Mini Textos de Ana Maria Braga

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⁠Raiva e Solidão -

Trago em mim a solidão de um dia triste
trago a raiva de uma noite que não chega
trago a ânsia que me escorre, que persiste,
minha taça de veneno e incerteza.

Meu cálice de piedade e solidão
são as horas que te espero e tu não chegas,
a raiva que me aperta, amarga o coração,
derrama no meu peito flores secas.

É raiva, é loucura, é tormento,
desde aquela hora triste em que te vi,
um cavalo que me sulca o pensamento,
num galope, num passar, longe de ti.

Trago as dores de um poeta que se cala
trago em mim um sofrimento sem perdão
na distância dos teus olhos, que me embala,
agonia é silêncio, raiva é solidão.

Inserida por Eliot

⁠Destino sem Rumo -

A minha voz ao cantar
traz um lamento desfeito
é como as ondas do mar
que se enrolam no meu peito.

Canto um fado e outro fado
numa saudade sentida
trago o destino marcado
e a minha vida perdida.

Cantar é saber da vida
o que a vida sabe do mar
quando a vida está perdida
outra vida há que esperar.

À deriva p’la cidade,
procurando outro caminho,
não me deixo ter saudade,
quem se vai, segue o destino.

Inserida por Eliot

⁠Brevidade do Tempo -

A vida é breve ...
A vida é curta ...
E não há tempo suficiente
para perceber a ligação
entre todos os acontecimentos
que vivemos!
Há que decidir! Caminhar!
Ir em frente! Avançar!
Estar inteiros em cada instante
e em cada momento de vida
por onde passamos.
É só isso que nos resta.
Cada momento como sendo unico
e ultimo ...

Inserida por Eliot

⁠Meu Estar ... agora -

Agora só num mundo que me apavora ...
Agora só numa ângustia que me bebe ...
Agora só no pulsar da Vida ...
Agora só! Tão só! Que dó!
Dois lamentos, dois destinos,
dois corpos que se entrechocam
no passar das coisas vãs ...
Um é meu! Outro da vida!
Agóra só! Tão só! Que dó!
Nada é longo! Tudo é breve!
Como a morte que sucede
ou a vida que arrefece.
Agora só! Que dó!
À chegada e à partida - sou nó!
Tão só! Tão só!
E alembro os olhos verdes,
espelhados, sem fim,
de uma aurora que me criou!
De uma "velha" que me amou
numa infância JAZ morta.
Minha Avó! Minha Avó!
Que é morta - também!
Estou só! Tão só! Que dó!
Partiu! Não volta!
Minha Avó! Minha Avó! ...

Inserida por Eliot

⁠O Partir da Alma ... dialogo -

ALMA:

- No enlouquecer da tarde fugidia
quem me dera morrer no dia,
ir além, à bravura dos horizontes,
cortar a vida, atravessar as pontes.
Estou só na escuridão dos dias!
Tão só à Luz da noite.
Só há vazio e nada!
Tudo é turvo em meu redor.
É negra a hora ...
Vou-me embora ...
Vou-me embora ...


CORPO:

- E aonde vais ó Alma minha?!


ALMA:

- Não importa! Não importa!
Vou-me embora! Vou-me embora!


CORPO:

- E porque vais? Porque vais?
É mal da vida? É mal d'amar?


ALMA:

- Qu'importa? Qu'importa?
Vou-me embora! Vou-me embora!


Corpo:

- E onde está a esperança?
E onde está a vida?


ALMA:

- Está morta! Está morta!
Vou-me embora! Vou-me embora!


CORPO:

- E Deus? Que lhe fizeste?!


ALMA:

- Morreu! Morreu!
Vou-me embora! Vou-me embora!


CORPO:

- Nada há que te apegue à vida,
nada mais t'importa!
Então Alma, parte, é hora ...
... vai embora ... vai embora!


ALMA:

- Nada me deu a Vida!
Irei ... sem pena ... sem demora ...


DEUS:

- E eis que a Alma, nessa hora, partiu,
JAZ MORTA, JAZ MORTA ...

Inserida por Eliot

⁠Queixas de um Espirito Revoltado -

Viver o tempo que passa
pregando a dor ao chão
é loucura, é desgraça,
é mastigar o coração.

