
sem porto nem estância!
Tão só, me sou, na sua estrada ...

E quem diz não viver só
é porque mente!
Nascer e viver
é caminhar p'ra morrer!
E isto toda a gente sente ...
Quem o diz, vive a sofrer!
Quem o não diz, é porque mente!

Há em mim esta inquietação
sem Vida nem sentido ...
Um desespero, uma infinita tentação,
que me tolhe a Vida sem perdão.
E fico perdido na estrada de Monsaraz,
sem vida nem sentido, alegria ou paz!

Inquietação antiga, ancestral,
já vivida por meus Pais,
já vivida por meus Avós ...
Entre o Bem e o mal,
ó Alma, aonde vais,
se viver a Vida é viver só!

E subo, subo a Monsaraz ...
Meio só, meio perdido,
sem saber aonde vou!
Só sei que busco Paz,
que meu Ser se vê vencido
e que já não sou quem sou!

E Monsaraz que me dirá?!
Interrogação sem propósito,
ângustia por nada!
Alguém, algures me esperará?!
Cheguei! Acabou o depósito ...
E sigo a pé, por Monsaraz, de Madrugada.

Na estrada de Monsaraz, à noite,
exausto de mim mesmo!
Na estrada de Monsaraz, ante a morte,
a tristeza enlouquece-me o desejo!
Na estrada de Monsaraz, tão perto de Monsaraz,
tão longe do Fim, minh'Alma perdida ...
Que a estrada de Monsaraz, é para mim,
a própria estrada da Vida! ...

Inserida por Eliot

⁠Estradas -


Estou só e só me vejo!
Só me sinto e caminho!
Tão só com meu destino,
esperança perdida,
vento suão,
por vezes vencida,
asa quebrada,
ilusão ardida
na cinza do chão ...

E não sei aonde vou!
Ai não! Ai não!
E porque não sei -
- sofri - pequei!
Perdão! Perdão!

Estrada deserta,
ao dia tão seca,
à noite tão fria.
Minha triste, pobre
e velha estrada!
Tão amada! Tão amada!

Não foi isto que sonhei!
Ai não! Ai não!
Senhor, se te não oiço,
perdão, perdão ...
Que de Ti me não vem
menor consolação!

Ai meu Coração!
Um grito! Soou!
Meu triste, pobre
e solitário Coração ...
... sem perdão, sem perdão …


E Vou:

da estrada do Outeiro
à estrada de Monsaraz,
de Monsaraz ao Telheiro,
do Telheiro ao Outeiro,
do Outeiro até Évora -
- e agora?! Aonde irei?! –

D'Évora a Lisboa,
de Lisboa ao Infinito
que minh'Alma voa ... voa...

Inserida por Eliot

⁠Cantam os pássaros nos beirais
Ansiando a asa que os faz voar
E no cantico das folhas da velha árvore
Adormece a terra na canícula da tarde
Cheira a alecrim do monte e a jasmim
A alfazema enamorada da rosa de alexandria
Embebeda-se dos seus exóticos aromas
No banco de madeira envelhecido pelo tempo
Solitário e pensativo
Sofre o poeta na incessante busca dos seus ideais
Sede que lhe seca as veias
Lhe aperta a garganta ...
E chora lágrimas apertadas junto ao peito
A calma e o silencio são tormenta
Solta-se o grito de alma e em convulsão escreve a vida incompreendida do poeta

Inserida por maria_ceu_alves

⁠Eu, Tu e a Lua

Vejo a luz da lua nos teus olhos brilhantes
E caminho devagar para aquele lugar distante
Espaço intergalático onde as nebulosas se perderam
E ficamos dependendo só das estrelas
Brilhamos com o luar que nos cobre e nos conforta
Ao mundo lá fora decidimos fechar a porta
Mágica e companheira
Que nos deixa abandonados, entregues à noite inteira
Plenos de música em orgão de catedral
Seremos o amor intemporal
Para lá da mágica porta a vida continua
Mas neste lugar feiticeiro...eu, tu e lua!

mca

Inserida por maria_ceu_alves

⁠Do Peito -

Coração, Coração vê se repousas.
Que buscas em intenso galopar?!
Essa louca correria em que te lanças
onde queres que te vá levar?...

