Martha Medeiros Homem e que nem Biscoito
Ontem, eu adormeci
Relembrando momentos que contigo vivi
Eu nunca me esqueci
E não será a última vez que escrevo sobre ti.
Vigília
Estou há horas nisso
Sempre a mudar de lado,
De manhã tenho compromisso
Chego outra vez atrasado.
O tempo passa a correr
E eu só penso no avolecer.
Amanhã não aguento
O estado sonolento
Ao escrever isso distraí-me
E dei por mim,
A noite já tinha chegado ao fim.
Todos os dias é sempre a mesma cerimónia...
E se desaparecesses, insónia?
(Re)encontro
Minha flor que eu cheirei,
E mal toquei.
Minha flor que eu reguei
E não te vi quando voltei,
Talvez porque já era tarde quando te procurei.
Flor só há uma por isso a cuida,
Porque quando ela se for embora,
Quando te perderes na hora
Não haverá ninguém que te acuda.
E nisto tudo só sugirá um sentimento,
O arrependimento
E se ao menos pudesse mudar algo daqui pra a frente...
Mais uma vez a vida ensinou-me,
Mas não ensaiou-me;
Dor doída.
Temos que pensar na vida
sem pensar no sobrenome
quando existe uma ferida
é tratando que ela some
nunca vi dor tão doída
quando a dor chamada fome.
Encanta nordeste!
O nordeste ainda encanta
isso todo mundo diz
aqui tudo que se planta
tem firmeza na raiz
tire esse nó da garganta
e vem aqui pra ser feliz.
Vida simples.
Assim é o nosso viver
a barriga as vezes contesta
com pouco pra se comer
a esperança é o que resta
mas tenho orgulho em dizer
sou pobre, mas sou honesta.
Origem
Posso até mudar de país
mudar de pobre pra grã-fino
mudar de triste pra feliz
posso até mudar de destino
só não mudo a minha raiz
porque o talo é nordestino.
De volta pra casa.
A seca doía na vista
não tinha nada pra plantar
coloquei meu pé na pista
fui viver em outro lugar
tentei a sorte como artista
e a minha maior conquista
foi a passagem pra voltar.
O amor é a única força que somos capazes de perceber que transcende as barreiras do tempo, espaço e dimensões.
O Nordeste é castigado
pela seca está ferido
com o chão todo rachado
o nosso povo tem sofrido
é por muitos desprezado
mas por nós é protegido.
Projeto de Divino.
O Nordeste foi projetado
pelo arquiteto Divino
deu beleza a cada estado
cada qual com seu destino
criou um povo arretado
e carimbou... é nordestino.
Cuscuz.
Um cuscuz bem suculento
desses de encher a pança
eu só gosto de alimento
que possa me dar sustança
do olho ter um aumento
e do bucho ter confiança.
O sítio.
Eita saudade certeira
de fazer fogo de lenha
de subir numa estribeira
correr pasto pela brenha
ir buscar a vaca leiteira
e tomar leite na ordenha.
Mãe natureza.
Vejo com muita tristeza
a nossa mãe ser agredida
a praia tem muita beleza
não merece ser ferida
quem maltrata a natureza
não respeita a própria vida.
Toda honra.
O trabalho tem honra e garantia
é da terra que brota o sustento
toda fé, oração e Ave Maria
no coração recai o livramento
antes chorar de barriga vazia
do que a alma sofrer sem alimento.
Esperança.
É assim a nossa vida
como viver numa balança
num dia a seca é contida
no outro a seca avança
mas o que falta de comida
está sobrando de esperança.
Banquete.
O meu café é uma riqueza
mesmo sem ter rabanete
não tem queijo de Veneza
nem tem creme de sorvete
mas se tiver cuscuz na mesa
isso pra mim já é banquete.
Nordestinês.
Inconveniente é amostrado
conversa fiada é leseira
moça bonita é faceira
cabra de sorte é cagado
com dinheiro é estribado
e dar uma bronca é carão
de repente é supetão
jarra de barro é um pote
pescoço aqui é cangote
e o puxa-saco é babão.
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