Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza đ
Saudade
Saudade Ă© solidĂŁo acompanhada,
Ă© quando o amor ainda nĂŁo foi embora,
mas o amado jĂĄ...
Saudade Ă© amar um passado que ainda nĂŁo passou,
Ă© recusar um presente que nos machuca,
Ă© nĂŁo ver o futuro que nos convida...
Saudade Ă© sentir que existe o que nĂŁo existe mais...
Saudade Ă© o inferno dos que perderam,
Ă© a dor dos que ficaram para trĂĄs,
Ă© o gosto de morte na boca dos que continuam...
SĂł uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse Ă© o maior dos sofrimentos:
nĂŁo ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e nĂŁo viver.
O maior dos sofrimentos Ă© nunca ter sofrido
O que me faz perder o sono nĂŁo Ă© a insĂŽnia propriamente dita, mas sim a falta de amor e respeito entre os seres humanos.
Romantismo
Quem tivesse um amor, nesta noite de lua,
para pensar um belo pensamento
e pousĂĄ-lo no vento!...
Quem tivesse um amor - longe, certo e impossĂvel -
para se ver chorando, e gostar de chorar,
e adormecer de lĂĄgrimas e luar!
Quem tivesse um amor, e, entre o mar e as estrelas,
partisse por nuvens, dormente e acordado,
levitando apenas, pelo amor levado...
Quem tivesse um amor, sem dĂșvida nem mĂĄcula,
sem antes nem depois: verdade e alegoria...
Ah! Quem tivesse... (Mas quem tem? Quem teria?)
Lucas: âWilliam Shakespeare escreveu: âAmor nĂŁo Ă© amor que se altera quando encontra alteração. Ou uma marca rĂgida, que aparece numa tempestade e nunca se abala. Amor nĂŁo se transforma de hora em hora mas surge mesmo Ă beira da morte
Tenho amigos que nĂŁo sabem o quanto sĂŁo meus amigos. NĂŁo percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade Ă© um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrĂnseco o ciĂșme, que nĂŁo admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora nĂŁo sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! AtĂ© mesmo aqueles que nĂŁo percebem o quanto sĂŁo meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existĂȘnciasâŠ
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque nĂŁo os procuro com assiduidade, nĂŁo posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles nĂŁo iriam acreditar. Muitos deles estĂŁo lendo esta crĂŽnica e nĂŁo sabem que estĂŁo incluĂdos na sagrada relação de meus amigos.
Mas Ă© delicioso que eu saiba e sinta que os adimiro, adoro, os amo, embora nĂŁo declare.
Nota: Trecho de texto escrito pelo jornalista brasileiro Paulo Sant'Ana. Algumas fontes também o atribuem, de forma errÎnea, a Vinicius de Moraes.
...MaisAmor Ă© enigma?
Optar Ă© renunciar. Entregar-se, por exemplo, a um amor Ă© abandonar outros. E, do que se renuncia e abandona, pode provir, depois arrependimento.
Afastar-se de um amor, ainda que, opção feita por lĂșcidas razĂ”es, pode gerar, adiante, a frustração pelo que se deixou de viver.
Os casos de amor vivem rondados por frustração ou arrependimento. NĂŁo o amor, que Ă© Ăntegro, irrefutĂĄvel, cristalino e indubitĂĄvel: mas os amantes seus portadores. Quase sempre o tamanho do amor Ă© maior que o dos amantes.
O que cerca as pessoas que se amam é sempre uma teia de limitaçÔes que o leva à disjuntiva: frustração ou arrependimento. Ou quem ama se entrega ao sentimento e se atira nos braços do outro para, depois, se arrepender do que abandonou para entregar-se ao amor, ou se afasta, cheio de lucidez, para, adiante, sentir frustração pelo que deixou de viver.
Estes estĂŁo na categoria assim definida de modo cruel mas lĂșcido por Goethe: "no amor, ganha quem foge...Ou como disse o grande Orizon Carneiro Muniz: "no amor, Ă© mais forte quem cede".
Na juventude tudo isso fica confuso porque esta é uma etapa da vida envolta em uma névoa amorosa que a torna radical na busca da felicidade.
O jovem ainda nĂŁo se defrontou com as terrĂveis e dilacerantes divisĂ”es internas de que Ă© feita a tarefa de viver e amar, aceitando as prĂłprias limitaçÔes, confusĂ”es, os caminhos paralelos e contraditĂłrios das escolhas, dentro de um todo que, para se harmonizar, precisa viver as divisĂ”es, os sofrimentos e os açoites das mentiras e enganos que conduzem as nossas verdades mais profundas.
