Mais que uma Mao Estendida

CANÇÃO

Viver não dói. O que dói
é a vida que se não vive.
Tanto mais bela sonhada,
quanto mais triste perdida.

Viver não dói. O que dói
é o tempo, essa força onírica
em que se criam os mitos
que o próprio tempo devora.

Viver não dói. O que dói
é essa estranha lucidez,
misto de fome e de sede
com que tudo devoramos.

Viver não dói. O que dói,
ferindo fundo, ferindo,
é a distância infinita
entre a vida que se pensa
e o pensamento vivido.

Que tudo o mais é perdido.

A ciência encontra mais depressa remédios que respostas.

Despendo mais energia numa discussão com a minha mulher, do que em cinco conferências de imprensa.

A honra é como a neve, que, perdida a sua brancura, nunca mais se recupera.

A desgraça deste mundo reside no fato de ser muito mais fácil abandonar os bons hábitos do que os maus.

O medo da morte é mais cruel do que a própria morte.

O interesse explica os fenômenos mais difíceis e complicados da vida social.

A luxúria é como a avareza: quantos mais tesouros tem, mais sôfrega se torna.

A disciplina consiste num imbecil que se faz obedecer por outros mais inteligentes do que ele.

No amor o mais importante é não fazer mal à outra pessoa. É secundário que se atinja este objetivo pela mentira ou pela honestidade. Infelizmente quase toda a gente odeia ser enganada.

Estamos mais preparados para tentar o não tentado quando o que fazemos é inconsequente. Daí o fato notável de que muitas invenções tenham começado como brinquedos.

Mais do que riqueza, quero paz.

Do amor para com a mulher, nasceu tudo o que há de mais belo no mundo.

O passado, mais ou menos fantástico, ou mais ou menos organizado posteriormente, age sobre o futuro com um poder comparável ao do próprio presente.

Preocupa-nos mais que falem de nós, do que a maneira como falam.

É o vencedor moral que mais facilmente morre para vencer.

Um homem sensato acreditará que é mais importante o que o destino lhe concedeu do que o que ele lhe negou.

A virtude é mais apreciada se resplandecer num corpo belo.

O amor-próprio do tolo, quando se exalta, é sempre o mais escandaloso.

O mais grave no nosso tempo não é não termos respostas para o que perguntamos - é não termos já mesmo perguntas.