Frio
O moço do metrô
Era pra ser só mais um dia comum. Despertador estridente e banho frio como método de tortura e adeus ao sono às cinco horas da manhã. Paciência e agilidade matinal - dualidade duvidosa - pra domar a jubinha de leão, deixar pra depois o café que eu não tomo e enfrentar aquele trânsito caótico da cidade maravilhosa rumo às aulas de inglês.
O fato é que o sono não é tão invencível, a cidade não é tão maravilhosa às seis horas da manhã e após enfrentar o trânsito nosso de cada dia, que parecia duas vezes pior, desisti da aula já que pelo horário, só chegaria a tempo de ouvir o "bye, bye...see you on friday!"
Aproveitei o tempo para resolver outras pendências.
Mudei de rota e dessa vez fui de metrô. Até que não estava tão cheio, tinha espaço suficiente para entrar com calma e poder virar o pescoço observando a calmaria comum e tediosa que habitava o local. Habitava, até que, para surpresa geral, chega um cidadão carioca, rompendo o silêncio dominante, cantando a música "fora da lei" em volume e tons propagáveis para todo o vagão. O cidadão comum que acordou se achando o Ed Motta, atraiu a atenção e o estranhamento de todos ali presentes.
A senhora com cara de "tô brava", lançava olhares de fúria, decerto achou um disparate a coragem e suposta má educação do rapaz. O engravatado olhou com cara de reprovação, repassando bravamente as folhas de seu jornal. O nerd afundou ainda mais a cara em seu livro de "alguma coisa chata demais" certamente sentindo vergonha pelo rapaz que, não só cantava, mas insistia nos "paradibirudubuaê" típicos do Ed.
E eu? Eu só conseguia rir. Rir dos "paradibirudubuaê", rir da naturalidade em que o rapaz levava aquela situação e principalmente da reação ao redor.
Me recordei de um episódio do programa "De cara limpa" em que o ator-humorista-músico-autor e corajoso Fernando Caruso entra no metrô vestido de mulher e dança na barra de aço, realizando uma inusitada e divertida performance de pole dance para surpresa, estranhamento e simultaneamente risada geral.
Trata-se de um programa que visa desmistificar as regras do marasmo, levando humor e descontração a locais públicos onde a tensão ou o tédio imperam, assim, na cara dura, ou conforme o nome, de cara limpa. O que é sensacional, eficaz, positivo e porquê não, construtivo em tempos de estresse coletivo e certeiro. Em tempos de correria e agitação trivial, desatenção aos detalhes cotidianos, ao que é essencial. Um momento pra sorrir, um momento pra romper com as barreiras invisíveis do silêncio, doa a quem doer, custe os olhares insatisfeitos que custarem.
Momento pra respirar leveza, diminuir o ritmo. Despir as vestes da formalidade, dos bons modos, ser quem se é quando ninguém está vendo, mas quando todos estão vendo. Coragem? Sim, e autenticidade.
Me remete a uma citação de um dos meus escritores preferidos. Luis Fernando Veríssimo disse "Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo". Eu concordo. E o moço do metrô também.
Saudade
Ah a Saudade!
Saudade é Amor, é Ódio
Saudade é Calor, é Frio
Saudade é Alegria, é Tristeza
Saudade Conforta, Machuca
Saudade é Paixão, e não tem Compaixão
Saudade tem Pressa, Espera
Saudade te Livra, te Condena
Saudade é Fé, é Desilusão
Saudade é Primavera, é Inverno
Saudade é Assunto, é Silêncio
Saudade é Amigo, é Inimigo
Saudade é Menina, é Menino
Saudade é Bebida, é Comida
Saudade é ser Sã, é Locura
Saudade é Ontem, Hoje e Amanhã
Saudade... Eita Sentimento Danado
Todos os momentos de nossas vidas sentiremos Saudade
E saberei sempre que de alguma maneira no meu Presente ou Futuro
algo que sempre vai me acompanhar é essa tal de SAUDADE!
Apesar do frio que se fazia presente em mais uma noite escura
nada seria capaz de traduzir tamanha luz e tamanho calor que
se fazia presente entre eles .
Vento Frio me traz recordações
Traz de volta as lagrimas
Que o tempo tentou esconder
Então me aqueça
Esqueça que um dia algo nos fez
sofrer
Se um dia eu pudesse te
encontrar
Meus sonhos se realizar
A magia de um olhar
Nos fizesse calar
Por mais que eu me tente
esforçar
Palavras não podem dizer o que
eu sinto
Ilusões ,decepções
Um mundo caindo sobre mim
Já não me lembro mais
Como é bom sonhar outra vez
Mas por mais que eu tente me
esforçar
palavras não podem dizer o que
eu sinto...
