Goethe poema
"Nunca estive tão perto de minha verdadeira felicidade quanto na época daquele amor por Lili. Os obstáculos que nos separavam não eram no fundo insuperáveis, e, no entanto, eu a perdi. Ela foi a primeira por quem experimentei um amor profundo e verdadeiro. Posso dizer também que foi a última, porque todas as paixões que tive no decorrer de minha vida, comparadas a essa primeira, não passaram de atrações ligeiras e superficiais."
O amor é uma coisa ideal; o casamento, uma coisa real; a confusão do ideal com o real jamais fica impune.
Vejamos então, se há outra maneira de imaginarmos como se sente o homem decidido a livrar-se do fardo da vida, que, segundo dizem, é agradável. Porque somente temos o direito de falar sobre determinada situação quando somos capazes de senti-la e compreendê-la.
Mas também na vida cotidiana é insuportável ouvir gritarem, quando alguém se comporta de maneira livre, nobre, inesperada: "Esse homem bebeu demais, está louco." Vocês homens tão sóbrios e sábios, deveriam envergonhar-se!
Bem sei que não somos, nem podemos ser todos iguais; sustento, porém, que aquele que julga necessário, para se fazer respeitar, distanciar-se do que nós chamamos povo é tão digno de lástima como o covarde que se esconde à aproximação do inimigo, de medo de ser vencido
(Os sofrimentos do jovem Werther)
Infeliz! Não és um tolo? Não te enganas a ti mesmo? Porque te entregas a esta paixão desenfreada, interminável? Todas as minhas preces dirigem-se a ela; na minha imaginação não há outra figura senão a dela, e tudo que me cerca somente têm sentido quando relacionado a ela. E isso me proporciona algumas horas de felicidade – até o momento em que novamente preciso separar-me dela! Ah, Wilhelm!, quantas coisas o meu coração desejaria fazer! Depois de estar junto dela duas ou três horas, deliciando-me com sua presença, suas maneiras, a expressão celestial de suas palavras, e todos os meus sentidos pouco a pouco se tornaram tensos, de repente uma sombra turva meus olhos, mal consigo ouvir, sinto-me sufocado, como se estivesse sendo estrangulado por um assassino, meu coração bate estouvadamente, procurando acalmar os meus sentidos atormentados, mas conseguindo apenas aumentar a perturbação – Wilhelm, muitas vezes nem sei se ainda estou nesse mundo! E em outros momentos - quando a tristeza não me subjulga e Carlota me concede o pequeno conforto de dar livre curso as minhas mágoas, derramando lágrimas abundantes sobre suas mãos – tenho necessidade de afastar-me, de ir para longe, e então me ponho a errar pelos campos. Nessas horas, sinto prazer em escalar uma montanha íngreme, em abrir caminho num bosque cerrado, passando por arbustros que me ferem, por espinhos que me dilaceram a pele! Sinto-me um pouco melhor então. Um pouco! E quando então, cansado e sedento, às vezes fico prostrado no caminho, no meio da noite, a lua cheia brilhando sobre minha cabeça, quando na solidão do bosque busco repouso no tronco retorcido de uma árvore, para aliviar meus pés doloridos, e então adormeço, na meia-luz, mergulhando num sono inquieto – Ah, Wilhelm!, nessas horas de solidão de uma cela, o cilício e o cíngulo de espinhos seriam um bálsamo para minha alma sequiosa! Adeus! Somente o túmulo poderá libertar-me desses tormentos.
Os seres humanos abrigam-se em suas casinhas, aninham-se e dominam em seu espírito o vasto mundo! Pobres coitados!
Não tenho mais capacidade de raciocinar, nem sensibilidade pela natureza, e os livros me repugnam. Quando sentimos falta de nós mesmos, falta-nos tudo.
Tenho tanta coisa, e o meu sentimento por ela devora tudo; tenho tanta coisa e sem ela tudo se reduz a nada.
Consentimos que nos apontem os nossos defeitos, aceitamos as punições que deles decorrem, sofremos pacientemente por causa desses defeitos. Mas perdemos a paciência se nos obrigam a pô-los de lado.
Aquele que depois de três milênios não é capaz de se ter na própria conta estará fadado a viver uma vida de ignorância.
Um homem deveria escutar uma pequena canção, escrever um pequeno poema, contemplar uma bela imagem todos os dias de sua vida, para que as preocupações do mundo não suprimam o senso de beleza na qual Deus implantou na alma humana.
Tudo o que liberta o nosso espírito sem nos dar o controle de nós próprios é prejudicial.
A cultura espiritual pode continuar a progredir, as ciências naturais podem crescer cada vez mais em extensão e profundidade, e o espírito humano pode se ampliar o quanto quiser: jamais ele ultrapassará a elevação e a cultura moral do cristianismo como ela cintila e brilha nos Evangelhos!
Não há alegria mais verdadeira e cálida neste mundo do que ver uma grande alma que se abre inteira para nós.
A vida pertence aos vivos, e aqueles que vivem devem estar preparados para a mudança.