Apodrecer as raizes
d'um internado que é louco
é lamber as cicatrizes
de quem vai morrendo aos poucos.

Cão vadio porque me ladras
se só quero a tua festa,
já que somos desta raça,
ser vádio é o que nos resta.

E o que dizer da ilusão?!
Que não há corpo nem memória,
não há Espirito, oração,
que lhe possa ter vitória.

Nas veias do pensamento
corre o sangue da solidão
num pensar quase tormento
que nos tolda a razão.

À sombra dos nossos corpos,
projectada na parede,
passa o sonho de estar mortos
de que temos tanta sede.

Somos filhos, rejeitados,
de uma mãe que nos gerou,
somos mortos, condenados,
por um pai que nos matou.

Somos corpos mutilados
pelo tempo que passou,
do rosto que nos foi dado
nem o lastro lhe ficou.

Dão-nos um lamento sem fim
no crispar da persistência,
mas porquê de sermos assim
numa longa inocência?!

Não há verdade nem glória
numa vida sem enredo
não há clareza na memória
de não vivermos com o medo.

Em espartilhos de ferro
num destino que é constante
condenados ao enterro
estamos todos lá à frente.

Como os troncos que são tortos
é pesado amar os vivos,
vou-me embora com os mortos
em velórios proibidos.

P'ró pensar que me desgraça
talvez não tenha solução,
que por mim a vida passa
pregando a dor ao chão.

Inserida por Eliot

⁠Doce Madrugada -

Numa noite, madrugada,
minha triste solidão
que me vive além do tempo,
numa cama já cansada
de esperar teu coração
enlaçou meu pensamento.

Eu dormi no teu silêncio
e acordei este lamento
minha doce madrugada,
meu amor, triste silêncio
meu amor este tormento
não me deixa ver mais nada.

Tua falta, meu amor,
arrefece a confiança
torna grande o meu cansaço,
ai da vida a minha dor
que me deixa sem esperança
na esperança de um abraço.

A minh’Alma tão cansada
já não pode mais fingir
que não está de si perdida,
adeus, triste madrugada,
vou-me embora, vou partir,
p’ro outro lado da vida.

Inserida por Eliot

⁠Toada -

Tenho em mim uma ilusão
no raiar da madrugada
vou salvar meu coração
ao cantar esta toada.

É um fado que me eleva
numa esperança que se ergue
dessa dor que tudo leva
já mais nada me persegue.

Desse Amor perdi o jeito
já nem lembro o seu olhar,
não o quero, não aceito
que me torne a enganar.

Vem a sorte e vem a vida
em seguida outro amor
nunca mais estarei perdida
por quem não veja o meu valor.

Outro amor há-de chegar
é a minha confiança
corre a vida sem parar
e com ela a minha esperança.

Inserida por Eliot

⁠O que Nunca te Direi -

Minha vida, sete dores,
à deriva pelo peito,
sete esperanças, sete flores,
que lhes tomam o jeito.

Se eu te pudesse contar
o que nunca te direi
tu ficavas a falar
deste amor a que me dei.

A tristeza ao cantar
vem da saudade sentida
nunca quis saber rezar
nesta ângustia desmedida.

E por este sentimento
que me consome no leito
tenho pena e lamento
trago estas dores no peito.

Inserida por Eliot

⁠Triste Balada -

Ái minha vida perdida
que a vivi n'outra vida
minha dura memória!

Ái meu lamento sentido
meu punhal desabrido
sem tempo nem glória!

Ái minha história doida
meu lastro de ferida
na raiz da memória!

Ái minha vida sem nada
de nada marcada
verdade sem história!

Meu caminho sem estrada
minha triste balada
na dolência da Vida!

Inserida por Eliot

⁠Do Nascimento à Vida do Poeta -

Numa tarde quente de Abril
minha mãe levada a parto
sofreu venturas mil
ao parir-me nesse quarto.

Nasci em dia sem razão
dum porquê que me transcende
a Vida comeu-me o coração
como um verso que nos prende.

E assim no quarto escuro
da minha longa podridão
nasci velho prematuro
com mil facas na mão.