Mortos são os Lírios da Esperança
que tiveste a ventura de sonhar,
mortas são a graça e a bonança,
filhas do teu triste chorar …

Que procuras encontrar tão ansioso?!
Nada há que seja luminoso
nessa densa escuridão onde vagueias …

Repousa Coração, estanca o teu penar,
abre o teu destino e vai Amar, Amar,
sente o que é viver no calor das tuas veias.

Inserida por Eliot

⁠Além daqui -

Por vezes oiço ainda ao ouvido,
uma voz, densa, obstinada,
que sussurra, calma, uma toada,
desde quando era nascido …

Agora, longe dessa voz, vinda do além,
sinto calma, sinto Paz, porque é calada,
essa Alma, infeliz, intima, fechada,
que foi outrora, minha amada, também …

Quem era - não sei!!! Dizia coisas derradeiras!
Palavras intuídas que por vezes eram primeiras,
imersas em pouca claridade .

Por vezes, palavras-frias de Sol e harmonia,
outras, pesadelos-de-saudade, da morte qu’inicia
o místico caminho que dá vida à Eternidade.

Inserida por Eliot

⁠Luz Extinta -

Sempre junto a mim em mim desperto
a graça e a desgraça deste Mundo!
Esperança e saudade, tão longe e tão perto,
Luz extinta que não sinto ver ao fundo …

Numa densa ansiedade, passo incerto,
buscando uma verdade, intensa que procuro,
alegria e tristeza, eis que desperto,
nesse vazio é onde perco e me perturbo.

Luz fugaz, fugaz contentamento,
fugidia esperança dum momento
que premeia a vida percorrida!

Mas porquê tanto anseio em maré alta?!
Se a única verdade que não falta
é a certeza imberbe d’outra Vida…

Inserida por Eliot

⁠Regicídio -

Numa intensa tristeza, lamento profundo,
no silêncio das Almas, quente e perturbante,
ecoa ao longe, no Palácio da Pena, uma voz distante,
um grito de dor que abrange todo o Mundo …

Vai morto El-Rei a passar! E num eterno segundo,
seu filho, também. Atrás, D. Amélia, palpitante,
de véu negro sobre o rosto, num silencio cortante!...
Piedosa Senhora que leva cravado um punhal tão fundo!

Quão triste e penosa, quão amarga a vossa sorte!
Que até o Mar reza calado, orações de morte,
em severas toadas de límpido cristal …

Ó Senhora tão sozinha, perdoai esta gente fria,
que ao matar aquelas vidas não via que vos feria …
Que agora, a Pátria d’El-Rei, será o Céu de Portugal!


(Ao Regicidio de El Rei D. Carlos e do Principe D.Luis.
Ao Sofrimento da Rainha D. Amélia.
1 de Fevereiro de 1910. Lisboa. )

Inserida por Eliot

⁠No Altar de Deus -


Disseram-me certa vez:
quando um dia tiveres triste, põe,
no Altar de Deus, se crês,
as tuas aflições ...

É a grande dignidade
que ao Homem assistirá,
única integridade
que sempre o salvará!

E assim é, assim será!
Vem a morte, vem a Vida
e nada o destruirá!

Passa a dor, vem agonia, vai lamento,,
e sua ilusão, coração, Alma perdida,
sempre encontra novo-alento ...

Inserida por Eliot

⁠História Perdida -

Tantas voltas dá a Vida,
tantas Vidas dão a volta,
nossa História está perdida
como um filho que se aborta.

Esperei por ti todas as horas
sem saber onde procurar,
mais triste que as demoras
é não saber onde t'encontrar!

Talvez te encontre pela Vida,
minh'Alma, meu amante,
minha calma fugidia ...

