Gosto do Perigo

Cerca de 30009 frases e pensamentos: Gosto do Perigo

⁠REMOINHAR

Fui no destino um amador exaltado
Tudo era pra vida um bem ovante
Ser, o haver, uma sensação cintilante
Do desejo, um sentimento sagrado

Fui apegando ao amor arrebatado
A vida se importava com o instante
A alegria no peito mais penetrante
Este um afável e amante passado

Sei bem o ruim de se achar solitário
Na eloquência dum triste cenário
Singular, então, não seja tardança

Ó emoção tão enigmática, talvez agora
Gire, e seja contagiante como outrora
Diz-se que o amor é eterna esperança!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23/11/2020, 08’22” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós.
Fica a saudade, e nossas orações em um monólogo de fé. Que se
torna um diálogo com Deus.
Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Triângulo Mineiro, novembro de 2020

Inserida por LucianoSpagnol

⁠CHICOTE

Se punição por vos desejar se merece
Qual desejo está isento? e ao vento?
Na sua razão do ingênuo sentimento
Solto das amarras, e que se esquece

Qual mor amor no fado se oferece
Que dedicar-se a vos todo o tempo
Em glória e tão repleto de fomento
Que no bem e ventura se apetece

Porém se ei de punir a quem, infando
Que seja ao meu coração sofrente
E assim o meu amargar é todo vosso

No meu haver, podeis, até quando
Ordenar nele o ocaso inteiramente?
Se ter-vos enamorado, não posso!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/11/2020, 08’34” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Mais um Natal
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

Na Vida quando me falaram de amizade, aquela que nos acompanham fazendo-se presente até mesmo no silêncio, achei que era somente fantasia de um sonhador. E é real! Os que se tornaram distantes, hoje não me dizem nada, mas também trouxeram uma carga de evolução em minha existência. Os verdadeiros são presentes e pulsam no coração. Como é fantástico como vemos as pessoas de modo diferente com o passar dos anos e aprendemos com elas os significados mais estranhos dos sentimentos que nos tocam... É tão bom saber que amigos fazem parte, e que também a solidão tem sua fração. Neste mais um Natal, quero olhar cada rosto que vai marcar presença, esses sim meus amigos verdadeiramente fraternais, e retribuir com meu sorriso sincero. Pois o tempo galopa mais que o nosso olhar possa perceber, e a maturidade nos faz saudosos dos tempos ingênuos da irresponsabilidade, dos amiguinhos sem interesse, das brincadeiras de adolescentes, do tempo maravilhoso de faculdade. Saudade! Então quero agradecer cada manhã amanhecida, um presente Divino, uma alegria pra ser comemorada, partilhada... E nestes momentos de comemorações, dividir com a vida todo este festejo, aquela música que marcou um segundo, um minuto, um beijo, a poesia escrita com a pluma da alma, a mão que afagou com suas palavras de conforto, olhar que acolheu o meu olhar absorto, o abraço que em meu corpo se fez laço... Afinal, mais um Natal!

Inserida por LucianoSpagnol

⁠A MINHA SORTE

Quis Deus dar-me a sorte dum amor amado
Como o pôr do sol no cerrado, pura poesia
Dar-me uma cumplicidade, ser apaixonado
Um bailado de emoção em boa companhia

Quis Deus dar ao fado fortuna e empatia
Com sensação ardente e olhar enamorado
No prazer ter a sede com volúpia e ousadia
Incrível, como é bom ter o afeto povoado!

Quis Deus mimar-me com áurea dourada
Da satisfação, e então, a graça encantada
Dos carinhos e dos beijos que eu sonhei!

Anda! Depressa! Onde? Eu posso embalar?
Nada mais se esconde, no vão, quero amar
E suspirar o viril sentimento que encontrei!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/11/2020, 20’01” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠APARTADO

Cansei-me de tentar o teu enredo
Na tua poética sem frase e afeto
Meu versar anuviei por completo
Tal o pôr do sol atrás do rochedo

Sentimento da tua alma, segredo
Teu, perturbado eu, neste soneto
Foi meu desejo, não mais secreto
Se chorei foi somente por degredo

Cansei! Sossegado está o cerrado
Esfriou sobre o desprezo concreto
A quem um dia estava apaixonado

E desse meu turvo silêncio discreto
Leia entre linhas um sofrer calado
Que assim tem o apartado adjeto!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/11/2020, 11’01” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠QUANDO FOR AMOR

Não há amor que não tenha um encanto
Todos são cheios de emoção e de magia
O haver, por mais dissonância, tem tanto
Lirismo, que há de ter sensação e poesia

Mas acaso nada tem, temos, no entanto
A quimera que nos dá a ingênua fantasia
A pureza, a companhia, então, portanto
Cada um, um bem, um cheiro e ousadia

E nas surpresas da vida, aquele certo
Amor. Sentimento liberto e sem dor
Pois, no querer o desejo foi desperto

O sonho que se vive, ó curioso valor:
Farto em ventura ou se falto na flor
O amor, se define, quando for amor...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/11/2020, 19’51“– Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠TRISTE MENINA

Chora cá a tua morte pra eternidade
os soluços que assim a memoraram
as lágrimas arrancadas não secaram
nos carecentes campos da saudade

Aflitiva entre as aflitas a tua verdade
molesta por todos faltos que faltaram
as tuas consumições nunca cessaram
na tua meiga e agitada sensibilidade

Então, sonha aí, posta na conciliação
no teu moimento da campa santa
agora pode aquietar o teu coração

Dorme, na graça e na união Divina
dói n’alma o silêncio que agiganta
ide em paz, saudosa, triste menina!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/11/2020, 11’23” – Triângulo Mineiro
Sétimo dia da Páscoa da prima Flávia Magalhães Nogueira

Inserida por LucianoSpagnol

⁠VENDAVAL EM CANTILENA PROSA

Cai no cerrado, ó chuva, e nos beirados
Sussurrando sons que o apavorar fiança
Em pingos d’água numa enfada dança
Purgando áridas angustias e pecados

Temporal no sertão, e tão agitados
Escoam nas planícies numa pujança
Deitando melancolias numa trança
De saudades e suspiros desolados

Do teu copioso gotejar, o luzidio
Relampejar, eriçando em arrepio
Que agita a tempestade tão furiosa

Troa lá fora, em um agravo vitupério
Estrondeando e envolto em mistério
De um vendaval em cantilena prosa...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/11/2020, 20’51” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠BOM DIA!

Acordo cedo com a passarada
D’alvorada vejo toda a magia
Sacode-me com jeito, a poesia
E abre-me a manhã iluminada

Estremunhado pela madrugada
Vou, louvando a todos mais valia
Afagando meus votos de alegria
Com voz torpor do sono deixada

Senhor! Gratidão por mais este
Avidar! Que seja sem abrolhos
Dá-me amor e agrado por guia

E reserva também, ó Pai Celeste
Ventura, sonhos aos bons olhos
E aos aqui ledores: - o bom dia!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/12/2020, 08’58” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠A UMA SAUDADE

Entre as custosas saudades, pobrezinha
Que eu velo, no sentimento, uma existi
Que dói, corrói, inquieta, deveras triste
Que suspira quando a solidão avizinha

E nesta sorte da sensação tão sozinha
Uma carência na poética ainda insiste
Que no trovejar um desalento persiste
De tu, paixão, que não mais convinha

Sabe a lembrança velha abandonada
Que espanca, que não mais acontece
E ainda atucana na emoção acordada

E assim para, a olhar com nostalgia
Faminta de saudade, tal se quisesse
Tê-la vivente na ruminada poesia!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/12/2020, 15’17” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠FASE

Cisma a dor n’alma descrente e fria
De uma emoção solitária e calada
Em sua fronte tristonha e chorada
Pesadas rugas duma sorte sombria

A luz da paixão, vazia de alegria
Carrega a saudade amargurada
Suspira sofrência na madrugada
A solidão, companheira da agonia

Ao pé da lua prateada. Pendente
A boa dita, o bem amigo da gente
Parece que dos céus nada realiza

Geme a brisa no cerrado, agrado
Qualquer, só o penar imaculado
É ventura, fase, o tolerar divisa!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/12/2020. 08’22” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠PRIMAVERA SEQUIOSA

Ó como a primavera caducou
Olha o cerrado, de letarga vida
- Ó chuvada, Vê! a triste ferida
No sertão, que a sorte faltou...