Séculos de repressão do corpo e de identificação do prazer com o pecado ou o proibido fizeram uma espécie de cårie na alma.
à um buraco, um vazio, uma impossibilidade viver o que se quer, uma certeza antecipada de que o amor verdadeiro gera ou arrependimento ou frustração.
Viver implica, pois, aceitar essa dolorosa e desafiante tarefa: a de enfrentar o amor como a maior das maravilhas e que se nos apresenta sob a forma de enigma.
Tudo o que se move dentro do amor estĂĄ carregado de enigmas. E com o enigma dĂĄ-se o seguinte: enfrentĂĄ-lo nĂŁo Ă© resolvĂȘ-lo. Mas quando nĂŁo se o enfrenta, ele (enigma) nos devora.
Enfrentar o enigma mesmo sem o deslindar, Ă© aquecer e encantar a vida, Ă© aprender a viver; Ă© amadurecer. Exige trabalho interior penoso, grandeza, equilĂbrio e auto-conhecimento.
O contrĂĄrio nĂŁo Ă© viver: Ă© durar.
O amor pode te dar asas, mas sĂŁo as amizades que normalmente te seguram quando vocĂȘ estĂĄ prestes a cair.
VocĂȘ me ensinou o que Ă© o amor.
NĂŁo choro, porque vocĂȘ me ensinou a sorrir.
NĂŁo sofro, porque vocĂȘ me ensinou a amar.
NĂŁo morro, porque vocĂȘ me ensinou a viver.
Mas se algum dia vocĂȘ deixar de existir,
eu choro, sofro e até morro.
porque a Ășnica coisa que vocĂȘ nĂŁo me
ensinou, foi viver sem vocĂȘ.
Quando me desespero, lembro-me de que em toda a HistĂłria a verdade e o amor sempre venceram. Houve tiranos e assassinos e, por um tempo, pareciam invencĂveis mas, no final, sempre caĂram. Pense nisso! Sempre.
"Que todo mundo tenha um amor quentinho.
Descanso pro complicado do mundo.
Surpresa pra rotina dos dias.
A quem esperar.
De quem sentir saudades.
Um nome entre todos.
O verso mais bonito.
A mĂșsica que nĂŁo se esquece.
O par pra toda dança.
Por quem acordar.
Com quem sonhar antes de dormir.
Uma mão pra segurar, um ombro pra deitar, um abraço pra morar.
Um tema pra toda histĂłria.
Uma certeza pra toda dĂșvida.
Janela acesa em noite escura.
Cais onde aportar.
Bonança, depois da tempestade.
Uma vida costurar na sua, com o fio compriiiiido do tempo."
Para mim na base do amor,do carinho e do jeitinho voçĂȘ me leva atĂ© para o inferno e na pressĂŁo,na briga ou na chantagem nĂŁo leva nem para o cĂ©u.
O amor da minha vida eu encontrei, tem nome, Ă© de carne e osso, e me ama tambĂ©m. Agora falta encontrar alguĂ©m com quem possa me relacionar. Ă que o homem da minha vida nĂŁo cabe em mim e eu nĂŁo caibo nele. NĂŁo basta que a gente se queira hĂĄ muitos anos. NĂŁo basta nossos namoros longos, os rompimentos e a teimosia de desejar mais daquilo que nĂŁo hĂĄ de ser. NĂŁo presta que ele me visite pra acabar com as saudades e fuja correndo de pernas bambas e um bumbo no peito. NĂŁo importa que eu esqueça meu nome depois, nem que me perca num oco, ou que os sentimentos corram de ambos os lados, intensos e desarvorados. NĂŁo basta que haja amor para se viver um amor. Eu e ele somos as cruzadas da idade mĂ©dia, o Osama e o Tio Sam, o preto e o branco da apartheid, o falcĂŁo e o lobo, o Feitiço de Ăquila. Seus mistĂ©rios me perturbam e minha clareza o ofusca. Tenho fascĂnio pelo plutĂŁo que ele habita, e ele vive intrigado por minha vĂȘnus, mas quando eu falo vem, ele entende vai. Enquanto ele avista o mar eu olho pra montanha. Quando um se sente em paz o outro quer a guerra. Ă preciso me traduzir a cada centĂmetro do caminho enquanto ele explica que eu tambĂ©m nĂŁo entendi nada. Discordamos sobre o tempo, o tamanho das ondas, a cor da cadeira. O desacerto Ă© de lascar, e nĂŁo hĂĄ cama que resista a tantas reconciliaçÔes - um dia a cama cai.