Resta em mim a solidão,
vazio-de-ti, memória-errante
que me escorre do Coração ...

Inserida por Eliot

⁠Psicografia -

Triste, só, aqui, sem ti,
olhar vazio e nada mais,
em que tempo te perdi,
diz-me aonde vais?...
Triste, só, aqui, sem ti,
olhar vazio e nada mais!

Dolência fria em meu corpo,
suplício aceso na saudade,
mar-alto sem ter porto
sem tempo nem idade!
Dolência fria em meu corpo,
suplício aceso na saudade!

Tristeza sem destino,
agonia e quebranto,
foi-se a Vida, vai-se o tino,
fica a Alma neste canto!
Tristeza sem destino,
agonia e quebranto!

Inserida por Eliot

⁠Demora -


Tua partida foi em vão,
meu corpo anseia os beijos teus,
sem ti, em solidão,
não há nada, não há Deus ...

Recordo o teu sorriso,
o paladar da tua boca,
triste, só e impreciso,
nada mais me toca ...

Talvez não penses mais em mim
ou não esqueças quem te ama,
pode ser um triste-fim
ou renascer de outra chama ...

Passa a Vida hora-a-hora,
eu perdido neste cais,
escrevo frágil à demora
pois não sei se voltas mais...

Inserida por Eliot

⁠Corte -

Falas de nós dois
como se tivéssemos
existido!
Eu e tu, naquela Vida,
nunca fomos realidade ...
Saudade perdida ...
Fui eu qu'imaginei,
iludi-me e inventei
aquilo que não fomos!
Agora terminou - assomos!
É o fim do que nunca
começou!
Vou dormir ...
Que amanhã, ao despertar,
de ti, nem tornarei
a recordar!...

Inserida por Eliot

⁠Cego e Possuído -

Perdido em devaneio
só a morte me apetece
que o Amor nunca veio
nesta Vida que acontece!

Nada há nas minha veias
a caminho do Coração!
Estou preso por mil-teias
de loucura e solidão ...

E a quem devo pedir perdão
por não saber o que fazer
deste inútil Coração?!...

Só me sei aqui perdido,
não sabendo o que dizer,
tão cego e possuído! ...

Inserida por Eliot

⁠Hora Oblíqua -

Teu silêncio è p'ra mim nocturno tempo,
áspero, sem cor, onde rostos perdem o sorriso!
Teu olhar, folhas secas, sulcando ao vento,
num Outono doloroso, àquem do Paraiso...

Minh'Alma é tela que se rompe!
Teu silêncio, punhal que a rasga sem pudor ...
Cadaver que terra-fria não corrompe,
meu destino, sem vida, incolor ...

Chovem ódios - não lá fora - mas em mim...
Sou a hora! E a hora é pura solidão!
Alegria que perdi daqui até ao fim ...

Hoje fica o teu silêncio no ventre deste pranto,
e este pranto, é p'ra mim, dor/separação ...
Teu silêncio é meu lamento e eu lamento este canto!

Inserida por Eliot

⁠Não Pensei que Viesse -


Não pensei que viesse
na bruma da noite!
E meu corpo de espuma
fez-se de espanto.
Aquele desidèrio,
triste -quebranto,
ausencia, distancia
de quem amargou,
em espaços etèreos,
de repente, dissipou...

Não pensei que viesse
na bruma da noite!
O medo desfez-se,
a ilusão ardeu...
Dores, cansaços,
tudo desvaneceu!
No leito o aconchego
em cama de linho,
cobriu nossos corpos
como manto d'arminho.
Seus braços, intimos, lassos,
abraçaram meu corpo
"colaram" meus cacos...

Não pensei que viesse
na bruma da noite!
Agora partiu,
minh'Alma adormece
na Paz que sentiu...
Meu corpo de silêncio,
intimo, calado,
exala seu odor!
Não pensei que viesses
na bruma da noite!
- meu Amor ... meu Amor -

Inserida por Eliot

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