Jardim das Borboletas Vinicius de Moraes
floresta
tal qual um herbívoro
pastaria, lento,
nessa relva úmida —
beberia orvalho
(um doce noturno)
até que a floresta
toda se desmanchasse em chuva.
(e eu, fitófago)
ao morder teu broto
e inundar-me dela,
jamais secarei:
porque após a chuva
fica entre as folhas
o brilho da falta —
água que não evapora.
mas não há fim
para quem bebeu
de tua fonte:
o gosto que
a boca guarda
(não se perde)
— é eterno
como sede.
e teu rio,
que em mim virava mar
brotava até o que não era semente,
na boca de outro herbívoro —
secou.
antes que ele pudesse beber.
(risos)
sangue e lápis
asas da liberdade
entre linhas
algo que poucos
podem captar
perdi-me e me refiz
em refúgio abstrato,
disforme.
depois que te conheci,
ó Poesia,
ganhei forma no caos
que era meu rosto
torto.
meu eu-lírico
tornou-se
meu sangue,
meu respirar,
meu garfo.
dou corpo à dor,
a entalho—
para que ela
encontre o cinzel
e ali morra.
me dissolvo na escrita;
morro no papel
para renascer em cada linha.
se um dia eu calar,
morremos juntos:
verso e peito.
entre escrever e alívio,
escolhi sangrar.
quem escreve pra curar
continua doente.
opióide I
abre espaço
pro entorpecimento.
confusão — coração
lasso.
a sensação
do esgotamento
se esvai
em um abraço.
o traço, o laço
que entorpecia
desaparece num
retrato opaco.
letargia.
silêncio,
dormência,
espaço.
a melodia da monotonia
encontra na nostalgia
o ópio
(da poesia)
e a brisa da inércia
suspende, cessa.
sufoca a essência.
despe a alma
com delicadeza adversa.
a sensação do cansaço
encontra,
enfim, na cama, abraço.
alquimia do corpo.
torpor —
afunda travesseiro.
e o universo
mergulha em inteiro
esquecimento,
lento.
escrevo nos versos,
brincando de alquimista,
enquanto esbagaço
o pedaço
da harmonia
que novamente
encontra poesia —
e juntos
formam magia
(em suave contraste)
com a agonia.
simpatia desencontra
a euforia,
a alegria
vira utopia
(sonho acordado)
com a calmaria —
como se,
em alquimia,
essa anestesia tecesse
uma sinfonia
que se perde
em fantasia.
e os tormentos morrem
injetados entre sílabas
e remédios dourados.
provocação II
(um rascunho de pele)
es pa ço
entre nós:
meu
s
u
s
s
u
r
r
o
(quero te machucar de tão bonita que você é)
risca o ar —
seco —
(risco
risos
risco
risos
risco)
---
toque?
(mentira.
só o ar
que você roubou
do meu pulmão.)
(a alça do seu sutiã escapou do ombro por descuido?)
---
sumiço?
(mentira.
só o eco
do meu hálito
na sua boca fantasma.)
(apaguei quatro metáforas aqui: todas mentiam)
---
vontade?
(verdade e,
contra minha vontade,
te xingando
sem maldade
encerro a escrita
te deixando na...)
reticência.
Quando estiver cansado do cansaço
Olhe para a linha do tempo
E relembre por um momento
A força que em ti havia
Siga o norte que te guia
E viva novamente o seu passado
Estamos vivendo uma época em que
pessoas mais capazes do que nós mostram,
todos os dias, o quanto são mais felizes e
bem-sucedidas do que nós. Não há como
fugir; por mais que você largue o celular ou se isole do mundo, não vai adiantar nada. Todas as pessoas ao nosso redor nos comparam o tempo todo. Já não basta nos afogarmos em fraqueza ao ver isso. Eles fazem você querer ser como eles ou morrer tentando. Mesmo existindo a forma antiga e simples de apenas viver segundo seus conceitos e ser feliz à sua maneira, as pessoas continuam tentando ser a "super feliz", mesmo sendo impossivel.
Achar que o amor não é para mim, é um dos piores sentimentos que uma pessoa pode sentir. É como se eu não fosse nada, como se eu fosse um problema ambulante, tudo em mim parece estar errado.
A única coisa que se precisa para aproveitar a vida é ter consciência de que tudo passa, com exceção de suas lições e suas marcas se forem dignas de tal honra!
Briga de energia
.
Por que você espera tanto dos outros? Por que dá tanta importância para o que eles dizem? Não ligue. As pessoas fecham a cara hoje e, amanhã, abrem.
