Matar
Há quem colecione moedas, selos, e outras tantas coisas, eu coleciono desilusões, daquelas que matam aos poucos. Pelo menos não são dívidas.
Às vezes eu refletia sobre isso, sobre como crianças podem se transformar em monstros, como aprendem que matar é certo e a opressão é justa, como em uma única geração o mundo pode mudar tanto até ficar irreconhecível.
Francamente, se você não consegue entregar meu jornal na hora, como vai esperar que eu consiga não matar pessoas?
Socialismo e comunismo, duas armas de destruição holocausticas! Máquinas de matar com total cinismo e pedantismo!
A ansiedade também tem seu lado positivo. Nada como matar a ansiedade vivenciando o que se esperava por tanto e tanto tempo.
«Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: ‘Não mate! Quem matar será condenado pelo tribunal’.
"Eu, porém, lhes digo: todo aquele que fica com raiva do seu irmão, se torna réu perante o tribunal. Quem diz ao seu irmão: ‘imbecil’, se torna réu perante o Sinédrio; quem chama o irmão de ‘idiota’, merece o fogo do inferno.
A lei que proíbe matar, proíbe esse ato desde a raiz, isto é, desde a mais simples ofensa ao irmão. Mesmo ofendido e inocente, o discípulo de Jesus deve ter a coragem de dar o primeiro passo para reconciliar-se. Caso se sinta culpado, procure urgentemente a reconciliação, porque sobre a sua culpa pesa um julgamento.
(nota de rodapé)
A ilha que sou.
Sou uma pequena ilha,
vivendo na solidão
do seu micro-clima,
afogando-me cada dia.
Sou uma pequena ilha,
que caminha pela rua,
alheia à dor do próximo,
insensível a tudo que não seja
minha própria necessidade.
Sou uma pequena ilha,
árida, seca e vazia,
que mata de fome e sede
a todo o que se atreva a visitar-me.
Sou uma pequena ilha
que se afoga e se perde.
Cada dia minguando,
afundando no oceano da vida.
Até quando serei uma ilha?
Posso saciar a sede com água, posso saciar a fome com comida, mas nada é mais gratificante saciar a alma com uma pessoa que supera suas dores.
As vezes é preciso matar muitas coisas dentro de mim e até a mim mesmo, para poder entender o que eu realmente preciso.
São tantos exageros que passamos e recebemos na vida que sempre a algo a aprender,
De tanto nos matar, aprendemos a não nos deixar levar para o tumulo;
De tanto apanhar, aprendemos que nem todas as surras valem a pena;
De tanto gritar, aprendemos que o silencio fala mais alto que qualquer grito;
De tanto aprender, aprendemos que não sabemos tudo e que temos muito a aprender ainda;
De tanto viver, aprendemos que não vivemos tudo, que ainda temos muito a viver e que o tempo é curto;
Foi caminhando que aprendi isso, e aprendi que não devo parar de caminhar nunca, que não é o meio de locomoção que inspira, mas a vontade de seguir sempre em frente, apesar do tempo ruim ou do calor escaldante, da vida turbulenta, mesmo sabendo que não aprendi tudo que deveria ter aprendido com meu passado.
Mesmo com tudo isso, sinto que estou muito mais longe do ontem, e mais perto do que sonho para amanhã, nunca esquecendo que meus pés estão no presente, e agora mais firme, depois dos tropeços dos tantos que vivi, por isso não posso parar, e quem quiser me acompanhar, que venha ao meu lado, onde eu possa estender a mão quando for preciso, não vá atrás, posso não perceber, nem a frente, onde podes nos atrasar, ao lado e sempre em frente.
E neste amor veneno, quantas almas se consomem.
Com amor muito matam, mas na saudade quantos morrem.
