Me Doei demais
Soneto do amor demais
Não, já não amo mais os passarinhos
A quem, triste, contei tanto segredo
Nem amo as flores despertadas cedo
Pelo vento orvalhado dos caminhos.
Não amo mais as sombras do arvoredo
Em seu suave entardecer de ninhos
Nem amo receber outros carinhos
E até de amar a vida tenho medo.
Tenho medo de amar o que de cada
Coisa que der resulte empobrecida
A paixão do que se der à coisa amada
E que não sofra por desmerecida
Aquela que me deu tudo na vida
E que de mim só quer amor - mais nada.
Vinicius de Moraes
Sou intensa. Talvez demais, posso até ser radical, pois tanto faz eu querer muito como deixar de lado, eu não vivo de “quase”, de “meio amor”, de “tanto faz”. Tenho temperamento forte, mas, no fundo, sei que sou frágil, eu brigo, xingo, me irrito facilmente, mas depois choro e me arrependo de cada palavra dita, e refaço a cena mil vezes na minha cabeça. Eu sou uma mulher forte, que esconde a menina frágil que ainda vive em mim, eu a protejo do mundo, de todos que já a fizeram sofrer e do que ainda está por vir. Quero que tudo aconteça logo, de uma vez, quero errar e levantar, quero correr antes de andar, quero intensidade, quero viver de verdade.
Sou desorganizada, paranoica. Sou romântica, até demais às vezes, sou carente, animada, mal humorada. Sei convencer os outros quase sempre, pois sou muito teimosa. Odeio que me obriguem a fazer as coisas, ou que me cobrem algo. Por mais que às vezes não tenha coragem de fazer algumas coisas que eu queira fazer, outras vezes vou e faço logo. Não sou feita pra que me entendam, pois nem eu me entendo. Não preciso da pena, nem da falsidade de ninguém. Sou complicada demais, mas ao mesmo tempo simples.
Dizem que as pessoas sinceras demais machucam. Eu já acho que a mentira causa um estrago muito maior...
Já havia compreendido que as pessoas se alegravam demais com a humilhação moral alheia para deixar esse prazer ser estragado por uma explicação.
A gente demora demais para se dar uma segunda chance. Demora para acreditar de novo. E acaba se trancando dentro de si. Então resolvi me permitir, estourar os cadeados e sair do meu casulo... me permiti a viver mais, me permiti a sentir outra vez. E reabri todas as janelas. Todas. E sinto que renasci, de alguma maneira, aqui dentro. Me lembrei de que existe uma coisa muito, mas muito melhor do que conquistar: é ser conquistada. E eu mereço.
Tudo lindo, tudo indo muito bem. Bem demais, meu sensor de auto-sabotagem apitou e resolvi estragar tudo.
“O amor é abstrato demais, e indiscernível. Ele depende de nós, de como nós o percebemos e vivemos. Se nós não existíssemos, ele não existiria. E nós somos tão inconstantes… Então o amor não pode não o ser também. O amor se inflama, morre, se quebra, nos destroça, se reanima… mas reanima. O amor talvez não seja eterno, mas a nós ele torna eternos… Para além da nossa morte, o amor que nós despertamos continua a seguir o seu caminho.”
Quando dizem, não crie expectativas
você percebe que já é tarde demais, já virou uma esperança na qual você quer se abraçar sabendo que pode despencar.
Eu sou sensível demais. Preciso ficar um pouco dormente para ter de volta o entusiasmo que eu tinha quando criança.