Esta semana fui ver a Ăpera do Malandro em cartaz no Rio de Janeiro. Se o Chico Buarque nunca mais tivesse feito outra coisa na vida, ainda assim teria de ser imortalizado pelas alturas em que transita sua poesia nesta obra. Como ando as voltas com assuntos de amor, prestei atenção na cafetina VitĂłria que, do alto de sua experiĂȘncia, ensinava: O amor jamais foi um sonho, o amor, eu bem sei, jĂĄ provei, Ă© um veneno medonho. Ă por isso que se hĂĄ de entender que o amor nĂŁo Ă© Ăłcio, e compreender que o amor nĂŁo Ă© um vĂcio, o amor Ă© sacrifĂcio, o amor Ă© sacerdĂłcio.
Mais adiante Terezinha, a heroĂna quase ingĂȘnua, sofria:
Oh pedaço de mim, oh metade arrancada de mim, leva o vulto teu, que a saudade é o revés de um parto, a saudade é arrumar o quarto do filho que jå morreu. Leva o que hå de ti, que a saudade dói latejada, é assim como uma fisgada no membro que jå perdi.
Naquela noite, inspirada pelo Chico, voltei pra casa decidida - nĂŁo quero mais o amor da minha vida ocupando o lugar de amor da minha vida. Venho portanto, pedir a ele publicamente, que libere a vaga. Ă com vocĂȘ mesmo que estou falando, vocĂȘ aĂ, que se instalou feito um posseiro dentro do meu coração, faça o favor de desinstalar-se. XĂŽ. HĂĄ de haver um homem bom, me esperando em alguma esquina desse mundo. Um homem que aprecie o meu carinho, goste do meu jeito, fale a minha lĂngua, e queira cuidar de mim. As qualidades podem atĂ© variar, mas aos interessados, se houver, vou avisando; existem defeitos que considero indispensĂĄveis.
Meu amor tem de ter uns certos ciĂșmes, e reclamar quando eu precisar viajar pra longe. Pode se meter com minha roupa, com corte do cabelo, e achar que sou distraĂda e nĂŁo sei dirigir. Quando ficar surpreso de eu ter chegado atĂ© aqui sem ele, afirmarei sem ironia, que foi mesmo por milagre. Este homem deve querer nosso lar impecĂĄvel, com flores no jarro, e Ă© imperativo que faça tromba quando nĂŁo estiver assim. Ele irĂĄ me buscar no trabalho e levarĂĄ direto pra casa, nada de madrugadas na rua! Desejo enfim que meu amor me reprima um pouco, e que me tolha as liberdades - esse vĂŽo alucinante e sem rumo, anda me dando um cansaço danado.
Te esquecer Ă© uma questĂŁo de costume. Associei o meu amor ĂĄ sua voz me pedindo pra nĂŁo ligar mais. E agora quando sinto vontade de te ver, a vontade de fugir Ă© maior. E quando bate aquela carĂȘncia de mulherzinha abandonada me olho no espelho e percebo que sou muito gostosinha pra fazer esse papel. E desde aquele dia eu resolvi destruir todas as pontes que me levavam atĂ© vocĂȘ. E hoje quando penso na gente, parece tudo tĂŁo distante que eu mal consigo lembrar que cor eram os teus olhos, embora ainda lembre da sensação de olhar pra eles. Esquecer Ă© uma questĂŁo de aprender a desgostar. E vocĂȘ tem me ensinado a fazer isso do pior jeito possĂvel. Do jeito eficiente. E isso dĂłi ao mesmo tempo que alivia. Ă como se eu estivesse apanhando tanto que minha alma começa a ficar dormente atĂ© nĂŁo sentir mais nada. Ă o meu jeito de me curar. Me destruir pra destruir o que tem de seu aqui. Depois eu me refaço sĂł com coisas minhas. Porque no fim, a Ășnica coisa que vai apanhar atĂ© morrer nessa histĂłria Ă© a minha paixĂŁo por vocĂȘ. E eu vou sair inteira, mesmo que com alguns pedaços a menos. Pedaços que nunca foram meus mas que carreguei por algum longo tempo. Pedaços seus. Pedaços nossos. Agora, lixo.
