Gosto do Perigo
Palavras ainda presentes
Madrugadas sem estimas
Tantas vezes choradas
Na solidão das lágrimas
No leito ficaram caladas
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
É noite no cerrado
Cai a noite no cerrado
E o silêncio floresce
Estrelas lado a lado
Da lua que se oferece
Junto vem a melancolia
Inundando o imaginário
De sonolenta monotonia
No poetar de um solitário
Já não se ouve a vereda
Comigo o breu algemado
O sono na inação enreda
Na noite que cai no cerrado
Luciano Spagnol
Fim de maio, 2016
Cerrado goiano
Regue todos os dias
a relva da diversidade.
E nunca se esqueça do
replantio da solidariedade...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Assim como a reticência
é indefinição numa frase,
e a vírgula muda o sentido.
Coloque ponto final na história.
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Cada qual trilha o tempo
no tempo e intento que lhe prover.
Escolhas, um direito à vida,
de um qualquer.
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Quem não rega o seu jardim interior
e não planta o seu canteiro com flor
emurchecido estará o lado amador...
Pois, todo afeto tem um jardim, e todo
jardim um cultivador poetando amor.
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Não abra mão das coisas que a emoção lhe dá. Pois quem julga, foi breve ao amar. Opte sempre por ser extenso como o mar.
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Não tenha dúvida
Cerque-se de amor
Sane suas feridas
Respeite a dor...
Na corrida da vida
há sempre novas partidas.
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Amar
não é atar ao outro
pra no outro se completar
E sim, se doar ao outro
pra juntos se completarem
ir além um doutro...
E assim, bem se darem!
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Cálice
A vida não tem ponteiro
marcando as horas,
nem letreiro.
É tudo num improviso
o desfiar das auroras,
sem aviso.
Então, empunhe seu cálice
beba sem qualquer demora
(os amores, flores, as dores)
pois na hora, breve é a velhice
Luciano Spagnol
Junho, 2016
Cerrado goiano
Oxalá
Oxalá
Que a saudade assim despeça
Aqui belas bandas do Goiás
Que ela nunca mais me peça
Noites solitárias, choro, aliás
Que a harmonia ela não impeça
Oxalá
Que a dor no peito que faz sofrer
Vá junto nos seus braços embora
Leve consigo o aperto que tender
Já é chegada está tão tardia hora
E deixe somente o prazer florecer
Pois mais vale carinho e sobriedade
Inundando a alma de um doce prover
Do que amargar a danada da saudade
Evocando uma ausência no nosso viver
E assim, novamente,
presença na poesia ter...
Luciano Spagnol
Junho, 2016
Cerrado goiano
Morrer,
Não é só ausentar da vida
Tornar-se lembrança parida
Morrer,
É ir além (literalmente)
Ser e não ser um alguém
É também, nascer recorrente
para um espírito refém
dos Céus, se foi benevolente.
Amém!
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Como chorar a vida
Se a morte vai além
O tempo é corrida
Incertezas, porém
Tudo é começo, meio e fim
E eu tão pouco sei de mim.
Não existe travesseiro com tanta sinergia, pra se repousar do dia a dia, do que uma consciência solidária...
Luciano Spagnol
Cerrado goianol
Sinto a solidão anoitecendo
O frio escorrendo pelo cerrado
O silêncio já se emurchecendo
E o olhar no caixilho debruçado
A lua então querendo se abrasar
Na aridez do chão cascalhado
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
A noturna
Sinto a solidão anoitecendo
O frio escorrendo pelo cerrado
O silêncio já se emurchecendo
E o olhar no caixilho debruçado
A lua então querendo se abrasar
Na aridez do chão cascalhado
É breu solitário e ressequido
Onde não há capa nem blusa
Para aquecer o espírito doído
E amparar a solidão reclusa...
É um vil rugido diluído no ar
É uma agrura na alma infusa
Não sei com que me agasalhar.
Luciano Spagnol
Início de julho, 2016
Cerrado goiano
Soneto da Ave Maria
Na fenda de ter crença eu já sabia
O pouco de amor se tinha nobreza
Na alma o homem trazia pobreza
E no olhar a mão que oferta, vazia
Nos caminhos, trilhados, uma certeza
O embate de quem clama na Ave Maria
Que na vida a nós é a Mãe da soberania
Via esperança, chama da ternura acesa
E neste sustento de fé, a paz em poesia
E no peito o afeto se dando em surpresa
Sentir a prenda de se ter uma real alegria
Após rezar, contemplar toda está beleza
À luz de Jesus desce da cruz, em romaria
E beija nossa face com humilde riqueza
Luciano Spagnol
13/06/2016
Dia de Santo Antônio
Estranho amor este que hoje eu sinto
a saudade incorporou a coisa amada
acorda comigo depois de ser sonhada
e de mãos dadas paira pelo ressinto
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Soneto do cerrado no inverno
Chegaste, inverno no cerrado árido
Manhãs mais frias, ventos cortantes
As seriemas e seus cantos fascinantes
Noticiam o entardecer não mais cálido
Os pássaros engurujados e suplicantes
Pousam nos galhos tortos e desfolhado
O rubro céu pelo acinzentado é trocado
Do inverno no cerrado e seus instantes
A melancolia toma conta do dia gelado
Noites mais longas e mais pensantes
Oferece pinga pra aquecer o agrado
No fogão de lenha prosas fumegantes
Aquenta a alma e ao inverno versado
Propício aos sentimentos mais amantes
Luciano Spagnol
14 de junho, 2016
Cerrado goiano
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