Gosto do Perigo
Cheira o Cerrado
O cerrado é desengonçado, e cheira bem
Ipês, pequis, caliandra bom cheiro tem
Na madrugada cheira o manacá
Na queimada cheira fumaça, e o jatobá
Cheiro bom, tem! Secura e chuvarada
Cheira também. Aqui a saracura tem morada
E o lobo guará, cheiro forte da mata vem
É cheiro do cerrado, autocrata, cheira bem
Quaresmeiras matizam o chão cascalhado
E perfumam também, é encantado, alado:
- O sol no horizonte um cheiro provém
É o cerrado, cheira bem!
Cheiro de vida tem!
Saudade, infância, ao seu lado
Inspiração detém, cheira o cerrado
Um prezar refém, faz ir além
Sentir o cheiro que ele tem...
Cada canto tem cheiro e magia
O cerrado exala cheiro de poesia
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
04/06/2020, 16’34” – Triângulo Mineiro
Sertão da Farinha Podre
paráfrase César de Oliveira
Violeta
De alma secreta
a violeta:
casta, delicada, serena
tão bela, pequena
e, grande no esplendor
dos amores uma flor
da paixão os afagos
de doces pressagos
beleza e poesia
luzidia magia...
Delicado cristal
Ó formosura universal
que acalma a alma inquieta
és tu... Violeta!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17’32”, 5 de junho 2020, Araguari
Sertão da Farinha Podre
SOLIDÃO INQUIETA
Inquieto no peito os soluços e os gritos
Do silêncio que rege uma tal despedida
Há choro, lamento, e tarares contritos
Para, infeliz, galgar o prosseguir da vida
Teu cheiro, nos meus dias viraram ritos
O meu capricho está sempre de partida
E os meus ineditismos estão proscritos
Sem tu, o coração é uma imensa ferida
Mas tua alma ficou, tatuada na poesia
E assim os sonhos confidencias pra lua
Das noites de devaneios, amor e magia
E nas trovas de solidão inquieta e nua
O poetar é de dor em forma de agonia
De quem vagueia despovoado pela rua
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07 de junho de 2020, Triângulo Mineiro
Sertão da Farinha Podre
Olavobilaquiando
Cantinho...
Sabe aquele lugar no cantinho, bem seu
onde a sua inspiração habita
Pois bem: é ali que fico eu,
os sonhos, pedaços da minha escrita.
Longe da vista de tudo e de todos...
- meu cantinho, que a quimera edita
os rodapés da página são sem lodos
e, a poesia mais bonita...
Ali tento ser melhor. Sem engodos!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Sertão da Farinha Podre
Triângulo Mineiro, junho, 2020
SONETO D’ALVA
Ao luzir d’Alva, vejo o céu do Triângulo Mineiro
Num raiar tingido, diverso, e cheio de feitiços
No entreabrir do cerrado em encantos noviços
Ai! que rico cenário! ai! que cenário faceiro!
Ao lusco fusco os pintalgados em reboliços
Na mangabeira, no ipê, no jatobá e coqueiro
Mesclando o espírito do sertão por inteiro
Ai que afáveis viços! ai! que afáveis viços!
Abarroto de encanto, olhos cheios d’água
Ai que diversa aurora! ai! diversa aurora!
Em suspiros, no fascínio dissipo a mágoa
O dia raiando, numa mais que perfeita hora
Raios de sol doirando e invadindo a purágua
Fulgindo a imaginação na madrugada sonora
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Sertão da Farinha Podre
Triângulo Mineiro, 09 de junho, 2020
Olavobilaquiando
Nada sei...
Somos sempre aprendizes
ao amor bendizei,
pois com ele seremos felizes...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
11/06/2016 - Cerrado goiano
Visto meus pés na estrada, em ladainha de coragem e covencimento, de que o vento da partida é o melhor neste momento... Apagando-me, diluindo-me, desmanchando-me na saudade deste meu contratempo...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
junho 2010, Rio de Janeiro. RJ
Art. 14 – O jornalista deve:
– Ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos, todas as pessoas objeto de acusações não comprovadas, feitas por terceiros e não suficientemente demonstradas ou verificadas;
– Tratar com respeito todas as pessoas mencionadas nas informações que divulgar.
O dever de manter a ordem nunca é tão emocionante como o desafio de estabelecê-la.
(Reinhard Heydrich)
Não é fácil ser um bom homem. Na verdade, quanto mais velho, mais difícil fica saber o que significa ser um bom homem. No entanto, também fica cada vez mais importante pelo menos tentar ser um.
(Rudolph Wegener)
Tenta-me de novo
E por que há de querer o meu amor
novamente?
Teu gesto me arrancou de teu leito, dor
na vil necessidade, simplesmente.
Mas vens com o olhar lascivo, o meu, amador
duelando. O que o seu não mais sente.
Capricho maior!
Não tente, em me tentar de novo
digo: - estou ausente. Por favor!
Fui em frente.
É o fim, não renovo...
Tenta-me de novo... não mais tente!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26 de fevereiro de 2020 - Cerrado goiano
paráfrase Hilda Hilst
motivo
eu alegro porque ainda existo
em uma trova incompleta
se na felicidade insisto
porque sou poeta!
sensato ou tolo nas poesias
deixo-me nas asas do vento
gozo e tormento, nos dias:
assim, sou instrumento...
se nas estrofes tenho cansaço
noutras total inspiração
que são mais que um pedaço:
de emoção, rimo com o coração
hoje o dia universal
de agradecimento, comemoração
que seja de amor total
Feliz Aniversário, então!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27 de fevereiro de 2020 - Cerrado goiano
paráfrase Cecilia Meireles
SONETO DE ANIVERSÁRIO
O tempo passa, fugaz os anos
Numa poesia de trova da vida
Chegada, prossiga ela, partida
Em seus versos bons ou tiranos
Passa-se a rima, envelhecida
Nos agrados e nos desenganos
Dos novos e dos velhos planos
Os sonhos e, da ilusão nascida
Nas venturas, pouco se figura
A quimera... se cabelo branco
No amor, mais vale a candura
Se antes ficção, agora franco
O dizer: - louco é essa loucura
O viver. E duro o seu tamanco!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27 de fevereiro de 2020 - Cerrado goiano
RAZÕES DO AMOR
O amor ama aquele a quem se ama
Nas razões de o amante saber sê-lo
Ama porque se ama. O peito chama
Que arde, o verdadeiro calor e zelo
O amor é dado, é graça, de graça, apelo
Do coração... é odor que d’alma derrama
Um intricado e emaranhado longo novelo
Que tem a doçura na sua adocicada trama
Eu amo porque amo, assim, poder tê-lo
Perto de mim, e nunca demais pra mim
Então, nos sonhos sonha-lo sempre belo
O amador foge a regulamentos vários
Nos dicionários sai da explicação, enfim,
Sem amor, os amantes são solitários. (sem fim...)
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/02/2020, 11´54” - Cerrado goiano
SONETO DESABITADO
Ao poema que roga, desesperadamente
De saudade, separado de sua rima ideal
Onde o coração sofre o afeto ali ausente
Nas desventuras em que se vê sem o qual
Não lhe basta um amador simplesmente
Nem só o gozo duma trova que seja a tal
Nem o simples desejo, deseja vorazmente
O compasso do beijo, num versar musical
E as poéticas inspirações que lhes somem
As quais quisera... paixão cheia de pureza
A esperança de quere-las lhes consomem
E os vazios do sentimento no seu cantar
Compõe solidão, em uma maior baixeza
Escrevendo dor, sem o amor para poetar
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/02/2020, 18´12” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Destino
Nas linhas da minha poesia
leio o teu olhar
com rimas cruzadas, luzidia
sinuosas a poetar.
Interferindo no meu destino.
E assim, eu pus a cantar
tal o badalar de um sino
o coração a anunciar.
E neste som divino
a vida nos seus caminhos
o meu e o seu num continuo
Desejar... íamos sozinhos
até nossas mãos entrelaçar.
E, neste poema marcado
de versos ao nosso dispor
desde então, o fado
juntos, passamos a compor!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/02/2020, 23´21” - Cerrado goiano
Amar você é versar em minutos…
Amar-te é escrever poesia de amor
Os versos são como o teu beijo
De rimas saborosas de alegria
Valeria, tão bom este desejo
Nestas trovas derramadas
Aos teus pés, assim me vejo!
Palavras enramadas
Num poético bafejo
Um poeta da emoção
Cântico de doces frutos
Infinita inspiração...
Amar você é versar em minutos...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29 de fevereiro de 2020 - Cerrado goiano
FRANCAMENTE
Não te amo por apenas querer amar
Como se fosses um olhar do desejo
Amo-te como se ama com o ensejo
De amar-te, assim, em qualquer lugar
Amo-te e neste amor eu te almejo
Dentro do meu peito a lhe poetar
O sentimento que vive a sussurrar
Na alma, e no doce ardente beijo
Me vejo, te vejo neste amor denso
Sem saber quando, como nem onde
Pois, o quero em mim por extenso
Francamente, aqui venho a lhe falar
Deste amor que não mais se esconde
E, que na prosa não quer mais se calar
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29/ 02/ 2020, 13’04” - Cerrado goiano
