Gosto do Perigo

Cerca de 30009 frases e pensamentos: Gosto do Perigo

⁠... E VERSA-SE UM SONETO

... e versa-se um soneto arruelado
Na vil saudade, num gesto amargo
O coração com sentimento calado
E versos dispersos deixado ao largo
... e versa-se um soneto tão letargo
A alma ansiando tudo compassado
E a solidão infundindo o descargo
Mais do que deve, o pesar, atado

... e versa-se o soneto sucateiro
Nos suspiros do querer esquecer
Custe o que custar, teimosamente
... e versa-se um verso do madeiro
Da crucificação do soneto a sofrer
Chora o verso, queixa, inutilmente!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25 outubro, 2022, 21’19” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠EU, POETA DO CERRADO

Eu, tenho o toque pulveroso do cerrado
O cheiro de mato, uma sensação plural
Uma imensidade, ora árido ora normal
Tão cheio de reconto e tom encantado
Projecto do chão de um céu encarnado
Num traço caipira, e sentimento igual
Escrevo com uma transmitância verbal
Bordando os amores, dores e o agrado

Eu, poeta do cerrado em construção
Aqui nasci, raiz, sonhador do sertão
Que canta, chora, sonha, faz poesia
Escrevo-me por inteiro, sou presente
Nos galhos tortos, no vento fremente
Eu, tenho o toque agreste da pradaria!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27 outubro, 2022, 20’54” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠OS MEUS VERSOS

Meus versos nostálgicos, de amor
São lembranças de valiosa versão
São cânticos no compasso interior
Poéticas da minha própria emoção
São estâncias tão cheias de sabor
Expressão que brota da inspiração
Sentidos, afagos, mimos ao dispor
A expressiva flor dada com paixão

Versos que tem designação, olhar
Tem sentimento, um vital acalanto
Só não percebe quem não estimou
É aquele voo d’alma sem abreviar
É o encanto, o gostar tanto, tanto
Aquela sensação que nunca passou!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28 outubro, 2022, 19’40” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ENTURVAR NO CERRADO

Esmorece as caliandras no enturvar
É o dia que se despede em partida
Com seu pôr do sol em um versejar
Cá no cerrado, escuridão incontida
Galhos retorcidos, mal desenhados
Sombreiam o chão na cor garrida
Traçando uns detalhes encarnados
O céu estrelado, graça, desmedida

O horizonte com laivos cinzentos
Melancólicos, pardando o sertão
É a noite imbuída no seu manto
Pia a coruja: canto com lamentos
Ritmando o noturno com sensação
Dando ao olhar, o encanto, tanto!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29 outubro, 2022, 18’56” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠MÃOS-POSTAS

Poéticas sem norte, leva-me pra sintonia
Das emoções plenas, quiméricos cantos
Asas da imaginação, os encantos, magia
Ou me perca, a devanear, sonhos tantos
Poéticas sem norte, leva-me para a urgia
Das ilusões, cuida dos meus juízos santos
Ou não. Traga-me cânticos com melodia
Quando, suas cadências, são quebrantos

Sentimentos, sensações, em liberdade
Que põe liberto o destinto pro criador
Tendo narrativa e emotiva descoberta
Ah! poética sem norte! Tende piedade!
Inunda a alma do poeta com o que for
Contanto que não seja poesia incerta!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31 outubro, 2022, 16’08” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ORGULHO

Meus são os versos do chão cerrado
Poética acre, puro céu e denso mato
No galho tortuoso o poema trançado
Escrafunchado de um singular recato
Eu entendo o sentimento acentuado
O luar que prosa inspiração e trato
E ao meu versar, o versar fascinado
Com um perfume ao sensível olfato

Nas minhas mãos, a poesia orgulhosa
Se te poeto, sertão, na sua imensidão
É com a imaginação e tons especiais
E, então, pressintam a quão formosa
Natureza, que suspira, pulsa, é paixão
Neste imenso dom de poder ser mais!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
01 novembro, 2022, 17’37” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠INDECISÃO

Possa lá prosseguir amargurado!
Andar com uma sensação poente
Se uma apertura atroz e sofrente
Enche de bruma o verso poetado
Se o sentimento cá tanto povoado
Que tenta impor está dor ardente
Logo este pesar assombra a gente
Tão pungente e tão determinado

Seja a poesia doce ou então salina
Sempre há aquela inspiração afim
Sempre há rumo em cada esquina
Sei lá qual dos versos é razão, enfim,
Se é o perdão ou é a justiça divina...
Ou se é a sedução dizendo que sim!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 novembro, 2022, 14’24” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Asas
Porque a cidade me prende com laços de asas onde os pássaros moram
O rural me despe de cintos dourados e me enche de música
É no silencio do rio na turbulencia do mar
Que as raizes de formosas arvores me alimentam as palavras
Seiva da juventude em taças de corolas
Flores de campos coloridos que me invadem
Senta-se a cidade a meu lado
Inquietação no ajuste da escolha entre a pedra e a terra
O bulício e a quietude na pele que se quer sentida
E afago o olhar nas marés de trigo e choro a selva urbana onde moram os pássaros sem asas
03/11/2022

Inserida por maria_ceu_alves

⁠Não chove para sempre

Lava-se a calçada de noites mal dormidas
Sob a chuva dolente num cair gemido
Num choro longo e diligente
Zelosa de angústias e desassossegos
Mas cresce no peito o novo dia
No cinzento da claridade escorregadia
Faz-se sol na vontade dos campos
Onde brilha ainda o trigo loiro
E vestem-se de gratidão os bagos da vida
Frementes de desejos impossíveis
Cálido e sagaz o fruto da abastança
Das águas correntes que banham as margens
Esquece-se a noite que foi claro dia
Sacode-se o caminho do pó da melancolia
E recorre-se à loucura do mundo para enfrentar
Todas as intempéries com ousadia

Inserida por maria_ceu_alves

⁠CHAMO

Sou eu! Não me ouves, poesia? Piedade
Sinta está sensação que pulsa no pranto
Olha este sentimento que me pesa tanto
Que brada, dói, que me faz pela metade
Pois, não vês a poética que traz saudade
E meus versos com versos sem encanto
E que o canto traz tristura no seu canto
Portanto, ouça-me, e não seja maldade

Quero prosa e agrado, não de centavos
Quero bravos, ver o verso maravilhado
E em cada versar um versar com ardor
Eu tenho mais que somente os agravos
Tenho o ritmo na alma tão cadenciado
E no coração a exatidão doce do amor!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05 novembro, 2022, 17’20” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠⁠AQUELAS MÃOS

Mãos tão gentis, ternas e apaixonadas
Aquelas mãos que tanto agrado faziam
Tão cheias de doçura e tão aveludadas
Pelo atraente amor que as consumiam
O carinho na doce habilidade, candura
Cursos calmos e de uma delicada linha
E que bem raramente tinham a tristura
Ou um avesso agravo no maneio tinha

Eram mãos que se davam com apego
Ameigando o afeto no seu aconchego
Tanto ao atrito quanto a sorte da vida
As mãos daquela afeição, ó saudade!
Suspiros na sensação, pura felicidade
Que hoje é gesto de dorida despedida...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
07/11/2021, 16'58" – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠⁠VOU DEIXAR PARA AMANHÃ

Vou deixar para amanhã. Está saudade
Hoje vou viver a poética, seja qual for
De dor, choro ou o verso pela metade
Vou lamentar amanhã, hoje quero flor
Agora é viver o sentimento de verdade
Ter vontade, ir em frente, ter o melhor
Amador e amante, com toda qualidade
Sem censura, uma aventura sem pudor

Hoje é liberdade. Agora é o que soma
Sem hora, lugar. Aquele afável aroma
Talvez me encontre e o amor imprimir
E, assim, então, sentir a sensação luzidia
A poesia encantada de encanto e magia
Vou deixar para amanhã, hoje vou sorrir!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13/11/2021, 19'11" – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

Há muito anos, homens nascidos com grande poder acreditavam ser possível aprisionar a escuridão. Quanta arrogância.