E na verdade que perdura
num presente que é ausência
meus olhos de loucura
eram filhos da demência.

E sentia um vazio
que não podia compensar
minha mãe que me traiu
deu-me à vida p'ra penar.

Havia em torno Primavera
mas em mim era Inverno
ter morrido, quem me dera,
estava longe deste Inferno!

E o Pai que nunca tive
foi carrasco do Poeta,
mas quem sofre e sobrevive,
se não morre, recupera ...

A esperança estava a meio
entre os dois que era eu
e a metade de estar cheio
foi a dor que não doeu!

É o amor exactidão
p'ró destino indisponivel
mas quem sabe se a razão
não liberta o impossivel!

E p'ró mistério de chegar
fui matando a paciência,
fui levado a deixar
tão cedo a inocência ...

Fui velho ao nascer
num sangrar até doer,
velho sou e hei-de ser
sempre velho até morrer!

Inserida por Eliot

⁠Outra Perspectiva -

Entre mim e a vida há outra perspectiva!
Uma angustia ou realidade que se põe
num lenço que me açena à despedida.
Uma partida indiscreta que se impõe ...
A partida é agora, o destino é ser Poeta!

Da aurora sem sentido que nasceu
vejo as vagas ondas que m'inspiram,
sinto o outro Eu que deixei e se perdeu
nos versos dos Poetas que morreram ...
A viagem não tem fim, a chegada sabe Deus!

Na calma indiscreta d'uma vida a navegar,
levo o barco do tormento pelo mar da solidão
e não encontro aquele porto ainda por achar
que amarra o pensamento ao cais do coração.
É o punho do Poeta aliado a um lamento!

Inserida por Eliot

⁠À Beira de um Poema -

À beira de um poema
lembro a noite que então havia ...
Fecho os olhos, morre o dia,
onde foste coração
num morrer que me doia?!
À beira de um destino
fui além do meu tormento
sem verdade nem tino
com a cruz no pensamento!
Num sentir que me tortura
num viver que não sentia
sobre a minha sepultura
nem uma cruz havia...

Inserida por Eliot

⁠A Culpa do Poeta -

Minha mãe eu sou poeta
num mundo sem sentido
a lágrima d'um Touro, (asceta)
que da manada está perdido ...

Não estou vivo nem estou morto!
Minha mãe que culpa tens?...
Não tens culpa deste aborto!
Diz-me ó morte quando vens!!...

Minha mãe de quem a culpa
se não é minha nem é tua?!
Quem me deu a triste luta
que m'enlouquece pela rua?!

Sou o grito d'um vulcão
que quer a terra prometida,
que mentira d'alcatrão
numa estrada à deriva!

Sou culpa e condenado,
assassino sem ter morto,
sou um preso não julgado
nas cadeias deste corpo.

E que culpa terei eu
de estar vivo num caixão?!
O destino quem mo deu
foi alguém sem coração ...

E que culpa tem a vida
deste gosto amargo e doce
que uma gente desconhecida
ao meu corpo sempre trouxe?!

Vou pegar o meu destino
como um touro em plena Praça!
Mas a Glória do bovino
é ser morto por ter raça!

Fecho os olhos, lembro a vida,
ai esquece-la quem me dera,
minha ânsia consumida
é só culpa do Poeta!

Inserida por Eliot

⁠Barco à Vela -

Às longas madrugadas eu me dei
num pulsar que me arrepia a solidão
foi nelas que na vida me encontrei
na rota do meu forte coração.

De longe vem o grito da partida
que me traz e que me leva além de ti
minh’Alma numa ânsia proibida
procura o infinito que há em mim.

Ao leme do meu barco vai a dor,
na proa levo a Glória d’outros tempos,
nos mastros vão as velas do amor,
soprando pelo mar, são novos ventos.

Parti p’las madrugadas sem destino
parti rompendo o mar da solidão
num grito que me rasga eu domino
a tristeza que me assalta o coração.

Inserida por Eliot

⁠Razão e Pó -

Somos qualquer coisa de tão efémero
como o pó das estrelas pelo Céu,
somos a ângustia à deriva no etéreo
guiados p'lo destino à mão de Deus.

Somos na verdade o pó da Vida
num corpo que dá forma à razão,
somos realidade, nunca antes concebida,
que Deus põe no pulsar do coração.

Somos uma busca incansavel
num eterno prometido p´los avós,
navegamos numa busca insaciável
e afinal encontramo-nos tão sós.

E a procura é mais alta do que a morte,
a morte mais desejada do que a vida,
a Vida arrefecida em cada morgue
e a morgue uma tristeza desinibida.

Faço dos meus versos autópsia à solidão
num corpo que JAZ foi e JAZ não é,
num destino que procura ter razão,
sou morto sem caixão sem verdade nem fé.

Este não saber quem sou sem pensamento,
esta vontade de morrer qu'inda me abraça,
é loucura, é dolência, é tormento
que atravessa o meu destino e me trespassa.

Inserida por Eliot

⁠Ventos de Solidão -

Rasgaram-me o corpo, era feito de pó,
meus olhos de timbre, toldados sem sorte,
mil gentes em torno, deixaram-me só,
um corpo esquecido diante da morte!

À sombra das aves deixei o tormento,
numa praia esquecida na dor das marés,
meu corpo com vida mas sem pensamento
foi à deriva, ficou no convés ...

No convés do destino que a vida me dá,
levo uma dor que o peito trespassa,
haja o que houver, vá eu onde vá,
é um turvo lamento que à loucura me enlaça.

É uma triste solidão que me atravessa
enrredando em névoa o pensamento,
é um procurar caminho cheio de pressa
sem ter para onde ir em passo lento ...

É um esperar eterno que não começa
é um amar alguém sem sentimento,
é um olhar que em mim tropeça
no sentir de um vácuo encantamento.

É em mim um tédio ou uma loucura?!
É angustia que caminha sem ter para onde ir,
é em mim, em cada um, passagem escura,
destino do qual ninguém pode fugir!

É sem vontade, a minha vida exposta,
como o pó do corpo que envelhece o coração,
é pergunta, numa busca sem resposta,
que depõe a tristeza, em ventos de solidão ...

Inserida por Eliot

⁠Medo de Amar -


Diz-me porque temes tu amar-me?!
Porque temes ouvir a minha voz?!
Porque temes o meu corpo,
os meus beijos, o meu olhar?!

Diz-me meu amor,
diz-me porque queres ficar só, com o mar!
Porque aceitas o teu medo
e rejeitas meu amor ...
Porque travas este impulso,
porque travas a entrega
que nos leva além da dor?!

Meu ser, vazio de ti,
teu ser, longe de mim ...

Que sentido há no sentido de fugir?!
Obstante solidão que se aninha sem ter jeito,
em nós! Meu peito! Meu peito!
Tão só ... sem ti ... sem ti ...

Inserida por Eliot

⁠Trago um Silêncio -

Trago um silêncio nocturno
no meu corpo de lilases
das noites que não durmo
dos abraços que não trazes.

Trago um silêncio de sombras
num toque de matizes
do calice que não tomas
das palavras que não dizes.

Trago um silêncio de criança
numa espera inacabada
na loucura da lembrança
da minh'Alma enamorada.

Trago um silêncio sem sentido
nestes versos que compus
trago o meu olhar perdido
na tua pele que me seduz.

Trago um silêncio de rosas
no campo dos meus dias
trago sonhos com asas
rasgando as ventanias.

Trago um silêncio de mel
no eco do teu nome
lembro o toque da tua pele
num desejo que me consome.

E és tu esse silêncio
essa espera em que naufrago
és o barco dos meus dias
que no peito ainda guardo.

Inserida por Eliot

⁠Não Procures a Solidão -

Não procures a solidão
sem saber de onde ela vem
deixa-a ficar sossegada
a solidão é dor errada
no peito de quem a tem.

Não procures a solidão
que ela vai atras de ti
solidão, vazio e nada
traz a vida já cansada
a solidão não está aqui.

Nāo procures a solidão
na saudade ou no amor
na tristeza ou na loucura
solidão é dor sem cura
sem remédio nem pudor.

Da tristeza à saudade
vai a vida como é
Solidão é dor parada
é palavra mal-amada
de um poeta já sem fé.

Inserida por Eliot

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