Mensagem de Despedida para Falecidos

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Os moços de juízo honram-se em parecer velhos, mas os velhos sem juízo procuram figurar como moços.

Na admissão de uma opinião ou doutrina, os homens consultam primeiramente o seu interesse, e depois a razão ou a justiça, se lhes sobeja tempo.

A dialética do interesse é quase sempre mais poderosa que a da razão e consciência.

Os grandes, os ricos e os sábios sorriem-se: os pequenos, os pobres e os néscios dão gargalhadas.

Existem a beleza que excita, a que comove e a que satisfaz: a melhor é a última.

O nascer não se escolhe e não é culpa nascer do ruim, e sim imitá-lo; e é culpa maior nascer do bom e não imitá-lo.

Qualquer homem é capaz de fazer bem a outro homem; mas contribuirmos para a felicidade de uma sociedade inteira é parecermo-nos com os deuses.

Ainda é mais fácil avaliar o espírito de um homem pelas suas perguntas do que pelas suas respostas.

Duque de Lévis
Maximes et réflections sur différents sujets de morale et de politique

A pobreza não tem bagagem, por isso marcha livre e escuteira na viagem da vida humana.

O dever dos juízes é fazer justiça; a sua profissão, a de deferi-la. Alguns conhecem o próprio dever e exercem a profissão.

O que vulgarmente faz que um pensamento seja grande é dizer-se uma coisa que nos conduz a muitas outras.

As crenças religiosas fixam as opiniões dos homens, as teorias filosóficas perturbam-nas e confundem.

Um empreendimento imagina-se e começa-se com facilidade; mas na maior parte das vezes sai-se dele com dificuldade.

Há grandeza mais verdadeira numa boa ação do que num bom poema ou numa grande vitória.

A maledicência pode muitas vezes corrigir-nos, a lisonja quase sempre nos corrompe.

Não há pai nem mãe a quem os seus filhos pareçam feios; nos que o são do entendimento ocorre mais vezes esse engano.

Há muita gente boa e feliz, porque não tem suficiente liberdade para se fazer má e desgraçada.

Só se pode conversar duas horas com uma mulher quando se lhe diz sempre a mesma coisa.

Os defeitos de quem amamos, devemos vê-los com os mesmos olhos com que vemos os nossos.

Sonho Oriental

Sonho-me ás vezes rei, n'alguma ilha,
Muito longe, nos mares do Oriente,
Onde a noite é balsamica e fulgente
E a lua cheia sobre as aguas brilha...

O aroma da magnolia e da baunilha
Paira no ar diaphano e dormente...
Lambe a orla dos bosques, vagamente,
O mar com finas ondas de escumilha...

E emquanto eu na varanda de marfim
Me encosto, absorto n'um scismar sem fim,
Tu, meu amor, divagas ao luar,

Do profundo jardim pelas clareiras,
Ou descanças debaixo das palmeiras,
Tendo aos pés um leão familiar.

Antero de Quental
Os Sonetos Completos de Antero de Quental