Ja Chorei Ouvindo Musica Chaplin

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Ontem chorei. Por tudo que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo que se perdeu. Por termos nos perdido.

Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido.

A primeira vez que conversamos eu chorei depois a noite inteira, porque ele inteirinho me doía, porque parecia se doer também.

Inserida por alines2

A vida me ensinou a entender tudo sem reclamar.
Mas fique mais, não vá embora agora que eu já quase era feliz.

Que importa àquele a quem já nada importa que um perca e outro vença .. se a aurora raia sempre .. se cada ano com a Primavera as folhas aparecem .. e com o Outono cessam? E o resto, as outras coisas que os humanos acrescentam à vida, que me aumentam na alma? Sim, sei bem que nunca serei alguém. Sei, enfim, que nunca saberei de mim. Sim, mas agora, enquanto dura esta hora, este luar, estes ramos, esta paz em que estamos .. deixem-me crer o que nunca poderei ser. Ser um é cadeia, ser eu é não ser. Viverei fugindo mas vivo a valer. O mistério do mundo, o íntimo, horroroso, desolado, verdadeiro mistério da existência, consiste em haver esse mistério. Quanto mais fundamente penso, mais profundamente me descompreendo. Só a inocência e a ignorância são felizes, mas não o sabem. São ou não? Que é ser sem o saber? Ser, como a pedra, um lugar, nada mais. Quanto mais claro vejo em mim, mais escuro é o que vejo. Quanto mais compreendo menos me sinto compreendido.

Alguns, bem sei, já até me disseram, me acham perigosa, Mas também sou inocente. (...) Sei, e talvez só eu e alguns saibam, que se tenho perigo tenho também uma pureza. E ela só é perigosa para quem tem perigo dentro de si. (...) Às vezes a raiz do que é ruim é uma pureza que não pôde ser.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica O vestido branco.

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Tento ser muito legal com todo mundo, se você gosta ou não de mim, o problema já é seu.

E tudo isso já faz parte de um todo, de um mistério. Sou uma só. (...) Sou um ser. E deixo que você seja. Isso lhe assusta? Creio que sim. Mas vale a pena. Mesmo que doa. Dói só no começo.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Máquina escrevendo.

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E depois isso passa. Depois te esqueço. Como já esqueci tantas vezes. E você não é mais ninguém como de fato já não é há muito tempo.

O negócio é só sentir, meu irmão, só sentir. Pensar já era. Pensar acabou, não se usa mais.

Você já parou para pensar como sua vida seria diferente se não tivesse conhecido certo alguém?

E mais uma vez, eu abri uma página sua de uma rede social e fiquei olhando sua foto. Como eu já sorri olhando praquilo, você não tem idéia. Mas das últimas vezes, infelizmente não era sorrindo que eu olhava.

Já repararam como, em dias quentes e azuis na beira da praia, no rio, todos parecem deuses?

Todavia já está ficando tarde e, em atenção às próprias peles, essas moças tão metódicas lembram agora uma à outra que já é hora de apagar a luz.

Já me disseram que sou bom de chegada e ruim de saída. Devo reconhecer que é verdade. Mas a culpa não é minha.

Já que sempre acabo comendo chocolate no Dia dos Namorados, alguém podia me dar um namorado na Páscoa.

Desisti. E isso é a coisa mais triste que tenho a dizer. A coisa mais triste que já me aconteceu. Eu simplesmente desisti.

Já que eles (governo) não pensam na gente, vamos a gente pensar na gente e, nas pessoas que a gente ama, porque no final das coisas, é isso que vale.

Continuo sentindo tudo o que sentia, mas já sem procurar lógica para esse sentimento atrofiante. Sigo triste, mas menos catastrófica.

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Fora de Mim. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2010.

É engraçado como existem pessoas que simplesmente olhamos e já percebemos que vão entrar em nossas vidas e ficarão pra sempre.