Composição: Bento,
Dinho,Julio,Samuel, Sérgio
A Busca
O frio da noite me cerca
Semblante cansado
Por dentro estou deserta
Tudo está desalinhado.
Minha luta particular
Meus fantasmas interiores
Há um eclipse total a me cegar
Existe alguém pra salvar?
Procuro uma luz, um sentido
Pra poder sentir- me viva
Um caminho a ser seguido
Um amor, um amigo
Que possa mostrar- me a beleza que há em amar
E em troca receber um abrigo
Que faça- me esquecer as incertezas
Dizer o que desejo ouvir ou não
A força a me reger contra a correnteza
Que me afasta da felicidade, seu nome é solidão.
Autora: Tayane Dias 31/03/12
Meu sonho é ter vs devolta .. Aqi do meu lado para me aqecer qando estiver cm frio.. Me dar todo amor e todo carinho qe preciso. Num qero um outro alguém eu qero você ! *-
Invasão
As lembranças não te deixam
O que fazer com coisas reviradas?
Isso é medonho e frio,
O conforto da sua mente se acostumou
Com o passado que revira sem pedir licença
E quando menos se vê lá esta ele invadindo o seu mundo outra vez...
"" Quando o frio tocar tua alma
E o desejo te acariciar
Beijarás a lembrança
E te entregarás ao prazer
Quando tuas mãos a esmo me procurarem
mesmo não estando, estarei
Nem que seja pelo vento
te beijarei
E sussurrarei ao teu ouvido
Tudo que queres ouvir
Se ainda assim não te entregares
Partirei, para nunca mais voltar...""
" O frio aprisiona
dentro de casa
em roupas pesadas
em cobertores
mas o frio é especialmente bom para mergulhar
mergulhar numa garrafa de vinho
e tudo irá melhorar...
Lá tinha
pernilongos
noite escura
um certo frio
lá tinha também
vento fresco
estrelas no céu
boa companhia e cobertor
lá tinha
latinhas
e um fogo para esquentar coisas
que só o coração pode explicar...
Frio não combina com as coisas boas da vida.
Por isso a morte é gelada
Calor é vida.
Gelada só cerveja...
Quem não verte uma lágrima em transes de emoção e dor, foi forjado em ferro frio, ou então disfarça muito bem, por fora.
A TRAIÇÃO DOS DEUSES
Ele rezava confiante, até desfalecer
De joelhos num chão duro e frio,
Não suportando mais a dor do desvario,
Pobre idiota que cria sem nunca querer.
Rompia a memória em orações a arder,
Que repetia sem nexo como galo cantando
O nascimento de um dia inútil e nefando
Numa lengalenga só decorada, sem ler.
Ele era como eu na suposição de o ser,
No testemunho de um desabilitado
Dos deuses loucos e de mal feder.
Deu-lhes tudo e os do mudo planetário
Cá do burgo mundo por nós habitado,
Não merecendo tal traição em seu fadário.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 10-10-2022)
O INTRUSO
Batia no vidro frio,
Da janela fria.
Batia.
Como que a medo
De revelar um segredo
Porque ali estava
E instava.
Abri a janela,
Singela.
Corri-a de par em par.
Ele, entrou radiante,
Com passo frio e distante,
Como que a querer mostrar
A alteza do seu rol.
Era o sol,
O de inverno,
Que já me foi de inferno
Em dias de verão,
Nesta janela da escuridão.
Só eu,
Triste plebeu,
Bato a tantas janelas
De tantas capelas
De santos de milagre,
Mas ninguém mas abre!
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 03-01-2023)
OBSOLESCÊNCIA
Por antiquado me achar,
Deixei-me ir
E deitei-me ao rio
Frio
Dos frustrados,
Por não saber amar.
O ir, é quase uma ciência
De esquecer o que nunca é de vir,
Como obsolescência
De ao defecar, sentir.
O rir,
Pela grossa asneira
De querer meter
Sem jeito ou maneira
Um parafuso
Difuso,
Numa racha estreita
Feita
Mártir sem saber
O motivo
Do seu castigo,
Por sofrer
Em grito amargo,
O não ter
Em si, um largo
Mais largo.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 24-03-2023)
