Homossexuais Preconceito
Minha história é feita de lutas, vitórias pequenas e derrotas marcadas. Sobram-me lembranças, cicatrizes que ainda doem, mas que também contam minha força. Cada memória é um passo tímido, um sopro de vida que renasce, um convite para seguir, pois nem toda ferida impede a esperança.
Aprendi da forma mais dura: deixar o coração de lado e usar o cérebro como escudo. As pessoas são guerras silenciosas, pensam em si antes de estender a mão. Minha compaixão virou alvo, minha fragilidade, exploração. Hoje, sou um general cauteloso, planejando cada passo
em terreno hostil, pois a confiança cega só trouxe dor.
Houve momentos em que um abraço era tudo que eu precisava… mas ninguém estava lá. A solidão se torna um grito mudo, um vazio que aperta o peito, quando o corpo implora por calor e só recebe o frio implacável das paredes gélidas. Nessas horas, a ausência do toque se torna tortura, e o abraço que nunca veio rasga ainda mais a minha alma já despedaçada.
Talvez meu destino seja esse: ser ombro, mesmo quando eu desabo por dentro. Curar dores alheias enquanto carrego as minhas em silêncio. Ouvir choros… quando tudo o que eu queria era alguém pra ouvir o meu. Minhas lágrimas são segredos guardados, mas ainda assim… faço das minhas mãos cansadas um abrigo para quem precisa. Mesmo que o alívio… nunca venha pra mim.
Minhas dores viraram degraus… mas não me levam a lugar algum. Cada obstáculo vencido, cada movimento reencontrado, é só um fôlego breve… antes do próximo degrau, mais alto, mais cruel. É um ciclo exausto: subo… pra voltar ao mesmo ponto. Corro… sem sair do lugar. Como quem anda numa esteira… presa à própria luta.
Quando a mente falha… sinto-me naufragar em um mar espesso, sem bússola, sem voz, sem ar. A depressão… um inimigo invisível, feito neblina que invade os pulmões, correntes que enlaçam a língua, um eclipse que apaga toda clareza. Não é o mundo que enfrento… é um labirinto dentro de mim, onde cada passo afunda, cada pensamento vira eco distorcido, e a esperança… se esfarela como poeira em mãos trêmulas.
Você não precisa estar pronto… precisa ter coragem. Coragem de levantar
quando o chão parece um abismo. De dar o primeiro passo
mesmo com as pernas tremendo, de enfrentar o dia quando tudo em você grita pra desistir. Cada movimento é uma ruptura, uma rachadura nas correntes invisíveis que tentam me manter no chão. E, a cada tentativa, destruo um pouco mais o cárcere que me foi imposto.
A melancolia mora em mim… chega com a dor, se agarra aos meus pensamentos como sombra sem fim. A esperança vem… breve, estranha,
quase incômoda… antes de a escuridão tomar tudo de volta.
Ninguém é o que parece… sobreviver exige máscaras. Por trás do sorriso contido, moram medos e feridas que só eu conheço. Fingir normalidade me protege, mas também me isola. Enquanto isso… meu verdadeiro eu
espera, calado, nos bastidores de uma vida encenada.
Não importa o caminho, o desfecho é sempre o mesmo. Eu, naufrágio de mim. É como se o erro estivesse gravado em minha essência, antes mesmo de eu nascer. Cada escolha apenas uma variação do inevitável. Luto, insisto, me debato, mas há algo maior, invisível, que já decidiu meu lugar, é à margem, entre os que tentam e nunca chegam.
Sou um peso de papel,ou talvez uma pequena âncora que impede que os ventos levem embora o que importa. Minha função parece simples, mas é resistência. Mesmo parado, ainda sustento, ainda protejo, ainda sou abrigo
contra o dispersar das coisas. E talvez, exista alguma dignidade em ser esse ponto fixo no meio da tempestade.
Ser abandonado dói, mas ser esquecido é ser apagado. O abandono me partiu ao meio, mas o esquecimento me dissolveu. É como se eu nunca tivesse existido na memória de quem partiu. Ficar…
sem deixar marca é uma dor que grita no vazio.
Minha vida virou preto e branco, tudo é cinza, opaco, sem contraste. Enquanto falam de arco-íris, eu me perco num horizonte desbotado
que nunca vou tocar. O mundo segue colorido, mas eu sou estrangeiro nessa paleta que não me pertence.
Tenho inclinação para me destruir, sou o martelo e o muro que trinca. Cada falha vira sentença, cada pensamento uma marreta contra mim mesmo. Temo a força das minhas próprias mãos, que insistem em demolir o pouco que ainda permanece de pé.
O amor em excesso não escorre, não transborda, ele pesa como um lençol molhado sobre o peito. Afeto demais vira névoa densa, cobrindo meus passos, roubando o ar onde eu queria aprender a respirar sozinho. O que era abraço vira amarra. O que era cuidado vira cárcere disfarçado de zelo.
Acredito no amanhã, mas não sei se meus pés aguentam o caminho. A esperança é um fio de sol atrás das nuvens pesadas, mas meu corpo, feito de barro molhado, afunda a cada passo. O futuro canta ao longe, como uma melodia leve, mas dentro de mim, só o silêncio das cordas frouxas
de um instrumento que esqueceu como vibrar.
Sozinho, num quarto que ecoa ausência, meus olhos flutuam, meu pensamento sangra em palavras. Quando o mundo fecha suas portas, faço das frases meu abrigo, das letras minha trincheira. Escrevo pra que o silêncio não me engula inteiro.
Sou uma pessoa feliz, presa num inverno que insiste em ficar. Carrego o sol na memória, o riso nos ossos, o amor em cicatrizes abertas. Mas, por agora, é a tristeza quem ocupa o palco, enquanto minha alegria espera, quieta, nos bastidores.
Tomar remédios é andar sobre um fio. Cada comprimido é um pacto, uma promessa de silêncio na mente, mas também o risco de naufragar mais fundo. É um mar instável, uma química que tenta domar os monstros, mas às vezes os alimenta. Vivo entre marolas e calmarias artificiais, tentando não me perder no balanço frágil do que chamam equilíbrio.
Penso nos dias bons, mas a dor me puxa pelos tornozelos, como se eu tentasse nadar em cimento. Cada pensamento feliz é afogado por um espasmo, um aperto, um sopro de tristeza cravado no corpo. Quero ver luz, mas há sempre uma sombra colada aos meus passos, sussurrando que sonhar dói mais do que desistir.
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