Toda vez que você recebe uma ofensa, o ofensor se sente vitorioso. Toda vez que você rejeita uma ofensa, a energia volta para a pessoa que a ofendeu. Ela sofre o impacto da própia energia, se arrepende do que fez e, então, muda.
A única maneira de se defender nesse mundo é não aceitar nenhum desaforo. A pessoa fez desaforo? Não estou nem ligando. Me fez mal? Pode fazer. Me quis mal? Pode querer. Assim, a gente vai deixando todo o mal lá fora, não aceita nada e não entra nada. O que acontece?
A energia volta para a pessoa. E, dai a pouco, ela vai se sentir culpada. Então, se arrepende do que fez e vai pedir desculpas. Mas se a pessoa é rude e indelicada e a gente se magoa com aquilo, guarda aquela energia, ela se sente vitoriosa. Na verdade, ela não está querendo ofender, mas exercer seu poder de se
sentir superior. Olha para você como inferior a ela, porque você se põe de inferior.
E por que você se sente inferior? Porque você é uma lata de lixo que pega toda a porcaria que os outros mandam. Leva a sério tudo quanto é desaforo, tudo quanto é besteira. Mas se você não pega, dá de ombros e diz:
- É a pessoa que está criando essa energia ruim de antipatia e não vou pegar. Vai ter que engolir o que ela mesma está criando.
Aí, minha filha, tudo muda. Estou ensinando como se defender da briga de energia, do jogo do poder. Se você ganhar, tem que ser mais forte que o outro. Senão, você vai perder...
O pobre de mim
.
Quanta gente sofre sem necesidade. Sabe qual o maior problema do pobre de mim? Quando você diz:
- Sou coitado. Eu não tenho poder, eu não tenho jeito, eu não tenho, eu não tenho...
Você fecha interiormente as portas dos recursos que estão no inconsciente e que deveriam emergir nesse momento. Em vez de dar força e trazer para fora o poder, a criação, a cura, a solução, você acaba fechando e ficando naquela posição miserável, dando cada vez mais passagem para aquilo que o está atormentando, que está lhe fazendo mal.
A gente tem que parar com esse vício. Você já viu alguém com pobre de mim resolver algum problema, sair de uma situação feia para outra melhor? Eu nunca ví. Mas a gente se acha no direito de dizer:
- Ah, porque coitado de mim, só eu faço tudo, só eu sou assim...
Cai no pobre demim, que é a mesma coisa que o desespero. Tem gente que gosta de ficar desesperada. Qualquer coisa faz escândalo.
Há pessoas que agem sem pensar e sem observar a vida. Estão errando e estão fechando os olhos. E, quando se vêem num beco sem saida, fazem escândalo com se isso fosse consertar a vida delas. Mas como a vida é eterna, se mate ou não, tudo continua, até para pior.
Por que você não vira uma pessoa inteligente de uma hora para a outra? Use sua inteligência que Deus lhe deu. Diga:
- Que desespero que nada! Nada merece tanta atenção assim. Nada merece estragar as coisas da minha vida. Se uma coisa não está bem, o resto pode estar. Eu não sou o coitado. Sou uma fonte de poder e de conhecimento. Tudo dá muito certo na minha vida. Tudo está a meu favor. Está tudo bom - eu grito. Aí vai ficando bom mesmo, porque a gente puxa as forças positivas.
Assim como as águas mansas do rio procura seu leito, meu coração ainda busca seu amor perdido na imensidão do tempo.
Prezado Professor, sou sobrevivente de um campo de concentração. Meus olhos viram o que nenhum homem deveria ver. Câmaras de gás construídas por engenheiros formados. Crianças envenenadas por médicos diplomados. Recém-nascidos mortos por enfermeiras treinadas. Mulheres e bebês fuzilados e queimados por graduados de colégios e universidades. Assim tenho minhas suspeitas sobre a Educação. Meu pedido é: ajude seus alunos a tornarem-se humanos. Seus esforços nunca deverão produzir monstros treinados ou psicopatas hábeis. Ler, escrever e saber aritmética só são importantes se fizerem nossas crianças mais humanas.
Deslizo pelos dias, tantas comemorações, minha vida esse raio de sol que não cessa.
Já escrevi muita coisa triste, já perdi tanta coisa com resignação e até com destreza.
Agora nem me apavoro, toda dor é só um sopro em meio ao que vislumbro de possibilidades. Criatividade, eu aprendi, é inventar alternativas quando não se tinha. Onde não se via. Por enquanto, só o que tem me preocupado são as novas regras ortográficas, já que palavras compõem meus fatos, meus sonhos, minhas narrativas.
E se eram os hífens que me separavam do meu amor-próprio, tenho tudo que preciso agora: tanto autorrespeito.
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