Mini Textos de Ana Maria Braga

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⁠Rosas e Luar -

Nestes dias esquecidos e calados
em que os olhos parecem não falar
neste tempo de silêncios magoados
trago fome de Rosas e Luar.

Nestas horas vestidas de saudade
em que se ouve tanta gente a soluçar
trago cinzas cobertas d'ansiedade
e tanta fome de Rosas e Luar.

Nas espáduas do destino está a esperança,
em mim, só há fome de Rosas e Luar,
há falta de alegria e confiança ...

Já nem as pedras me suportam ao passar!
Para mim não há vida nem bonança,
só há fome de amor, de Rosas e Luar ...

Inserida por Eliot

⁠Asa Quebrada -

Sou um pássaro ferido
num voo de asa quebrada
sou um filho esquecido
numa casa abandonada.

Sou andorinha sem ninho
que se perdeu da Primavera
passageiro sem destino
que da Vida nada espera.

Ai de mim que estendo a mão
numa agonia profunda
ao embalar a solidão
num barco que se inunda.

E o que fica não sou eu
nem tampouco o que escrevi
fica a dor que Deus me deu
do que sonhei e não vivi.

Inserida por Eliot

⁠Chorar alguém -

Quem morre ou vai embora
eis que nunca levará
a saudade de quem chora
e se arrasta em vão por cá.

A saudade é triste e sã
porque a morte é longa e fria
mas que loucura tão vã
chorar alguém dia-a-dia.

E já que a morte é nossa
e o silencio que ela traz
que a vida dê mais força
a quem fica só por cá.

Inserida por Eliot

⁠Hora de Revolta -

Mais um dia igual aos outros ...
Passa o tempo e nada traz ...
Sinto que vivo entre loucos ...
E que a vida nada mais me dá!

E o porquê de tanta crueldade?
Olhos miseráveis sem compaixão
pejados de vazio e de maldade
que vestiram no meu corpo a solidão!

Porquê?! Porquê?! Porquê?! Malditos
sejam eles e as suas descendências!
Hão-de pela vida comer meus gritos!

Hão-de tristemente enlouquecer
como praga que os consome em ardências,
e eu, vivo ou morto, hei-de ver ...

Inserida por Eliot

⁠Àquela quina -

Àquela quina da cidade
onde a mágoa se alevanta
moro eu, mora a saudade
e também Florbela Espanca.

É o nome da Praceta
ali de fronte à minha casa
que um dia foi eleita
pelo nome que hoje abraça.

E porque escuto a condenada
que tanto fala na Praceta?!
Tantos versos pela estrada.
Uma voz que não se deita.

Inserida por Eliot

⁠Até Quando -

Vou beber da tua boca
ai amor que timidez
e que loucura tão louca
saber que a vida é tão pouca
para te amar outra vez.

Vou beber do teu silêncio
vou bebe-lo à tua voz
e que verdade tão pura
acreditar na loucura
d'um dia a menos tão só.

Meu amor dos olhos negros
que te afastas como a sorte
leva a tristeza que tenho
que trago em mim e sustenho
tal qual o medo da morte.

E levo aos ombros um tormento
que me arrasta pelo chão
não ter outro pensamento
não ser mais que este lamento
que dá meu corpo à solidão.

Ai amor o meu olhar
tão longe do teu porto
passa a vida a procurar
e quantas horas a chorar
só pensando no teu rosto.

Há tantas dores naufragadas
que ninguém pode aconchegar
tantas lágrimas cansadas
tanta gente abandonada
que está no fundo do mar.

Inserida por Eliot

⁠Um ser errante -

Naquela Janela de fronte
há uma vida aprisionada
sem vontade nem horizonte
de voltar a ser amada!

Na verdade um Ser errante
alguém por trás de uma prisão
que entre as grades delirante
já não pensa em salvação!

E em que mais pensa aquele ser,
naquela Janela de fronte,
que ao fim do dia posso ver?!...

Não pensa mais do que penso eu
que em liberdade constante
me sinto preso neste breu! ...

Inserida por Eliot

⁠Revelação -

Um pintor pôs numa tela
um lamento por adorno
fez do mar uma aguarela
na pressa de ter retorno.

Um poeta pôs nos versos
a saudade endiabrada
mas o mar secou-lhe os beijos
no frio da madrugada.

Um fadista pôs no canto
a mentira de um amor
mas na voz ficou-lhe o pranto
que fica depois da dor.

Como as ondas que se enrolam
do mar alto até à margem
minhas dores já não pesam
são no mar uma miragem.

Inserida por Eliot

⁠Pedido de Amor -

Dá-me os teus olhos profundos
que eu dou-te os meus em troca
como os teus não tem o mundo
nem mesmo um santo de roca.

Quando estamos separados
passa a vida, passa o tempo
e meus olhos magoados
duas pombas ao relento.

E deixa tudo se apagar
até meus sonhos vencidos
lá dentro do teu olhar
estão os meus olhos perdidos.

Quando um dia eu partir
não me chores por favor
ter vivido sem sorrir
já bem basta meu amor.

Inserida por Eliot

⁠Em minha casa -

Procuro em minha casa
encontrar alguém que me oiça
pois minh'Alma não fala
mas pensa tanto, tanta coisa ...

E o que fala ninguém ouve
o que sente também não
entre uns pratos de couve
só há copos de mão em mão.

