Gosto do Perigo
Epílogo
Eu desperto no cerrado em cada alvorada
Sem acaso no destino, alma esbaforida
A fé de uma confiança vaga, indefinida
O poetar de encontro numa encruzilhada
O tempo se fazendo em horas, estirada!
Dum vulto da estória na história recolhida
Em sobras de ir e vir, querendo despedida
E o fado se deslocando em outra jornada
Não vejo um ideal estampado na vida
Do avanço veloz e distante da passada
O fim do horizonte aumenta a corrida
Neste vazio do hoje, o epílogo é morada
Criando e recriando as perdas já vencidas
Numa entusiasta esperança de virada...
Luciano Spagnol
Maio, 2016
Cerrado goiano
Aniversário se comemora
A idade que foi embora
Nos parabéns do:
- e agora?
Cantarola ou chora?
(Luciano Spagnol
Poeta mineiro do cerrado)
...O HORIZONTE É SEM FIM. ONDE PÕE A LUA A REPOUSAR. LOBEIRAS TALHAM O JARDIM DAS SAVANAS A ENFEITAR. A ARAPUÁ EM SUA CABAÇA, ORNAM O BEIRAL DO PASSADO. IPÊS EM FLOR PURA GRAÇA, DESENHAM O MEU CERRADO…
Luciano Spagnol
Poeta mineiro do cerrado
Piedade
Ao cerrado minha piedade
Por sua aparência enrugada
Pelas matas secas em queimada
Ao cerrado minha piedade
De tal diversidade rechaçada
De sua sequiosa temporada
Ao cerrado minha piedade
Do verde vertido de cinza
De sua poeirada ranzinza
Ao cerrado minha piedade
Do veloz espetáculo do entardecer
Dos espinhos em ti que faz doer
(nas caminhadas)
Ao cerrado minha piedade
Do teu chão tão cascalhado
Do horizonte pouco orvalhado
Ao cerrado minha piedade
Do esplendor das flores tão logo
De tua melancolia num monólogo
Ao cerrado minha piedade
Por tua piedade por mim, deslocado
Onde terei saudade, de tu cerrado!
Desigual, diferente, onde de ti sou igual
E aqui dos meus já fizeste diverso funeral
Da minha piedade peço a tua piedade...
Por ser este diverso, está deidade.
Luciano Spagnol
23 de maio de 2016
Cerrado goianon
Quando eu nasci, um anjo torto
desses que são iguais ao cerrado
Disse: vai, e pelo devaneio seja absorto
(Luciano Spagnol
poeta mineiro do cerrado)
*parodiando Carlos Drummond de Andrade
Incompletude
Minha maior riqueza
é a incompletude
sou rico de fraqueza
e pobre de vicissitude
Porém, sou de solicitude
busco total franqueza
ao outro não sou rude
ao gentil, gentileza
E neste vivo açude
bebo estranheza
sacio, talvez mude
saia da tristeza
pra alegria, amiúde
Mas, não serei lassitude
só por não ter grandeza...
Mesmo inacabado, eu pude
no amor, ser eu, ter pureza
Almejando sentido na finitude
com liberdade, com leveza
Luciano Spagnol
Maio, 2016
Cerrado goiano
Continuísmo
O Zé ausentou, ficaram-se as saudades
Dos seus egoísmos, sua paternidade
É a vida afinal, no seu voo, nada mais
Deixa as lembranças nos seus anais
Como um vento que passou e desfolhou
Sua viva companhia, e agora restou
As marcas nas águas do tempo, glórias
E quem ficou, dá continuísmo nas histórias
Luciano Spagnol
Maio, 2016
Cerrado goiano
Legado
Tive que pousar a minha vida
No cerrado, onde fiz de ermida
Numa solidão que tanto crucia
Minha alma, furtando a alegria
Da beira mar, minha inspiração
A lua então tornou-se a ligação
Dos dois mundos, trazendo paz
Ela tornou ouvinte dos meus ais
Deixando a tão saudade de lado
Nestes meus trilhos cascalhado
Não faz mal, fiz o bem, fui coração
Nesta história o amor é conclusão
E novamente, qualquer outro dia,
em tuas ruas serei companhia...
Luciano Spagnol
Maio, 2016
Cerrado goiano
Poeta mineiro do cerrado
No cerrado a noite fria
escorre a lua, na árida
nuvem, em cachos de poesia...
Luciano Spagnol
Maio, 2026
Cerrado goiano
Passo a passo
Eu vim passo a passo errando
Parei no cerrado, hoje solitário
Chão árido, místico templário
Me vi na sorte contemplando
Então pus asas no imaginário
Em vagidos ocos, murmurando
E como peregrino venerando
Em silêncio, orei neste sacrário
E assim o meu poetar ficou perdido
Entre sonhos aos sons estradivário
Devaneando em suspiros indefinido
Já fiz o que vim fazer, involuntário
Fui nobre reverência e saio provido
A alma cheia de um amor solidário
Luciano Spagnol
Maio, 24 de 2016
Cerrado goiano
Caminhe na tua trilha
Alimente a tua matilha
Costure os teus retalhos
Adube os teus carvalhos
Enxugue o rosto do suor
Das tantas pelejas de amor
E segue o teu caminho...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Soneto do meu eu
Em busca do meu eu, muito errei
Noite a dentro, adentrava em prece
Tolo fui eu, pois a vida acontece
E por muito querer, muito eu andei
Neste dilema o silêncio foi solitário
Achei areia e cascalho sob os pés
E nas procuras tive prazer e revés
Mas sempre nostálgico no itinerário
Fechei os olhos, e ao amor poetei
Pois a poesia tornou-me alicerce
E nos vários temores me encontrei
Tive fala de saudade no meu diário
A cada por do sol tentei ir através
Mas fui operário no meu eu arbitrário
Luciano Spagnol
01/06/2016, 03'16"
Cerrado goiano
Soneto do inverno no cerrado
O cerrado amanhece no inverno
Dias mais frios, frio árido e tardio
A sequidão no seu ápice bravio
E as manhãs num vento galerno
Em enigmática bruma sobre o casario
Com o sol dessemelhante e alterno
E a sensação de frescor sempiterno
O cerrado se faz em mistério e fastio
O verde transfigura em cinza superno
O céu se enroupa tremulante e alvadio
E as temporãs flores finta o quaterno
As folhas hibernam num cerrado vazio
Tão ébrio, gélido e de um poetar interno
Numa canção de chuva qualquer e estio
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
01 de maio de 2016
Separe algum tempo para
ser útil a alguém.
A vida é via de duas mãos,
vai e vem...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
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