História de vida
A vida é feita de momentos, histórias e alguns detalhes. Os momentos ficam na memoria, as histórias são lembradas de tempos em tempos, mas certos detalhes jamais se perdem com o tempo.
Deveríamos contar mais nossas historias! Parece bobagem, mas uma palavra perdida no meio das que as compõe, tem as vezes o poder levantar de uma pessoa, que esteja passando por momentos difíceis na vida, incentivando-a a recomeçar, ou ser mais atenta com o que vai à sua volta...coisas assim!
Hoje eu prefiro: VALSA!
Há vantagens no transporte público. Ler um livro, ouvir histórias interessantes de desconhecidos que por alguns minutos pensam que você é um terapeuta ou um guru capaz de dar respostas prontas aos seus dilemas... e a mais valiosa na minha opinião: observar! Hoje, o que me comoveu foram os passos acelerados. A urgência em chegar! O som aos meus olhos era foxtrot mas a melodia do meu peito era bem outra. Hoje prefiro uma valsa. Minha única urgência é ser mais gentil com o meu próprio passo.
Breve história do sentido da vida
Nasci numa cidadezinha muito distante
Onde as luzes nunca foram inibidas pela modernidade.
Esse mundo distante fez parte de uma historia de vida.
E eu fiz parte da historia da vida deste lugar.
Hoje aos 80 anos, sentada na varanda de um apartamento no 12 andar de um prédio no centro de São Paulo
Cheguei a conclusão que a vida são pedacinhos de momentos que vivemos, os lugares, as pessoas, os animais e tudo que sentimos, tocamos e conhecemos.
Você foi feliz?
Sim, eu fui.
Claro tive momentos tristes, mas descobri porque estive por aqui.
E isso nunca terá preço.
Há aquela velha e boa fábula que conta a história do menino que sempre alarmava um falso ataque do lobo às brancas indefesas ovelhas. O Pastor, prestativo e atento, sempre acreditava nos falsos avisos do garoto. Quase sempre, um dia o Pastor se cansou. Justamente no dia em que o ataque era verdadeiro. O menino desesperado gritava pela ajuda do Pastor enquanto as ovelhas eram mortas.
Outra versão da fábula, mas com o mesmo efeito moralizante, é a do beija-flor que sempre dava enganosos alertas de incêndio na floresta. A inconsequente ave divertia-se ao ver toda a fauna mobilizar-se a fim apagar o que nunca existiu. Até que um certo dia... todos sabemos o que aconteceu.
Transpondo a fábula à realidade, apesar de não ser o garoto ou o beija-flor, por muito tempo emiti falsos sinais. Distribuí indícios e promessas de algo grandioso. Expressei, amiúde, (com uma dissimulação de fazer inveja a Capitu) sentimentos de bem-querer. Manifestei e fiz transparecer um amor sem começo nem fim.
Tal como o beija-flor ou o garoto, talvez tenha agido com o intuito de suprimir a pungente pequenez a que estava fadado. Fomos, eu e meus personagens, por muito tempo o centro das atenções. Nos divertíamos às custas da credulidade alheia. Crédulos que, por inocência ou ignorância, sempre guardavam na memória lembranças daquilo que, de fato, nunca existiu. Exceto em sonhos.
Hoje, por ironia do destino, minha história vai terminando como a de meus caros companheiros, o garoto e o beija-flor. Somos iguais em descrédito e desgraça. Hodiernamente, por mais sinceras e eloquentes sejam nossas palavras, ninguém mais dá ouvidos a elas. Eu não matei nenhuma ovelha. Quero, assim como o Pastor, cuidar do meu rebanho de um só exemplar. O que, no entanto e infelizmente, é impossível. Transformei-me no Lobo da história.
Eu tampouco quero apagar essa chama que sempre fantasiei ter, mas que só agora a conheço verdadeiramente. [Almejos sem meios. (Sonhos vãos). Não voltam.] O beija-flor que sempre fui, apesar de ter experimentado tantas rosas, apaixonou-se por uma flor intocável. Delicada demais para um lobo; grande demais para um pequeno e dissimulado beija-flor.
E o final dessa história... eu quero mudá-lo.
Nem todas as flores têm a mesma sorte: umas nascem para enfeitar a vida; outras, a morte.
A vida de quem vive pode ser tão mais interessante do que as histórias. Nós é que esquecemos de amparar o olhar nas frestas da realidade.
As vezes faltavam palavras para falar, sentimentos para sentir, coisas para pensar, histórias para contar, rezas para orar, algo em que acreditar.
Mas ela não desistia, persistia mesmo sabendo que, talvez, não valeria a pena.
Você pode escolher entre ser vítima ou autor da sua própria história. o que você escolher dentre essas opções definirá como você interpreta a vida e a sua capacidade de reação aos acontecimentos.
A gente pode sim, mudar de história, de caminho, de atitudes, de tudo que nos aborrece.
A gente só não pode - NUNCA - é se acostumar com o que nos rouba o riso, o sono, os sonhos, a felicidade...
A vida, pra valer à pena, tem que fazer cócegas na alma e no coração, e nos botar sorrisos no rosto que sejam de verdade!
“A historia da vida é tal qual uma musica, para ser conhecida tem que ser repetida varias vezes, não importa o quanto ser erra ou se acerta”.