Mensagens de Amor para Recem Casados
– [...] Para que queres tu mais alguns instantes de vida? Para devorar e seres devorado depois? Não estás farto do espetáculo e da luta? Conheces de sobejo tudo o que eu te deparei menos torpe ou menos aflitivo: o alvor do dia, a melancolia da tarde, a quietação da noite, os aspectos da Terra, o sono, enfim, o maior benefício das minhas mãos. Que mais queres tu, sublime idiota?
– Viver somente, não te peço mais nada. Quem me pôs no coração este amor da vida, senão tu? e, se eu amo a vida, por que te hás de golpear a ti mesma, matando-me?
– Porque já não preciso de ti. Não importa ao tempo o minuto que passa, mas o minuto que vem. O minuto que vem é forte, jucundo, supõe trazer em si a eternidade, e traz a morte, e perece como o outro, mas o tempo subsiste. Egoísmo, dizes tu? Sim, egoísmo, não tenho outra lei. Egoísmo, conservação. A onça mata o novilho porque o raciocínio da onça é que ela deve viver, e se o novilho é tenro tanto melhor: eis o estatuto universal. Sobe e olha.
Cada século trazia a sua porção de sombra e de luz, de apatia e de combate, de verdade e de erro, e o seu cortejo de sistemas, de ideias novas, de novas ilusões; cada um deles rebentavam as verduras de uma primavera, e amareleciam depois, para remoçar mais tarde. Ao passo que a vida tinha assim uma regularidade de calendário, fazia-se a história e a civilização, e o homem, nu e desarmado, armava-se e vestia-se, construía o tugúrio e o palácio, a rude aldeia e Tebas de cem portas, criava a ciência, que perscruta, e a arte que enleva, fazia-se orador, mecânico, filósofo, corria a face do globo, descia ao
ventre da Terra, subia à esfera das nuvens, colaborando assim na obra misteriosa, com que entretinha a necessidade da vida e a melancolia do desamparo.
A pior filosofia é a do choramigas que se deita à margem do rio para o fim de lastimar o curso incessante das águas. O ofício delas é não parar nunca; acomoda-te com a lei, e trata de aproveitá-la.
Dinheiro é apenas um objeto criado pelas mãos do homem para dar soberania e autoridade para um punhado de seres soberbos, arrogantes e prepotentes, que precisam ostentar uma posição maior que os outros para serem felizes e realizados. Em outras palavras, é uma espécie de corte absoluta na Terra que recebeu poder para determinar como o mundo será gerenciado e controlado, não dando espaço algum para a democracia e para os universos da justiça e da equidade social, escravizando o povo menos favorecido em prol de seus sórdidos, repugnantes e abjetos desejos.
Afinal o que é a vida? Se não um intervalo de tempo, uma sinapse no universo ou uma faísca cósmica? Você só está momentaneamente liberto, quando o tempo é completamente seu. Quando estás a servi-lo, és escravo dele.
Piromania Ambiental
Tem fumaça encobrindo a serra
E cá na terra cheirando a queimado
É o mês de agosto chegando
E outra vez o fogo no roçado
Tem cigarra cantando bem alto
E cidadão fumando cigarro
Na estrada deixaram seus rastros
Alguns voltaram já e outros ali nunca mais
Tem poeira sumindo no ar
E madeira caindo no chão
Tem fogueira outra vez a queimar
Do começo ao fim do sertão
Tem cobra-cega
Já seca no mato
E um braseiro
Que ainda desmata
Tem calango e formiga
Já virando fumaça
E tudo que é inseto
Perdendo o seu espaço
Eles foram passados
Diretos pro além
E o ser humano não para,assim ele continua
Sempre a devastar e fugir pra rua
Sem ele saber que mais tarde
Com a sua carne crua
Pode ter no futuro
O mesmo destino também
Quando a seca chegar
E a água acabar
Quando a fome bater
E a sede aumentar
Já não haverá mais sapo
Nem urubu pra matar
Nem a galinha de Angola
No terreiro a cantar
Até a sua horta
Ali vai ser morta,
Pois não terá mais cacimbas
Só o teu cachimbo na porta.
Em uma noite bonita olhando as estrela e a lua lembrei do seu belo sorriso,dos seu olhos castanhos claros,dos seu cabelo preto,dos seu lábios vermelho,só deu vontade de ir ate você pra te dizer o quanto eu amo você.
A vida me ensinou uma lição,quem me iludi-o,vai se iludido,se for bom ou ruim,não importa o que aconteça mas tudo passa,porque é tudo nosso.
A intensidade das palavras acompanha a inspiração de cada momento. Ás vezes podemos ser um lago sereno, noutras um mar revolto.
O Palácio da Ventura
Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!
Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!
Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas de ouro, ante meus ais!
Abrem-se as portas d'ouro com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!
A estrada da vida anda alastrada
De folhas secas e mirradas flores...
Eu não vejo que os céus sejam maiores,
Mas a alma... essa é que eu vejo mais minguada!
A vida pode ser complicada por vários motivos,
Mas isso não impede ninguém de ser feliz,
ser feliz e fazer o que gosta e gostar do que faz.
Sempre acho que poderia ter aproveitado mais,
um momento,
um dia,
uma viagem,
uma noite de sono
ou
simplesmente a vida.
Querida noite!
obrigado por agregar-me
em tua infinita e sem com par
silêncio
tu és tão amiga,
tão cúmplice.
criadora de pensamentos,
de ideias,
projetos inefáveis,
é comigo sempre
em segunda pessoa,
és um ser,
não me deixas solitário.
Somos parceiros
por toda a eternidade ou
pelo tempo que nos custe,
amo-te querida parceira
faceira e intrigante,
me ponho a pensar ....
Penso que às vezes
me abres feridas,
ao mesmo tempo
que me ajuda fechá-las.
Ponto, nasci para ti,
e, tu para mim,
amo-te!
Noite.
Pra que chorar
Se o sol já vai raiar
Se o dia vai amanhecer
Pra que sofrer
Se a lua vai nascer
É só o sol se pôr
Pra que chorar
Se existe amor
A questão é só de dar
A questão é só de dor
Quem não chorou
Quem não se lastimou
Não pode nunca mais dizer
Pra que chorar
Pra que sofrer
Se há sempre um novo amor
Em cada novo amanhecer...
Pra que chorar
Se o sol já vai raiar
Se o dia vai amanhecer
Pra que sofrer
Se a lua vai nascer
É só o sol se pôr
Pra que chorar
Se existe amor
A questão é só de dar
A questão é só de dor
Quem não chorou
Quem não se lastimou
Não pode nunca mais dizer
Pra que chorar
Pra que sofrer
Se há sempre um novo amor
Em cada novo amanhecer...
Escandir um poema é se envolver mais com ele; a leitura se faz com o lado esquerdo do cérebro, hemisfério intelectual; a escansão se faz também com o lado direito, hemisfério do sonho, da afetividade; o uso dos dedos na escansão faz o sentido do poema alcançar órgãos, é fazer uma experiência mais sensorial da Poesia, e, ainda mais, aprimorar-se na sensibilidade o que equivale a dizer na espiritualidade. Escandir é uma experiência integral, entenda-se: espiritual, psíquica e corporal.
Enquanto cavo minhas trincheiras, defendo-me dos maus seres que me cercam e tentam contra minha sorte. Cave as suas, estarás protegido.
