Lamento pela Morte de um Ente Querido
Deixe escapar um pássaro que não tem ninho
e com certeza ele não irá voltar.
Mas se queres que ele volte sempre,
primeiro trata de aninhar ele contigo.
Dizem que de louco todo mundo tem um pouco.
Então considerando que muitos surpreendam-se comigo,
de louco eu devo ter um muito.
E quer saber? Hei de ter então muito mais.
Ninguém se destaca nessa vida sendo igual a todo mundo.
Por um instante quis sentir falta de alguém, mas não consegui me lembrar de ninguém. Por outro instante quis inventar uma pessoa, mas eu era tão de verdade naquele momento que me faltou capacidade para ser enganada.
Isto é Natal?
Muito cuidado com aquele amontoado de gente suada de tanto correr para procurar um presente, o mais barato possível, com aparência de caríssimo, para berrar o nome do amigo oculto no meio de inimigos declarados! Muito cuidado!
Muito cuidado com essa neurose de casa enfeitada, cheia de estrelas e penduricalhos, tudo piscando, tudo com brilho, para receber pessoas abandonadas e carentes, que vieram se abrigar no “refúgio” anual dos parentes para amenizar as dores da saudade, da ingratidão. Muito cuidado!
Muito cuidado com o jantar cuspido e dos pratos trazidos de cada convidado. Coma somente o necessário para fingir que jantou, porque o peso dos molhos e dos musses podem lhe fazer muito mal nessa altura do dia! Muito cuidado.
Muito cuidado com aqueles parentes para os quais você não pode contar as vitórias retumbantes do ano velho: reduza o brilho das suas conquistas, bote tudo no diminutivo, não conte a menor “vantagem”, é... a sua luta, o seu stress pra conseguir as coisas, eles acham que você está contando vantagem. Chega também nessa festa reclamando de alguma coisa, nem que seja da sua velhice. Vão adorar a festa!!! Muito cuidado.
Muito cuidado ao falar dos filhos também. Claro, vão perguntar por aquele que lhe dá trabalho, pelo desempregado, pelo folgado, pelo falido, ao invés de elogiar os outros que dispararam na direção do sucesso... Muito cuidado.
Muito cuidado ao chegar de carro, o seu novinho, lindo. Estacione lá longe, e finja que chegou de carroça, de charrete, de ônibus, de van, sei lá; seja criativo. Muito cuidado.
Muito cuidado com você também. Não vá chegar com uma bolsa Vitton, com roupa de marca, com maquiagem importada, não. Lave a cara, chegue de olheiras, seja discreto. Cirurgia plástica? Não conte! Converse sobre a Bolsa de Xangai, sobre o preço do combustível, sobre a pacificação dos morros, sobre a previsão do tempo. Muito cuidado.
Afinal de contas, tem muita gente pensando que é assim que se comemora o Natal. Quando o aniversariante é convidado para a festa, nada disto acontece. O encontro começa e termina com uma oração. Existe harmonia, boa vontade, carinho, ninguém está preocupado com disputa, concorrência, aparência. Pense nisto, afinal!
FELIZ NATAL
A prontidão em acreditar no mal sem o ter examinado profundamente é um efeito do orgulho e da preguiça. Queremos descobrir os culpados, mas não queremos dar-nos ao trabalho de examinar os crimes.
Ter um sorriso que - ninguém sabe a razão - diminui o peso da cadeia enorme arrastada em comum por todos os viventes, que queres que te diga? É divino.
Há um ideal comum a todos, ideal que dispensa consumo de ideias: coisa em si materialíssima, que se chama ideal em virtude de tácita convenção, feita há cinco mil anos, de nos enganarmos uns aos outros, e cada qual a si.
A fome/2
Um sistema de desvinculo: Boi sozinho se lambe melhor.., O próximo, o outro, não é seu irmão, nem seu amante. O outro é um competidor, um inimigo, um obstáculo a ser vencido ou uma coisa a ser usada. O sistema, que não dá de comer, tampouco da de amar: condena muitos à fome de pão e muitos mais à fome de abraços. p. 81
Dizem as paredes/l
No setor infantil da Feira do Livro, em Bogotá:
O Loucóptero é muito veloz, mas muito lento.
Na avenida costeira de Montevidéu, frente do rio-mar:
Um homem alado prefere a noite.
Na saída de Santiago de Cuba:
Como gasto paredes lembrando você!
E nas alturas de Valparaíso:
Eu nos amo.
p. 83
de O Livro dos Abraços
O sucesso não é como um lugar ao qual você chega,
nem como uma estrada pela qual você passa.
O sucesso assemelha-se mais a uma caminhada,
a uma construção, ou mesmo ao plantio:
é preciso seguir um passo após o outro, dia após dia, tijolo por tijolo.
Não existe vitória sem labuta.
Um amor deve servir de trampolim para nossos saltos ornamentais, não para provocar escorregões e vexames.
Há um tipo de choro bom e há outro ruim. O ruim é aquele em que as lágrimas correm sem parar e, no entanto, não dão alívio. Só esgotam e exaurem. Uma amiga perguntou-me, então, se não seria esse choro como o de uma criança com a angústia da fome. Era. Quando se está perto desse tipo de choro, é melhor procurar conter-se: não vai adiantar. É melhor tentar fazer-se de forte, e enfrentar. É difícil, mas ainda menos do que ir-se tornando exangue a ponto de empalidecer.
Mas nem sempre é necessário tornar-se forte. Temos que respeitar a nossa fraqueza. Então, são lágrimas suaves, de uma tristeza legítima à qual temos direito. Elas correm devagar e quando passam pelos lábios sente-se aquele gosto salgado, límpido, produto de nossa dor mais profunda. Homem chorar comove. Ele, o lutador, reconheceu sua luta às vezes inútil. Respeito muito o homem que chora. Eu já vi homem chorar.
É que eu queria um amor novinho em folha. Que viesse de caminhos parecidos com os meus. Que conhecesse todos os lados da moeda do amor e desamor, de lágrimas e sorrisos, dos dias nublados e coloridos. Um amor que viesse de histórias bem resolvidas e terminadas. Vividos até a última gota. Assim como eu. Um amor novinho, inteiro, que viesse pra ficar enfim, para sempre; na minha história...
"Qualquer um pode simpatizar com as penas de um amigo.
Simpatizar com seus êxitos requer uma natureza delicadíssima"
Não, eu nunca serei um "grande escritor",
destes que os intelectuais falam com pompa e entusiasmo,
e que povoam as galerias dos imortais,
ou que são estudados nas aulas de literatura.
Não tenho este tipo de pretensão,
mas não seria nem se eu o quisesse,
pois a natureza não me fez assim.
A natureza me fez poeta, apenas,
e se isso for lá grande coisa,
não me importa que me chames 'um poetinha', tão somente,
se é que se faz necessário chamar-me de alguma coisa.
Se não, me chame apenas pelo meu nome, e isto basta.
Só queria ficar perto dele. No máximo, deitar abraçado com ele. Na mesma cama. Nem um beijo, nada. Só um abraço, bem apertado.
Dar um tempo. Férias. Tomar fôlego. Reorganizar as ideias. Era tudo o que eu precisava para continuar. Sabe o que é isso? Eu, minhas amigas, biquínis e um caderninho. No apartamento em que nós estávamos, sempre alguma delas gritava da porta: Pegou o boné? Alguém achou meu óculos? Vai fazer frio? Fê, pegou seu caderninho? E assim eu saía. Com cangas, blusas de frio, protetor solar e o tal caderninho. (Tenho sempre um caderninho na bolsa, aonde quer que eu vá). Hoje - já em casa e de volta ao trabalho - meu caderninho está assim: cheio de areia e palavras. Meu coração está leve, mesmo sabendo que a realidade está na ponta do meu nariz e - amigas! - é chegada a hora de ira à luta! De novo. O lado não tão bom disso tudo é o desassossego de descobrir coisas sobre nós mesmas que a gente insiste em não enxergar. A parte boa é que - sei lá - existe parte boa? Brincadeira! Sempre existe. E eu não posso me dar por vencida com um bronzeado desses. Não agora. Não hoje. Mesmo tendo lido aquela frase do livro da Maitê Proença que me fez chorar. Não de tristeza. Chorei porque sou burra mesmo. Se tivesse lido esta frase antes (Aonde você estava, Maitê??), talvez eu tivesse sofrido menos. Por ele. Aquele que foi o amor da minha vida. Que talvez ainda seja. Que sempre será. Mas a tal frase que me puxou o tapete foi simples como tudo o que eu gosto: "não quero o amor da minha vida ocupando o lugar de amor da minha vida". Entendeu? Decorou? Lindo isso. Lindo e triste. Maitê sabia. Soube antes de mim. Bem antes. Esperta essa garota. Tão linda, atriz e sublime com seu olhar verde-esmeralda - Maitê Proença - nossa Dona Beja, também teve seu coração machucado. Dilacerado, imagino. Normal. Desse mal, meu bem, ninguém escapa. Mas o bom disso tudo é que consigo agora abrir meu coração sem rodeios. Sim, amei sem limites. Dei meu coração de bandeja. Sim, sonhei com casinhas, jardins e filhos lindos correndo atrás de mim. Mas tudo está bem agora. Eu digo: agora. Houve uma mudança de planos. E eu me sinto incrivelmente leve e feliz. Descobri tantas coisas. Tantas. Tantas. Existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor. Que viver um amor. Tantos amigos. Tantos lugares. Tantas frases e livros e sentidos. Tantas pessoas novas. Indo. Vindo. Tenho só um mundo pela frente. E olhe pra ele. Olhe o mundo! É tão pequeno diante de tudo o que sinto. Vejo minha lista - anotada com um coração bic no meu caderninho-de-bolsa: coisas que preciso fazer antes dos 35 anos. Sinto uma alegria infantil. Está tudo ali. Meus desejos. Meus maiores sonhos. Minha obsessão por um laptop. Minha vontade de escrever um livro. Ter um filho. Fazer mil cursos. Aprender coisas novas. Conhecer lugares. Pessoas. Me conhecer mais. Me descobri um pouquinho e parece que foi tanto! Porque agora muitas coisas fazem sentido. Minhas palavras. Tudo o que quero ser e criar. Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa. Descobri. Ou melhor, aceitei: eu nunca vou esquecer o amor da minha vida. Nunca. Mas agora, com sua licença. Não dá mais para ocupar o mesmo espaço. Meu tempo não se mede em relógios. E a vida lá fora, me chama!
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