Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza 😉

Amor nĂŁo mata. NĂŁo destrĂłi, nĂŁo Ă© assim. Aquilo era outra coisa.

"Amor que Ă© amor nĂŁo para, nĂŁo tem intervalo, atropela."

Eu protegi o teu nome por amor.
Em um codinome, Beija-flor...

E Ă© sĂł amor que eu respiro.

Mesmo o amor mais forte nĂŁo resiste Ă  ausĂȘncia dos sonhos...

O amor Ă© uma mĂĄquina do tempo, e todo desejo, Ă© desejo de voltar. E encontrar no amor as pessoas de quem gostĂĄvamos (
). Mas nĂŁo Ă© sĂł isso, querer voltar ao passado Ă© querer transformar esse passado quantas vezes forem necessĂĄrias.

A perda do amor Ă© igual Ă  perda da morte. SĂł que dĂłi mais. Quando morre alguĂ©m que vocĂȘ ama, vocĂȘ se dĂłi inteiro (a) mas a morte Ă© inevitĂĄvel, portanto normal. Quando vocĂȘ perde alguĂ©m que vocĂȘ ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo (a), hĂĄ entĂŁo uma morte anormal. O NUNCA MAIS de nĂŁo ter quem se ama torna-se tĂŁo irremediĂĄvel quanto nĂŁo ter NUNCA MAIS quem morreu. E dĂłi mais fundo - porque se poderia ter, jĂĄ que estĂĄ vivo (a). Mas nĂŁo se tem, nem se terĂĄ, quando o fim do amor Ă© NEVER.

Mas o amor verdadeiro, se Ă© que existe, onde fica?

ProjeçÔes: e amanhã, e depois? E trabalho, amor, moradia? O que vai acontecer?

Mais uma festa

Um a um foram chegando, e eu somando a quantidade de amor que tenho no mundo. Mais ou menos 50 pessoas foram, somando com mais um monte de e-mails e mais um monte de ligaçÔes, é  atĂ© que sou bem amada. Calma, vocĂȘ Ă© amada, tĂĄ vendo? NĂŁo precisa mais ficar em casa de pijama assistindo Woody Allen, vocĂȘ Ă© amada. É que dĂĄ uma preguiça de existir.
Comemoro que estou viva, no meio da confusão que é comemorar ter amigos, comemorar a blusa nova, comemorar que tenho emprego e, por isso, amigos e roupa nova, comemorar que fiz progressiva na franja, comemorar que não sou um alien e consigo socializar, comemorar que existo dentro de uma comunidade que me aceita e até sai de casa pra tentar achar uma ruazinha difícil pra caramba.
Sorri em todas as fotos, esgotei minhas piadas, desfilei abraços, toquei em muita gente, ganhei alguns presentes, fiz bem meu papel de “olha que legal, estou aqui, mais um ano se passou e eu continuo achando que vale a pena estar aqui”.
Um a um vĂŁo embora, e eu somando a quantidade de amor que vai embora.
Sobram os loucos e suas insĂŽnias, sobra o garçom cansado que nĂŁo agĂŒenta mais os loucos e suas insĂŽnias. Sobra uma latinha num canto, seis cadeiras solitĂĄrias formando uma rodinha animada, muitas bitucas que insinuam um animado papo que nĂŁo existe mais. Sobro eu, novamente.
A vida, a noite, as festas, tudo continua igual. O mesmo fedor de cigarro no cabelo, o mesmo homem bonito me olhando de longe, o mesmo homem bonito que, quando chega perto e abre a boca, eu gostaria que tivesse permanecido longe. O mesmo ùnimo em pertencer, a mesma alegria em comemorar, a mesma festa em se encontrar. Mas ninguém sabe exatamente ao que pertence, o que comemora e muito menos o que encontra.
Atravesso a rua sozinha, carregando uma sacola cheia de presentes e cartinhas. Entro sozinha no meu carro, ouço de novo a mĂșsica da semana, sigo em frente. Carrego o afeto que ganhei numa sacolinha rosa, mas dentro do meu coração Ă© sempre esse saco furado e negro.
Por mais que todas as terapias do mundo, todas as auto-ajudas do universo e todos os amigos experientes do planeta me digam que preciso definitivamente nĂŁo precisar de vocĂȘ, minha alma grita aqui dentro que, por mais feliz que eu seja, a festa Ă© sempre pela metade.
É vocĂȘ quem eu sempre busco com minha gargalhada alta, com a minha perdição humana em festejar porque Ă© preciso festejar, com a minha solidĂŁo cansada de se enganar.
NĂŁo agĂŒento mais os mesmos papos, os mesmos cheiros, as mesmas gĂ­rias, os mesmos erros, a volta por cima, o salto alto, o queixo empinado, o peito projetado pra frente. NĂŁo agĂŒento mais fingir com toda a força do mundo que tudo bem festejar sem saber quem Ă© vocĂȘ.
Eu nĂŁo acredito mais em sumir do paĂ­s, em trocar de emprego, em mudar de religiĂŁo, em ficar em silĂȘncio atĂ© que tudo se acalme, em dormir atĂ© tarde, no fim de tarde na Praia Preta, na nova proposta, no novo projeto, no super livro, no filme genial, na nova galera, na academia moderna, no carinha atĂ© que bacana que gosta de jazz e restaurantes charmosos, no curso de histĂłria, em comprar o novo CD mais master animado do mundo, em ler John Fante longe de tudo, em ser dondoca, em fazer progressiva, em fazer boxe, em fazer torta de verdura, em ser batalhadora, em ser fashion, em nĂŁo ser nada. Mas eu continuo acreditando na gente, eu continuo acreditando que tudo sem vocĂȘ Ă© distração e tudo com vocĂȘ Ă© vida.
Como eu queria agora ir para a sua casa, deitar na sua cama, ouvir a sua voz, esquentar meu pé na sua batata da perna. Como eu queria saber seu nome, seu cheiro, sua rua.
Assim como um dia um samba saiu procurando alguĂ©m, este texto tem a missĂŁo de sair em sua busca. Eu nĂŁo escrevo por dinheiro, vaidade, pretensĂŁo ou inteligĂȘncia. Eu escrevo porque eu sei que Ă© assim que vou te encontrar. Eu escrevo porque nĂŁo posso mais agĂŒentar que a festa acabe.

Eles pareciam saber que quando o amor era grande demais e quando um nĂŁo podia viver sem o outro, esse amor nĂŁo era mais aplicĂĄvel: nem a pessoa amada tinha a capacidade de receber tanto. LĂłri estava perplexa ao notar que mesmo no amor tinha-se que ter bom senso e senso de medida. Por um instante, como se tivessem combinado, ele beijou sua mĂŁo, humanizando-se. Pois havia o perigo de, por assim dizer, morrer de amor.

Clarice Lispector
Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Muito mais que com amor ou qualquer outra forma tortuosa da paixão, serå surpreso que o olharås agora, porque ele nada sabe de seu poder sobre ti, e neste exato momento poderias escolher entre tornå-lo ciente de que dependes dele para que te ilumines ou escureças assim, intensamente, ou quem sabe orgulhoso negar-lhe o conhecimento desse estranho poder, para que não te estraçalhe entre as unhas agora calmamente postas em sossego, cruzadas nas pontas dos dedos sobre os joelhos.[...]

As pessoas tĂȘm muitos problemas com amor.

O amor nĂŁo precisa ser perfeito para ser amor...
Ou nĂŁo seria um sentimento humano,
seria algo apenas ao alcance de Deus.

Ouso dizer que Deus Ă© amor.

"Em matéria de amor eu tÎ sempre repetindo de ano.

O amor é uma dor, é um tédio sem remédio.

Resta-nos o amor... Mas, onde anda hoje em dia, esta pulsĂŁo chamada "amor"?

INTERVALO

Quem te disse ao ouvido esse segredo
Que raras deusas tĂȘm escutado -
Aquele amor cheio de crença e medo
Que Ă© verdadeiro sĂł se Ă© segredado?...
Quem te disse tĂŁo cedo?

NĂŁo fui eu, que te nĂŁo ousei dizĂȘ-lo.
NĂŁo foi um outro, porque nĂŁo sabia.
Mas quem roçou da testa teu cabelo
E te disse ao ouvido o que sentia?
Seria alguém, seria?

Ou foi sĂł que o sonhaste e eu te o sonhei?
Foi sĂł qualquer ciĂșme meu de ti
Que o supĂŽs dito, porque o nĂŁo direi,
Que o supĂŽs feito, porque o sĂł fingi
Em sonhos que nem sei?

Seja o que for, quem foi que levemente,
A teu ouvido vagamente atento,
Te falou desse amor em mim presente
Mas que nĂŁo passa do meu pensamento
Que anseia e que nĂŁo sente?

Foi um desejo que, sem corpo ou boca,
A teus ouvidos de eu sonhar-te disse
A frase eterna, imerecida e louca -
A que as deusas esperam da ledice
Com que o Olimpo se apouca.

‎Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se vocĂȘ nĂŁo conseguiu, se a vida nĂŁo deu, ou ele partiu — sem o menor pudor, invente um, pois quando Setembro vier, de tĂŁo azul, o cĂ©u parecerĂĄ pintado.