Meu Erro foi te Querer
A quem meu Deus?
Acordo em soluços de medo profundo.
Sem mais ter a inocência de criança,
Quanto mais se vive mais dói este mundo,
A quem meu Deus se deve preferir amor à vingança?
Todos os dias tenho que provar que sou justo.
Por que se até estrelas se desprendem da constelação?
Por que se constroem a falsos heróis até bustos,
A quem meu Deus se deve conceder perdão?
Abro-me em confissão deliberada,
Exponho cada pedaço da minha consciência.
Pessoas maltratam para se sentirem amadas,
A quem meu Deus se deve conceder clemência?
Não espere que eu escreva poesias complexas. Não é meu estilo. Minha marca é a simplicidade. Escrevo para ser entendido por todos e até porque meus conhecimentos são limitados. Quando alguém não entende o poema penso que acaba sepultando a poesia e até o poeta. E eu quero viver e se possível abraçado à poesia até o último segundo do derradeiro dia.
Estranho meu
Sou ativista do inativo.
Vibro com meus sonhos não vividos.
Emociono-me com o que não tenho sentido.
Lembro-me de quem nunca foi esquecido.
Sou o belo que não se viu,
Juventude que jamais envelheceu,
Vida de quem nunca viveu.
Morte de quem sequer nasceu.
Não me conheço, sou o estranho meu,
Fé e crença de ateu.
Prazer em não me conhecer.
Prazer em não me rever.
Minha vida nunca me pertenceu.
Naquela época eu me deliciava lendo listas telefônicas que vinham da operadora estadual na qual meu irmão trabalhava. Incrível como pareciam poesias de um verso só. Sem medo de errar, estes foram meus primeiros e únicos livros de infância.
Ficou no armário meu perfume de juventude.
E com ele certas lembranças que hoje assustadoramente me ignoram.
Estático o espelho, outrora de imagens tão sonhadoras, mal me enxerga.
Em minha mente todas as expectativas que agora são histórias que ninguém quer ouvir.
Sim, ficou no armário meu perfume de juventude.
Tornei-me mostro do menino que lutou comigo por décadas.
Não tenho mais as bandeiras que carreguei por uma vida inteira.
Cheguei ao epílogo da vida, tornei-me fragrância envelhecida.
(www.doisversos.com)
Que todo voo seja tranquilo e sem limitações.
Que nenhum vento possa fechar o portão.
Pois meu primeiro verso é feito de imaginações,
E o segundo... Um coquetel de bons corações.
Você
Quando amanheceu dei-me sem rumo,
Desnudo de qualquer amor.
Meu grito poético sem prumo
Tomado por súplicas de dor.
Onde guardarei os versos que pra ti compus?
Que me deixaram rouco de te querer.
Pra que lado sopra o vento que me conduz?
Onde você foi de mim, se esconder?
Apego-me.
A simplicidade é a leveza do meu corpo,
E a essência do meu espírito.
Prefiro as fórmulas simples.
Não gosto de enrolação.
Se eu faço é de bom gosto
Não costumo esconder o rosto.
Máscara não me acompanha.
Sou assim e não tenho oposto.
Apego-me e sinto falta.
Humildade facilmente me ganha.
Fujo do centro para ver a ribalta.
Coloco os amigos na posição mais alta.
A distância me maltrata.
A presença me faz falta.
Sopro no rosto
E às vezes quero ficar quietinho, no meu canto sem ser visto.
Quero ficar no meu casulo, na escuridão da vida.
Prefiro não ler o último verso,
Que talvez fale de partidas.
Mas o vento...
Impiedoso,
Balança meus cabelos,
Faz-me acordar.
Sopra meu rosto.
Resseca minha pele
E me avisa
Que é preciso seguir.
Sim, existe vida ainda que com sombras.
Levanta!
Segue teus passos
Bata o pó da tua alma,
Espana as traças do teu íntimo.
Lágrimas? Quem não as tem.
O sol, hoje está do outro lado,
Mesmo que eu não o veja ele pode brilhar.
Pode sim.
Ele brilhará...
TCHÊ
No meu Rio Grande tudo é tri legal,
Alegria é vencer Grenal ,
Se perder deu pra ti.
Bolo pra nós é torta
Mexerica é bergamota,
O frio, bah! É de renguear Cusco.
Pão francês é cacetinho.
Nos CTGs* tem patrões
Barbaridade é mais do que uma expressão,
Mate é recepção com carinho.