Inserida por pensador

Ser mulher é estar sempre sozinha e nunca estar sozinha.

Inserida por pensador

Palavras são importantes, e como as usamos também.

Inserida por pensador

⁠SABOR DO AMOR

Eu amo amar pelo que é o amor
Pela doce razão simples de estar
Sem me importar se ainda é flor
Ou botão. Nos vale aquele olhar
Eu amo o amor cheio do fazer
Na incerteza vejo o que nos dá
Pureza, ou tanto mais no viver
Sem ter pesar, vivo, o que será

Amar é bom, é doar-se inteiro
Se lambuzar com o seu cheiro
É ter sensação, sentir e confiar
Saber na paixão o que sustenta
Sorrir, se o agrado se apresenta
Amar, amante, amador e perdoar

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
14 novembro 2021, 19'11" – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠QUERO VIVER ASSIM...

Quero viver assim, numa poesia num arrebol
Inebriado com o canto da cigarra no cerrado
Na encantada tarde e aquele lindo pôr do sol
“Bonachado” sem arrependimento ou pecado
Minha vida é uma prosa e tão cheia de anzol
E, também, venturas, tal o som compassado
De um violino, cantante, da poética em prol
Sou um bardo dum presente e dum passado

Quero viver assim, poeticamente, ter valores
Olhar sedutor, rima a favor, as dadas flores
E que a minha maneira não me deixe ao leu
Sobre o meu fado um sentido e uma canção
Na certeza de que tudo é emoção, sensação
Em um renovo. Solto de sentimento cruel!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
15 novembro 2021, 15'51" – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠⁠ESTRANHO PÔR DO SOL

Entardeceu enebriado de agruras
Entristeci e me senti sem diretriz
Arrepelei o choro, as desventuras
E tudo o mais que a tristura quis
Amarguei aflitivo naquele jazigo
O céu pardo e tão melancólico
Entenebrou e suspirou comigo
E o sentimento se tornou eólico

Mirei o horizonte tosco do ocaso
E lá distante os sonhos e o acaso
Escoou pelos olhos a infelicidade
Solitário, o pôr do sol num ritual
De um estranho silêncio colossal
Me fez chorar na alma a saudade

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
18 novembro 2021, 18'55" – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠⁠“Confiteor”

Falar-te de amor que não tive coragem
Ter os gestos de afeição que não te fiz
Por tolice, por detalhe ou por bobagem
Talvez o meu maneio sanasse a cicatriz
E na mesmice duma ilusão, fiz paragem
Na busca desvairada de querer ser feliz
Fui desconexo numa confusa paisagem
E hoje na velhice, no silêncio me perfiz

Tudo passa, tudo fugaz, de breve aspeito
Apaixonado, um amador, é tarde no peito
Se confessar um pecador, de que importa?
Decifre nas entrelinhas duma réu canção
Cada verso, cada rima a minha confissão
Neste falho amor a saudade bate à porta!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
19 novembro 2021, 10'01" – Araguari, MG
Aládiando

Inserida por LucianoSpagnol

⁠CORAÇÃO CAMARADA

Tu sentes meu coração? Está sensação
Num emaranhado de emoção corada
Em meio a felicidade alva e iluminada
Nesta tarde no cerrado cheio de paixão
Festeja-se a vida por estar enamorada
O ardor que aninha, o amor em alusão
Arfa o peito e os lábios em tentação
Delicias tu, meu amigo, e mais nada

Estou feliz, estou acolhido, e achado
Com um perdurável agrado ao lado...
Que vontade de gritar e de compartir
Ó bando sentimento, caro camarada
Contigo quero uma concórdia velada
Protele está ventura no nosso existir!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
20 novembro 2021, 14'07" – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol