Mensagens de Aniversario Lya Luft

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Ninguém nos aconselha tão mal como o nosso amor-próprio, nem tão bem como a nossa consciência.

Os que reclamam para si maior liberdade são os que ordinariamente menos a toleram e permitem nos outros.

Todas as virtudes são restrições; todos os vícios, ampliações da liberdade.

Os maldizentes, como os mentirosos, acabam por não merecer crédito ainda que digam verdades.

Apenas à dos mestres-escola se iguala a ignorância dos que aqui na terra têm a jactância de haver dito uma palavra que outros antes não disseram.

O que se qualifica em alguns homens como firmeza de carácter não é ordinariamente senão emperramento de opinião, incapacidade de progresso, ou imutabilidade da ignorância.

Aniversário é sempre deprimente. A gente sente que cada vez o tempo que resta fica mais e mais escasso.

O Cão Sem Plumas

A cidade é passada pelo rio
como uma rua
é passada por um cachorro;
uma fruta
por uma espada.

O rio ora lembrava
a língua mansa de um cão
ora o ventre triste de um cão,
ora o outro rio
de aquoso pano sujo
dos olhos de um cão.

Aquele rio
era como um cão sem plumas.
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água de cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água.

Sabia dos caranguejos
de lodo e ferrugem.

Sabia da lama
como de uma mucosa.
Devia saber dos povos.
Sabia seguramente
da mulher febril que habita as ostras.

Aquele rio
jamais se abre aos peixes,
ao brilho,
à inquietação de faca
que há nos peixes.
Jamais se abre em peixes.

Saudável seria a família a um tempo protetora e estimulante, que nesse difícil equilíbrio deixasse o filho criar asas e, na hora certa, sair do ninho – continuando atenta sem ser controladora: uma asa quebrada, uma pata ferida, um desastre poderiam ser consertados até mesmo numa breve visita.

(...) Ali posso ficar mais tempo quieta, tentando compreender o que é um mar. Escutando, contemplando ou mergulhando nele, ou observando-o do alto dos morros quando se revolve e arfa, aprendendo que o mar não é apenas movimento e rumor. O mar, como tudo o mais - também as pessoas -, é o seu próprio escondido que à noite chega à superfície, procurando não se sabe o quê, talvez buscando apenas quem o escute e entenda.

Mar de dentro.

O tempo está sempre passando,
é como água de um rio,
a cada instante tudo muda.
Até a gente não é a mesma
pessoa de um segundo atrás

A distinção entre verdade e invenção
não importa muito.
Mais do que o gesto,
interessa como ele foi recebido.
Mais do que a palavra,
nos influencia como ela foi ouvida.
Mais do que o fato, vale onde, como e quanto
ele nos tocou.

Seja como for, com alguma sorte
e boa vontade a alma do outro
pode também ser a doce fonte da vida.

Penso que no curso de nossa existência
precisamos aprender essa desacreditada
coisa chamada " ser feliz" ...

⁠Aprendi que a melhor homenagem que posso fazer a quem se foi é viver como ele gostaria que eu vivesse: bem, integralmente, saudavelmente, com alegrias possíveis e projetos até impossíveis. Primeiro, não queremos perder.

Lya Luft
Perdas e ganhos. Rio de Janeiro: Record, 2006.

Queremos afecto, mas a família vai ficando complicada de mais:
como filhos, queremos fugir dos pais, que nos irritam e parecem
nada ter a ver com a nossa realidade; como pais, intimidam-nos os
filhos que não conseguimos entender. As mudanças rápidas nas relações
pessoais enchem-nos de desconfiança. Além disso, não sabemos
comunicar: confundimos palavra e grito, silêncio e frieza.
Funcionamos como solidões em grupo, embalados pelo sonho
de uma fusão impossível que aliviasse as nossas inquietações e nos
desse significado.
O olho do outro está grudado em mim e sinto-me permanentemente
avaliado, nem sempre aprovado: se eu não for como sugerem
ou exigem o meu grupo, a família, a sociedade,se não atender às propagandas,
aos modelos e ideais sugeridos, serei considerado diferente.
Como adolescentes queremos ser iguais à turma, como adultos
queremos ser aceites pela tribo: a pressão social é um facto
inegável. Não controlada, ela anular-nos-á.

Inserida por FABIANABRENDA

Precisamos de pai e de mãe até quando adultos. Sua presença e apoio podem parecer menos essenciais com o correr do tempo, mas com eles, se relação for boa, somos mais completos – e para isso não há idade. Morta minha velha mãe, quando eu tinha mais de sessenta anos, dei-me conta que não tinha mais a quem chamar de “mãe” e foi uma dor estranha. Algo tinha mudado na minha condição. Eu nunca mais seria a mesma.

Inserida por pensandogrande

E se eu tivesse perguntado? E se ele tivesse me dito? Se eu tivesse merecido saber? Isso me atormentou por longo tempo. Eu me sentia muito culpada. Hoje, acredito que não saber é o que torna a vida possível.

Lya Luft
Em O Silêncio dos Amantes
Inserida por psicanalise

A vida é como esta Casa Vermelha: em seu bojo roído pelo tempo, habitado de ratos e infectado de angústias, leva toda uma raça de exilados. Cada um, com sua grande nostalgia, sua insaciável sede, tenta adaptar-se como pode. Alguns jamais conseguirão.

("Exílio")

Inserida por ajotage

Que não temas amar, sabendo que embora a vida seja sombra e luz num palco de perplexidades, aqui estarei para que venhas, belo animal alado no teu voo, alta asa dourada em teu aroma. E se souberes querer, que em mim tenhas pouso e pasto - e sacrilégio.

Inserida por psicanalise