Tantos segredos sobre a mesa
nas cadeiras lado a lado
e o que dizer da sobremesa
só há medo em cada prato.

Não se fala! Não se entende!
Foi azar ou foi engano ...
É tão diferente da gente
que nem parece um Ser Humano.

Inserida por Eliot

⁠Detalhes -

Naquela casa ao fundo
vim à vida como sou
e lá morreu o meu avô
num silencio profundo.

Alta noite em solidão
passa a vida em sopro lento
passo eu e passa o tempo
só não passa o coração.

Faz doer lembrar que a morte
nos deixa secos e tão sós
naquela casa , por sorte,
sempre lembro os meus avós.

E quando um dia eu partir
não me chorem por favor
já me basta toda a dor
de ter vivido sem sorrir.

Inserida por Eliot

⁠Retaguarda -

E há dilemas que habitam o vazio
há vontades no corpo dos passantes
há verdades que sentimos como frio
e mentiras que nos fazem ser errantes!

Há desejos que nos ocultam cada culpa
induções que a poesia tanto aguarda
cada dor que nasce de uma luta
é um verso que está na retaguarda!

E tudo o que há em mim vem da poesia
da fome que o meu corpo me trazia
na vontade d'ir além do que é doer!

E há em nós uma ingente melancolia
talvez um cansaço que pesa o dia-a-dia
na indomável loucura que é viver!

Inserida por Eliot

⁠Sem resposta -

Porque trago um coração
com vontade de parar?!
Porque trago a solidão
dos meus dedos a pingar?!

Porque trago no destino
tantos fados p'ra cantar?!
Tantas pedras no caminho
como dores p'ra chorar?!

Porque sinto esta agonia
como sendo o próprio frio?!
Esta noite que é meu dia
nas margens do vazio?!

Estou cansado de estar só
d'ir aos tombos pela vida
digo adeus calando a voz
só me resta a despedida!

Inserida por Eliot

⁠Há Páginas -

Há páginas em branco
no meu peito, por escrever,
mas é triste, sou-vos franco,
porque afinal ninguém quer ler.

É pesado o meu destino
num silêncio a doer
eu tão só pelo caminho
sem saber o que dizer.

Há no livro do meu Ser
tantas linhas por traçar
e da saudade de te ver
tantos versos por acabar.

Inserida por Eliot

⁠Quando o sonho se Revela -

Quando o sonho se revela
eis que tolda o pensamento
e lá no Céu há uma Estrela
que alivia o sofrimento.

Mas aquele que não sente
que o sonho mata a solidão
é levado na corrente
de quem perde o coração.

É poço sem ter água
é nascente sem caudal
alguém que leva a mágoa
da criança sem Natal.

Quem sente e nunca fala
quem não fala do que sente
no silêncio em que resvala,
fica só, inteiramente.

Inserida por Eliot

⁠Amnésia Parcial -

Não encontro palavras
que definam o meu estar,
o meu corpo sem asas
sem paz nem lugar.

Já não vejo o caminho
que me tire daqui
o meu estar é destino
do sonhar me perdi.

E perdi-me de mim
de quando um dia nasci
e já não sei, por fim,
se vivi ou morri.

E há palavras vazias
a bailar nos meus dedos
uma dor que eu não via
no meu corpo de medos.

Inserida por Eliot

⁠Consequências sem sequência -

Já fui mais novo
já tive mais esperança
sinto-me morto
e sem confiança.

Restou tão pouco
do que foi meu sonho
que o amor d'um louco
em nada o ponho.

Que saudade a minha
de quem fui um dia
quando nada tinha
quando nada via.

De mim para mim
o amor disponho
nada sou por fim
perdi-me do sonho.

Inserida por Eliot

⁠Pensei ter Asas -

Trago um vazio
talvez um frio
dentro de mim
um Amor Maior
que sei de cor
uma dor sem fim.

Trago um segredo
viver do medo
que nos dá a vida
destino ardente
Fado inclemente
minh'Alma ferida.


REFERÃO:

Pensei ter asas
p'ra voar p'lo cais do Coração,
mas meu voar, perdeu a confiança,
pensei ter asas
p'ra rasgar a solidão,
mas fiquei triste e vazio, e a dor, a dor é tanta!


Ando p'la rua
com a Alma nua
já não m'importa
que toda a gente
saiba o que sente
uma Alma morta.

Que mal profundo
que neste Mundo
já não me larga
que no meu seio
sinto e não creio
que o amor é nada.

Inserida por Eliot

⁠Eco de Mim -

Tenho fome de palavras e olhares
nestas horas de tanta ansiedade
em que se escutam horizontes e pesares
gritando no silencio da saudade!

Tenho fome de sentir o teu amor
como as fontes pelos campos a jorrar
e já não sei como arrancar de mim a dor
que nasce por quem só te quer amar!

Inserida por Eliot

⁠Pressa -

Nada é o que devia ser!
E o destino tem pressa,
tudo passa, embora peça,
terei um dia de morrer!

E eu sou o que sou
mas o que sou não chega
e a minh'Alma vive presa
por afinal ser quem sou!

E quem sou eu, por meu mal,
nesta pressa de saber
se sou alguém afinal?! ...

E se há noite no coração
o que tenho eu a perder
se vestir agora a solidão?! ...

Inserida por Eliot

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