Lili Inventa o Mundo - Mario Quintana

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O futuro é uma espécie de banco ao qual vamos remetendo, um a um, os cheques de nossas esperanças. Ora, não é possível que todos os cheques sejam sem fundo.

Verbetes

Infância - A vida em tecnicolor.
Velhice - A vida em preto-e-branco.

Entre a minha casa e a tua, há uma ponte de estrelas.
Uma ponte de silêncios.

Há ilusões perdidas mas tão lindas que a gente as vê partir como esses balõezinhos de cor que nos escapam das mãos e desaparecem no céu...

Mario Quintana
Uma frase para álbum. In: A vaca e o hipogrifo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

Não sei dançar. Minha maneira de dançar é o poema.

Quando eu morrer e no frescor de lua
Da casa nova me quedar a sós,
Deixa-me em paz na minha quieta rua...
Nada mais quero com nenhum de vós!

Quero é ficar com algumas poemas tortos
Que andei tentando endireitar em vão...
Que lindo a Eternidade, amigos mortos,
Para as torturas lentas da Expressão!...

Eu levarei comigo as madrugadas,
Pôr de sóis, algum luar, asas em bando,
Mais o rir das primeiras namoradas...

E um dia a morte há de fitar com espanto
Os fios de vida que eu urdi, cantando,
Na orla negra do seu negro manto...

Ah! quanta vez a vida nos revela que "a saudade da amada criatura" é bem melhor do que a presença dela.

Temos que nos bastar... nos bastar sempre e quando procuramos estar com alguém...

Só o que está perdido é nosso para sempre.

Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá.
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é Es-pe-ran-ça...

As crianças não brincam de brincar. Brincam de verdade.

O triste dos caminhos é que eles jamais podem ir aonde querem.

E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas.

DA ANÁLISE

Eis um problema! E cada sábio nele aplica
As suas lentes abismais.
Mas quem com isso ganha é o problema, que fica
Sempre com um X a mais...

Por causa tua, quantas más ações deixei de cometer.

Poesia, uma maneira de falar sozinho.

A mentira é uma verdade que não aconteceu.

Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas.

Em cima do meu telhado,
Pirulin lulin lulin,
Um anjo, todo molhado,
Soluça no seu flautim.

O relógio vai bater;
As molas rangem sem fim.
O retrato na parede
Fica olhando para mim.

E chove sem saber por quê...
E tudo foi sempre assim!
Parece que vou sofrer:
Pirulin lulin lulin...

O que têm de bom as nossas mais caras recordações é que elas geralmente são falsas.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.