Ja Chorei de tanto Rir

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O homem que sabe ler fala com os ausentes e mantém vivos os que já morreram. Comunica-se com o universo - não conhece o tédio - viaja - ilude-se. Mas quem lê e não sabe escrever é mudo.

A juventude é presunçosa, a velhice tímida, porque a primeira quer viver e a segunda já viveu.

Não importa muito com quem te casas, já que na manhã seguinte seguramente descobrirás que se tratava de outra pessoa.

Que importa que já o saibas? Só se sabe o que já nos não surpreende.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Escrever, Bertrand, 2001

Um homem já está metade apaixonado por qualquer mulher que o ouça.

Todo o delito
Já traz no ventre o seu próprio anjo vingador,
A terrível espera.

Quando o poder dirige a sua mira para o bem pessoal de quem o exerce, já degenerou em tirania.

Saber envelhecer é fácil: já não se tem a dificuldade da escolha.

Só quando já não se tiver finalidades na vida é que se é realmente livre.

Querermos ser do nosso tempo é estarmos já ultrapassados.

nem sabia os nomes
das flores ? agora
meu jardim já era

Hoje, não se sabe falar porque já não se sabe ouvir.

Canção de Primavera

Eu, dar flor, já não dou. Mas vós, ó flores,
Pois que Maio chegou,
Revesti-o de clâmides de cores!
Que eu, dar, flor, já não dou.

Eu, cantar, já não canto. Mas vós, aves,
Acordai desse azul, calado há tanto,
As infinitas naves!
Que eu, cantar, já não canto.

Eu, Invernos e Outonos recalcados
Regelaram meu ser neste arrepio…
Aquece tu, ó sol, jardins e prados!
Que eu, é de mim o frio.

Eu, Maio, já não tenho. Mas tu, Maio,
Vem com tua paixão,
Prostrar a terra em cálido desmaio!
Que eu, ter Maio, já não.

Que eu, dar flor, já não dou; cantar, não canto;
Ter sol, não tenho; e amar…
Mas, se não amo,
Como é que, Maio em flor, te chamo tanto,
E não por mim assim te chamo?

José Régio
Filho do Homem

Cheguei demasiado tarde
e já todos se tinham ido embora
restavam paeis velhos, vidas mortas,
identidade, sujidade, eternidade.

Comeram o meu corpo e
beberam o meu sangue; e, pelo caminho, a minha biblioteca;
e escreveram a minha Obra Completa;
sobro, desapossado, eu.

Resta-me ver televisão,
votar, passear o cão
(a cidadania!). Prosa também podia,
e lentidão, mas algo (talvez o coração) desacertaria.

Pôr-me aos tiros na cara como Chamfort?
Dar em aforista ou ainda pior?
Mudar de cidade? Desabitar-me?
Posmodernizar-me? Experienciar-me?

Com que palavras e sem que palavras?
Os substantivos rareiam, os verbos vagueiam
por salões vazios e incendiados
entregando-se a guionistas e aparentados.

Cheira excessivamente a morte por aqui
como no fim de uma batalha cansada
de feridas antigas, e eu sobrevivi
do lado errado e pela razão errada.

“Que dia? Que olhar?”
(Beckett, “Dias felizes”)
Que feridas? Que estanda-
te? Que alheias cicatrizes?

Estou diante de uma porta (de uma forma)
com o – como dizer? – coração
(um sítio sem lugar, uma situação)
cheio de palavras últimas e discórdia.

a cerca já era
coroa de rosas
entre chifres do touro

O mais difícil: redescobrir sempre o que já se sabe.

A riqueza tem as suas vantagens, já a pobreza, embora tenha feito algumas tentativas nesse sentido, nunca provou ser vantajosa.

Onde a vontade só desperta, aí já quase se alcançou alguma coisa.

A verdadeira pergunta é inocente e é por isso mais própria da criança. A resposta perdeu já a inocência e é assim mais própria do adulto.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, Bertrand, 1992

Quando um actor finalmente aprende a interpretar todos os tipos de papéis, geralmente já está velho demais para eles, e só pode interpretar alguns poucos.

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