Tudo dorme, a ilusão perdida
Chora em derredor, chorou
A dor doída, que não rematou
E a forração que se fez abatida

Sequioso, que desdém o teu
Ó tempo, sem encanto seu
Sem canto, cor, sem graças

Quão desbotada a primavera
Sem hora, ó chuva em espera!
Ela que floresce quando passas...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06 dezembro de 2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

RONDA SILENCIOSA

Solidão cerrada, aquietada, escura
Afora a janela, o cerrado tão calado
Na imensidade do céu não fulgura
Um só brado, um ermo imaculado

Cá dentro, a mudez flébil murmura
E a melancolia no vento é fustigado
Escoriando a alma, áspera candura
Em um rasgar do silêncio denodado

Ecoa surdamente sôfrega bofetada
De escora frouxa, completamente
Aflando ali a apertura tão abafada

E, a letargia, assim, vorazmente
Faz tácitos claustros de morada
Em ronda silenciosa, lentamente

© Luciano Spagnol- poeta do cerrado
Cerrado goiano, 5 de dezembro, 2019
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

A poesia dá voltas, aquieta, agita, chora, ri, liça, reconcilia. Na alegria sempre latente, e na alma presente...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2012, Rio de Janeiro

Inserida por LucianoSpagnol

noite fria
de nada vale orelha de cobertor
sem ter companhia...
a companhia do meu amor.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Cerrado goiano, 13 de dezembro de 2015

Inserida por LucianoSpagnol

Resumindo

Poesias, inspiradas, quantas
Quantas da alma pra cantar
Grandes as paixões, tantas...
Nossas vidas, grande alçar
Várias estórias, as santas
Ou não - vale é o poetar.
Fados, pequenos contos
Todos tão pouco pra contar
O tempo, reticências e pontos
Ah, estes são para superar
Quando se olha bem no fundo
Segundo, e tem brilho no olhar

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
13 de dezembro de 2019, 11’05”
Cerrrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

E, Por Falar de Amor

Hoje acordei com o coração aos espinhos
De uma saudade
Sem os teus carinhos
Imensidade
Esta solidão
Que poeta pela metade
Versos de emoção...
Pelas lágrimas um aroma rijo
Do árido sertão
Um esconderijo
D’Alma na contramão
Do teu olhar...
Me agarrei no timão
E a navegar
No mar de suspiros
Pus-me a chorar!

Hoje acordei com o dia empanado
Escuro
Você não estava ao meu lado
Tudo era vazio, impuro
Coalhado
Duro
Propalado...
Desconjuro!
Eu só queria ser carregado
Dali
Pelo desejo imaculado
Que sempre tive de ti
E não essa dor
Que hoje senti
Ao falar de amor
Aqui!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Cerrado goiano, 10 de dezembro, 2019

Inserida por LucianoSpagnol

ENFADA DANÇA

Oh, meu melancólico sofrimento
Por que no silêncio recomeças
Ritmando o árduo sentimento
Numa agitada dança, as pressas

Eu vago sozinho pelo lamento
Na solidão, que queres?... Peças!
No dia, na noite, és só firmamento
Assim, sem que nada te impeças

Tu danças ao amuo do vento
Ao relento, trazendo o medo
E o pranto. Oh doce fomento

Um enredo... sou desesperança
Vago só e errante neste lajedo
E tu me leva nesta enfada dança

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
13/12/2019, cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ARIDEZ NO CERRARDO

A sequidão ainda a porta
Lá fora, por aí, acinzentado
Espalha o sertão com vida semimorta
Brilhante o sol roborizado
A secura parece que corta
E o silêncio destrói...
À melancolia pouco importa
Em nada corrói
E aos sonhos, não comporta...

Aridez, rodeia a minha casa
Com uma manta marrom de poeira
Em algum lugar você dorme, em brasa
Em algum lugar, assim, como queira!
Não ao meu lado, desasa...

Junho se vai lentamente
Em algum lugar, longe
Como eu, o teu sono ausente
Inconstante, monge...

Você está em algum lugar
No meio da minha saudade
Não vai entender, vai julgar
Dessaber, do amor, deslealdade...

O vento está girando ao lado
O pequizeiro está tranquilo
O meu poema está fustigado
Embriagado a ilusão, restilo

Escassez, de você no cerrado!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
13/12/2019, cerrado goiano

copyright © Todos os direitos reservados
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol