Fui
Até que fui obrigada a chegar à conclusão de que sou daqueles que rolam pedras durante séculos, e não daqueles para os quais os seixos já vêm prontos, polidos e brancos.
Enchi a cara. Amanheci na farra. Fui pra casa, entrei no meu quarto e chorei ao fechar a porta. E tudo isso porque bares são lotados de pessoas vazias e somente o seu calor trazia a paz que meu coração precisa.
Eu sei, fui egoísta. Larguei tudo pra trás, quem eu penso que sou pra sonhar que tudo é como foi? Ninguém. Sei enxergar isso. A gente tem fome de vida, de tudo, luta contra a morte o tempo inteiro e esquece que provavelmente o amor é maior que as duas coisas juntas. Mas isso você se dá conta quando pisa os tênis sujos de mundo no seu velho lugar, e a pessoa que você em momento algum se esqueceu de lembrar não está lá pra te receber. Eu quis manter todas as minhas opções abertas e agora estou pedindo perdão pela minha incapacidade de me prender, de ficar. Não é irônico? Bem, eu estou sozinho. Eu andei sozinho. Eu queria me encontrar, achei que lendo Nick Hornby em Holloway ou pegando algum trem noturno escutando Ian Curtis, tudo isso aconteceria naturalmente. A gente dá as costas para as emoções fortes em nome do êxtase, porque consideramos que o êxtase é o melhor. Não sabemos sentir o que é realmente importante e bom. Essa vontade estúpida de sair por aí querendo não perder nada acabou me fazendo perder tudo.
Se você soubesse todas as noites que eu fui dormir pedindo para Deus abençoar a gente, você daria um pouco mais de valor.
Hoje mais uma vez fui presenteada pela mensagem divina de que a felicidade está na simplicidade das coisas. Eu estava no sol do meio-dia, quando se aproximou um homem de sorriso banguela e muito simpático; com uma caixinha de mentos, mochila e história de vida nas costas. Ao se aproximar com aquele lindo sorriso, mesmo banguela ele falou: "Bom dia, menininha. Licença! Eu sou um pai de família, só tenho até até a quinta série, estou desempregado. Tenho uma linda família que sou responsável pelo amor da casa e também pelas contas. E estou aqui com essa caixinha cheia desses coloridos bombons. Veja que maravilha! Eu tenho um meio de ajudar a minha casa e deixar um passatempo no seu dia. Além de saber que minhas palavras tocaram esse lindo olhar."E agora estou aqui contando isso pra quem quiser ler, com lágrimas nos olhos. Porque eu presentearia aquele homem com um bilhete premiado da mega sena. Por sentir que ele ajudaria muitas pessoas. É isso! Cada um com sua cruz e com sua sabedoria. Viver é felicidade!
Você não tem culpa. Eu fui o errado em me apegar muito rápido a quem não me enxergava mais do que um amigo.
E eu poderia olhar naqueles olhos e ver portas abertas, mas eu fui ingênua demais para perceber que não eram portas, e sim grades. Grades de vidro. Onde qualquer impulso as faziam cair sobre quem estivesse atrás delas. E eu estive atrás dessas grades por um tempo suficiente, e hoje guardo remorsos do que é se prender por espontânea vontade. Eu poderia ter as quebrado, ter me ferido por justa causa, e ter me libertado de tal forma, e quem sabe até sentir vontade de voltar, mas eu preferi deixar quebrar-las por algum impulso. Dai os cortes seriam mais profundos e eu desistiria de nadar contra corrente.
...Às vezes tenho saudades de mim e me recrio
nas minhas constantes mutações; ontem fui flor e amarela.
Mas agora me chegam estes ares de vésperas
este desejo de adormecer
esta vontade de estar estando tanto
que se eterniza o gesto provisório..."
Depois que fechei a porta e fui andando para a sala ele ainda gritou alguma coisa para mim, mas não pude entender direito. Tenho certeza quase absoluta que ele gritou "boa sorte!". Espero que não. Tomara que não tenha sido isso. Eu nunca gritaria "boa sorte" para ninguém. Se a gente pensa um pouquinho na coisa, vê que um troço desses soa um bocado mal.
Sempre fui daquelas, que mais erravam do que se quer alguma vez acertavam no amor ou em qualquer outra coisa na vida, sempre fui assim meia ou toda errada, nunca fui escolha prioritária na vida dos outros, mas também nunca me importei realmente com isso, nunca fui boa a-toda-hora nem tanto quanto má […]nunca fui de agradar a todos e muito menos de fazer por isso, sempre fui a mais errada, incorreta, aquela que ninguém entendia.
Foi aquela sintonia em que senti que fui realmente construindo o meu interior, foi neste sonho em que vivi os maiores desejos da minha vida. Construindo assim uma moradia de amor infinitamente construtivos e afetuosos. Foi na tal inconstância que fui construindo a mim, foi na fatalidade dos erros que aprendi ser mais eu e mais humano obrigado a você erro e a você inconstância, e obrigado a você Senhor por mais uma vez está reparando meus erros aqui.
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