Ja me Disseram q eu sou uma Mulher Incomum

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Não sou de usar as mulheres e depois jogar fora. Tranco todas no armário.

Que receais de mim, visto que sou o impossível?

Não sou obrigado a jurar sobre as palavras de nenhum mestre.

Sou quem duvida e a própria dúvida.

É a minha opinião, e sou a seu favor.

Posso nunca ter sido (...), por conseguinte não sou um ser necessário.

Sou peixe e sou pássaro
quando me afogo em teus seios
em vôo para os sonhos

Sou definitivamente
louca do haikai.
Ele, também.

O passado é a única realidade humana. Tudo o que é já foi.

A decadência da oferta espelha-se na penosa invenção dos artigos para presente, que já pressupõem o fato de não se saber o que presentear porque, na verdade, não se tem nenhuma vontade de fazê-lo.

Todo o delito
Já traz no ventre o seu próprio anjo vingador,
A terrível espera.

Existem cerca de 100 bilhões de estrelas na galáxia. Esse já foi considerado um número grande. Mas é apenas cem bilhões. É menos que a dívida interna! Antigamente, estes números eram chamados de números astronômicos. Agora, deveríamos chamá-los de números econômicos.

A juventude é presunçosa, a velhice tímida, porque a primeira quer viver e a segunda já viveu.

Não importa muito com quem te casas, já que na manhã seguinte seguramente descobrirás que se tratava de outra pessoa.

Ensinam-nos a viver quando a vida já passou.

Que importa que já o saibas? Só se sabe o que já nos não surpreende.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Escrever, Bertrand, 2001

O homem que sabe ler fala com os ausentes e mantém vivos os que já morreram. Comunica-se com o universo - não conhece o tédio - viaja - ilude-se. Mas quem lê e não sabe escrever é mudo.

Não se diz nada que já não tenha sido dito.

Cheguei demasiado tarde
e já todos se tinham ido embora
restavam paeis velhos, vidas mortas,
identidade, sujidade, eternidade.

Comeram o meu corpo e
beberam o meu sangue; e, pelo caminho, a minha biblioteca;
e escreveram a minha Obra Completa;
sobro, desapossado, eu.

Resta-me ver televisão,
votar, passear o cão
(a cidadania!). Prosa também podia,
e lentidão, mas algo (talvez o coração) desacertaria.

Pôr-me aos tiros na cara como Chamfort?
Dar em aforista ou ainda pior?
Mudar de cidade? Desabitar-me?
Posmodernizar-me? Experienciar-me?

Com que palavras e sem que palavras?
Os substantivos rareiam, os verbos vagueiam
por salões vazios e incendiados
entregando-se a guionistas e aparentados.

Cheira excessivamente a morte por aqui
como no fim de uma batalha cansada
de feridas antigas, e eu sobrevivi
do lado errado e pela razão errada.

“Que dia? Que olhar?”
(Beckett, “Dias felizes”)
Que feridas? Que estanda-
te? Que alheias cicatrizes?

Estou diante de uma porta (de uma forma)
com o – como dizer? – coração
(um sítio sem lugar, uma situação)
cheio de palavras últimas e discórdia.

Só quando já não se tiver finalidades na vida é que se é realmente livre.