Fruto
Pólen
Saudade é como ginete caindo do cavalo.
É fruto que se fere ao cair do pé.
É gangorra em seu trepido embalo.
É nome saudoso de mulher.
É a roupa sem passar,
O perfume que se deixa de lado.
É marcar gol e não comemorar.
É entrar mudo e sair calado.
É o ativo que se despreza.
É abelha sem pólen pra pousar.
É ajoelhar quando se reza.
É perder a vontade de lutar.
Fim
O que eu perdi não foi um sonho bom,
não foi o fruto a embebedar meus lábios,
não foi uma cançõ de raro som,
nem a graça de alguns momentos sábios.
O que eu perdi, como quem perde uma outra infância,
foi o sentido do enternecimento,
foi a felicidade da ignorância, foi, em verdade,
na minha carne e no meu pensamento,
a última rubra flor do fim da mocidade.
E dói - não esse gesto ausente, a que se apagam
as flores mais solares, mas uma hora,
- flor de momento numa breve aurora -
hora longínqua, esquiva e para sempre morta,
em cuja escura, inacessível porta
noturnos olhos cegamente vagam.
Talvez a árvore do fruto proibido não tivesse pecado algum. Mas foi a desobediência que trouxe o pecado.
Correr sem direção e achar a chave do seu segredo.
Andar com a razão em tudo é fruto de profunda contradição.
Contesto o seu silêncio e procuro não me esconder nas horas mais perdidas assim me torno cada vez mais forte
O fruto não cai do pé antes da hora e nem é colhido antes do tempo a não ser que seja para suprir outra necessidade.
Um dos problemas, da semente do amor, é que ela precisa do outro para crescer forte e dar bons frutos.
A natureza que nós dá a flor nos mostra que ela floresce em silêncio. Fruto do sol, noite, chuva e chão. E assim também é o Amor, ele acontece e para brotar não pode ter barulho, pressa ou confusão. Cada coisa tem a sua hora, como cada estação tem seu tempo. A árvore cresce, perde as folhas, seca, parece que morre, e ganha as flores. As flores só florescem em silêncio. Assim é o amor... Que canta em nosso coração a sua vontade de sementes.
quando amamos alguém, nem sempre é nescessário demostrar o que realmente sentimos, porque do fruto já se conhece a árvore.
Cantiga das mães (Para minha mãe)
"Fruto quando amadurece
cai. das árvores no chão,
e filho depois que cresce
não é mais da gente, não.
Eu tive cinco filhinhos
e hoje sozinha estou.
Não foi a morte, não foi,
Oi!.
foi a vida que roubou.
Tão lindos, tão pequeninos,
como cresceram depressa,
antes ficassem meninos
os filhos do sangue meu,
que meu ventre concebeu,
que meu leite alimentou,
Não foi a morte, não foi,
Oi!.
Foi a vida que roubou.
Muitas vidas a mãe vive.
Os cinco filhos que tive
multiplicaram por cinco
minha dor, minha alegria.
Viver de novo eu queria
pois já hoje mãe não sou.
Não foi a morte, não foi,
Oi!
foi a vida que roubou.
Foram viver seus destinos,
sempre, sempre foi assim.
Filhos juntinho de mim,
berço, riso, coisas puras,
briga, estudos, travessuras,
tudo isso já passou.
Não foi a morte, não foi,
oi!
foi a vida que roubou.