Antes mesmo do batismo
Decoramos nosso hino,
Pois pra se chamar gaúcho
Tem que respeitar as tradições
Bem mais do que um estado,
Ser gaúcho é ter coração acalorado.
Chimarrão ao amanhecer é como doce melodia
Churrasco de preferência ao meio dia
E a noite...
Entrevero com as gurias.
A poesia, no meu caso, é o gênero literário mais egoísta, pois serve a mim em detrimento do meu leitor.
Caneta
Deixas no papel estampas do meu pensamento,
Acaba-se dignamente em matemática e versos.
Tens alma viva em sentenças proferidas e registradas.
Na força extrema ainda dá fé,
E ao morrer num poema,
A tinta trêmula busca a reticência...
Esforço final pra dizer que
O show sempre vai ter sequência.
Do meu pai tenho boas lembranças.
Não só dele na cadeira de balanço, mas também olhando a estrada, torcendo pela visita de um dos filhos que já não morava mais na casa. Lembro-me, ainda, das horas em que tocava violão ou gaita (como dizemos aqui no sul). Homem de fé, determinado, mas de uma generosidade enorme com todos.
Tinha um jeito contido de expressar carinho, mas no fundo era coração de pudim; os olhos entregavam.
Já da minha mãe tenho poucas lembranças. Partiu muito jovem. Quanta falta faz uma mãe e até as lembranças de uma mãe. Ficou vivo na minha memória o último dia. Fora isso, apenas pequenos flashes dela em vida.
Levá-los é uma ação divina, pois se fosse humano nunca deixaríamos os que amamos partirem. Confiar na vontade de Deus é fundamental para superarmos.
Paralelo
Meu pai era à moda antiga
Eu um pai moderno.
Meu pai nos orientava e protegia,
Isso colei dele.
Meu pai dava tudo de si pelos filhos,
Bem melhor do que eu sou.
Meu pai se enchia de alegrias nossa presença,
Sou idêntico.
Ele tinha princípios, seriedade, responsabilidades.
Não consegui notas iguais as dele.
O meu foi um pai moderno
Eu me esforço para ser à moda antiga
Meu destino
Nunca escreverei
Nada de mim sei.
Só uma pessoa leu,
Segredo dela;
Não meu.
Se me fosse contado
Eu já teria esquecido,
Não sou bom de memória
Saber não faria sentido.
Meu destino é um detalhe
Que em minha mão se escondeu.
Só ela sabe,
Só uma cigana leu.
Meu natal eternizado
Um fato, em especial, me faz ver está época do ano de forma muito especial.
Antes preciso dizer que nasci e me criei numa comunidade pobre do interior sem nenhuma infraestrutura, inclusive sem energia elétrica.
Não tínhamos, talvez por isso mesmo, árvores enfeitadas. Não escrevíamos cartas para o bom velhinho pedindo presente e, raramente a gente ganhava algum.
Mas teve um natal; deste que quero falar, em que minha mãe estava muito mal. Eu, na inocência de criança queria fazer alguma coisa por ela. Foi a primeira e única vez que fiz uma cartinha para papai Noel. Era curta e pedia apenas que ele salvasse mamãe, sem nenhuma referência aos anos sem presentes.
Na minha ingenuidade coloquei a escrita entre galhos alto de um pé enorme de pera para que ele a encontrasse facilmente.
Na manhã seguinte, acordei com uma chuva torrencial. Mesmo assim, de imediato fui lá ver e a carta não estava mais.
Nossa! Tive a maior certeza que ele havia vindo buscar a carta.
Fui tomado de cheio por uma enorme e, de certa forma, efêmera felicidade. Era a certeza que mamãe seria curada.
Na família, evidentemente havia uma preocupação grande. Lembro que estávamos em lados opostos do fogão a lenha eu e um dos meus irmãos. Fitei-o. estava triste, pensativo.... Esbocei um sorriso e ele retribuiu de forma muito contida e nada nos falamos.
Tive vontade de dizer para que não se preocupasse pois eu já tinha resolvido o problema da doença da mamãe com a minha cartinha.
Ilusão infantil.
Mas há lendas lindas das quais nunca devemos fugir enquanto a ilusão nos seja possível.
Mamãe faleceu dia 02 de janeiro.
Para a criança que eu era aquilo era um enorme castigo. Por algum tempo me revoltei com o velhinho de vermelho e barbas brancas.
Depois de adulto entendi que realmente fui atendido. Pois foi um presente de papai do céu ou de papai Noel, ter a doce e insubstituível presença de mamãe para nosso último natal juntos fisicamente.
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