Mfpoton
Aquela casa é minha
É minha aquela casa
Ela tem olhos, nariz e boca
E me diz
Você é dona
dos escombros
janelas despencadas
muito entulho pelo chão
Esta casa é minha
Porque me diz
Que é como eu
Abandonada
Todos enchem os olhos
E querem a casa
Mas a casa diz
Sou tua
Você é como eu
Se outro aqui entrar
Eu expulso
Só se for você
Só se for como eu
Sem teto,
abandonada
Mas que tem alma...
Luar a trilhar à estrela de destino
No poente farol em rodopios
Como minha alma emotiva
Ponto de referência de descanso
De abrigo
Refúgio para navegantes
Fundear as amarras
Em terra...
Por tempo necessário
Logo parto em busca
Entre luz e escuridão
Na orientação de um novo destino
Lá se vai minha nau,
Seguindo...
Estrelas, lua e farol
Luz que me acende a emoção
Em estímulo na tamanha
Imensidão da vida...
em noites de ébano
Conduzindo-me na
certeza de um porto seguro...
Olho favela
na penumbra escuridão
da noite
com luzes confundindo
uma constelação
submerso mundo
submundo dos aflitos
com lágrimas e sorrisos
em levar mais um amanhã
da superação humana
A noite caindo
e se derramando
sobre a montanha
em continuação a
linha do horizonte
é inconcebível querer
entender...
Até me faz criar raízes
nesta pedra
onde arpoo
meus pensamentos
em detrimento
a este mar
de sentimentos...
As ondas borbulhantes
vem em espuma branca
engolfar as pedras
e me faz pensar que somos
como aqueles mariscos
entre as ondas e os rochedos
entre a realidade e a vida...
A dama da gafieira
com pinta de rampeira,
cheia de patchouli;
saltos desgrenhados
tortos e engraçados,
vestido rosa choque
não pink, bem abrasileirado
em tecido acetinado,
farto decote em seios
também fartos e generosos,
de causar comoção
em imaginar-mos
a máquina e a
costureira...
Uma maquiagem com
resquícios infantis
de cores desorientadas,
ou quem sabe com
algumas cervejas e luz fraca...
Com seu par engravatado
embuídos da responsabilidade
do espetáculo...
a valsar com tamanha honradez
como se fosse a
primeira ou a última vez...
Caracteres da noite que
emitem escamoteadas
intenções artística
de um povo...
de um tempo...
da Lapa...
Letal como navalha
Em corte profundo
Sangrando a inocência
Extirpando em corte cirúrgico a infância
Herança de pais e país
Se nem pais tem
País em pedaços de chão
Com territórios demarcados por canalhas
Políticos bradando salvações em saudações
Da arrogância contrariada disfaçada
De benevolência .
Tem como destino a fatalidade das ruas
Da verdade da miséria
Das quais quem sobrevive formará uma nova raça
Com alma de metal
Coração destroçado
Tendo marcas saltadas
Navalha letal das esquinas, das ruas
Da fatalidade da miséria
O destino das ruas é a fatalidade.
A vida não é sarcástica, mas sim o que fazem dela...
Parecia tão consistente
Quanto uma montanha
Mas não passou de uma
Miragem...
Que me seduzia
Me vertia em sensualidades
Agora se dasata numa sangria
Como delírio no deserto
No fimamento de um
Oásis que se desanuvia
No desejo de uma fonte
Com água cristalina
É como sentir saudade
Daquilo que não houve
Preciso parar de
Acreditar em sonhos
E buscar só a realidade
A vida...
Vou encarar tudo apenas
Como uma perturbação emocional
Que eclodiu em sentimentos
Em arrebatamento... em amor...
Vou cerrar meu sorriso... minha alegria...
Pois tudo não passou de
Uma alucinação deliciosa
Uma cavalgada galopante
De sentidos...
Num corcel negro com franjas
Ao vento... ao luar
Deste meu entorpecimento
Enlevamento...
Que existiu apenas na minha imaginação...
De um desejo...
Por isso fiz pra ti esta poesia...
Mantenha-se presente
lembrando-me que
existo ...
Para que eu não
me perca em
mim mesma
Nas minhas
confusões e
conflitos
Quando te sinto,
sinto a mim
mesma, como
uma transfusão
de espíritos...
Porque só você
comprende este
sentir, me fazendo
compreender que eu
existo...
Não sei se isto é o
amor ou um
significado que
preciso...
Mas necessito que você
perceba o quanto
é importante pro
meu espírito...
Sua presença é
tão forte, que me
decifra os enigmas...
Ah! Como compreender este
tipo de emoção, que
sempre busquei, nunca
compreendendo bem
Mas agora ao menos,
Sinto...
Palavras pingadas em gotas
como torneira quebrada
pingando... pingando...
na minha impaciência
uma a uma...
minutos... segundos...
pingando... ping... ping...
E eu ainda a olhar as bolhas
a se formarem...
buscando alguma beleza...
buscando algum sentido...
alguma razão de ser...
pingando no meu juízo...
Palavras tão contidas e contadas
como um conta-gotas
tão medidas...
para não se expor
E eu com minhas emoções já tão
exasperadas e não mais a suportar
mais anos...
Tudo que escrevo de triste e incerto é para a vida; e de belo é para você... se é que eu ainda consiga.
Eu só te perdôo e te libero,
se souber que todas...
mas todas elas...
te querem...
Pois seria covardia...
teres que aturar mais uma louca...
Mas se souber que somente eu...
só eu te quero...
Aí então meu querido...
você não me escapa...
você é meu...
Fragatas ao vento...
e eu deitada aqui
na areia a olhar o céu...
nuvens cinzas
encobrindo o azul
Fragatas planando
voltando do mar,
escapando do prenúncio
de chuva,
sem bater de asas
planando...
as vezes em rodopiados
caracóis...
se certificando das correntezas,
constatando seu conhecimento
do ar, em mergulhos...
algumas a furtar peixes,
nas demarcações da rede de pesca
e outras a fisgar em ocasionais
mergulhos no mar...
Cada qual com sua característica,
de instinto... ou inteligência...
Embora as da rede pareçam espertas...
As selvagens em decorrência
natural dos instintos,
maiores e mais belas...
Preciso tanto mudar...
Quem sabe... uma plástica no nariz
Uma lipo na barriga
Luzes nos cabelos
Com reflexos dourados
A combinar com meus olhos verdes
Porque para mudarmos a vida
Precisamos mudar a nos mesmos
Foi o que ouvi...
E como sou mulher
Não vejo nada a mudar a não ser em mim mesma...
Se você quiser ir pra cima, eu te motivo...
e se quiser ir pra baixo, eu ajudo a te empurrar mais...
tudo isso porque sei ser amiga...
Escrevo...
como a um desabrochar de emoções
escrevo porque te achei...
o que outrora estava tão enterrado
por toneladas de recursos loucos de defesa
agora surgem como uma semente buscando
o ar... o vento... a chuva...o sol... você...
e nascendo... para a luz,
simplesmente por acreditar nela...
Escrevo...
porque minha mente se mistura com as emoções
e penso que ela seja seu coração... aonde quero chegar
porque entrastes em meus sonhos... a me mostrar o que me recusavas a enxergar... e agora preciso tanto de você...
descobri que eu te amo...
Escrevo...
porque me toma a voz a quem mais quero falar...
juntando tanta coisa que na hora embrulha em nó
na garganta... e o pensamento se atordoa e se perde
não sabe se foge... esconde... o que sente
Ah!... se esse amor compreendesse...
ou será que nem sente...
que medo de falar pra ti o quanto você me faz bem...
e escrevo por não lhe falar... te mando mensagens...
Que eu te amo...
A chuva dissolvendo
minha incerteza
a tristeza também
dissolvendo...
na esperança do sol que
me revela o calor do coração...
Se o céu é azul... o amor também
cinza é a chuva... é o medo
que se dissolvem...
uma montanha de nuvem
formando formas
se derramando
a cada pingo...
a cada gota...
nesta incerteza...
Sentindo prazer
em me molhar...
por ser aberta pra vida...
e pra certeza de amar...
sem medo...
portanto se agora me atordoas
logo cessa e rega em abundância
a vida... meu coração...
volúvel... efêmero...
e sempre leal as paixões... emoções...
que não se nega a sentir...
faça chuva...faça sol...
só essa dúvida que me atordoa...
mas sinto esvair como chuva...
porque sinto prazer em sentir a chuva
e acredito no meu sol...
Puro sangue a
correr nas veias,
pelos descampados
de essência verde
Sede de identificação
da alma,
na mais pura
intimidade com o vento,
profundamente selvagem
Seu ser que aprendeu
a surgir das sombras,
onde não existi
pressão, tão
considerada normal
mas tão ilegítima e
imoral...
à profundeza animal
Deixe que a
confiança surja,
para acreditar na
liberdade e
poder criar
familiaridade
com a sua natureza...
Um veloz colibri a me
passar no marinho da noite,
flutuando meu sono
que se recusa...
Me deixe dormir esvoaçante,
volte amanhã
para beijocar os hibiscos
já que a mim não
queres beijar...
Quando os bebedouros
estiverem dourados
Venha volatear o nécta da flor
já que o meu, estás
a recusar...
e agora quero dormir,
mesmo sem os beijos teus...
Deixe estar...
amanhã me transformarei
em papoulas e te
embriagarei de amor...
Nas minhas andanças
cabisbaixas;
lantejoulas cintilando
no asfalto
E eu a contar como
estrelas de uma constelação
Neste universo suspenso
da minha imaginação
Devagando minhas horas,
anseios e corpo...
esbaldando da natureza
nos passos de cada instante...
Pensei que pudesse
te esquecer...
mas sinto teu cheiro,
olho pro lado e
não te vejo...
Não posso devassar...
não é como sinto...
Preciso de sua reciprocidade
se evasiva... fico sem
saber...
me chame...
vem mansinho... e me diga
com um toque
sutil de mãos...
de carinho...
sobre você e eu...
Aí então... devassarei
cada cantinho do seu coração...
apenas com o que me
permitir...
bem de mansinho...
sem atroçar
seu carinho...
pois assim,
quebraria um encanto...