Frase Michel Quoist
Descomedido charme exorbitante,
Sintomas da severa sedução,
Proliferado em doses epidêmicas,
Contagiosa graça em extinção.
Teu toque transmitindo imunidade,
Alterou palpáveis bases medicinais,
Aprovada em plena unanimidade,
Trouxe-nos o epicentro dos vendavais.
Prerrogativa da emancipação,
Síndrome contida e libertada,
O vírus fortalece os anticorpos,
Os corpos consolidam a união.
Altíssima voltagem nos atinge,
Aplacando opiniões extenuantes,
Lacrem tuas latrinas impostoras,
Nosso afeto é pegajoso e intransigente.
Receba nossa supertônica,
Desapegue-se da bendita erudição.
Na primeira fileira da filarmônica,
Somos o Delírio Absoluto da Multidão.
Receba nossa bioquímica,
Na derradeira fileira da distorção,
Desapegue-se da maldição erudita,
Somos o Delírio Absoluto da Multidão.
Dedico esta Obra
A Raça Humana,
Ao que restou dela
E aos descendentes,
Que serão inocentes
Até deixarem de ser.
Ensaio sobre a origem do Karma
O sentimento me foi insuportável, então pela primeira vez escrevi espontaneamente, sem que me mandassem fazê-lo. Não era questão de gosto, tinha a ver com aversão, eu precisava expulsar de meu interior o que me esfolava.
Dobrou a esquina decidido
A percorrer um trajeto inabitual,
Descendo a rua irregular
Notou pedestres e a muvuca central.
Gradeados, o asfalto, telhados,
Uma mureta com degrau,
Lojas, butiques, bazares,
Um açougue liquidando bacalhau.
Automóveis, lixeiras, lixo no chão
E alguma forma vegetal,
Flores num canteiro, um bueiro,
Caixotes, tubulações em geral.
No estacionamento vazio
Se encontrava escondido um casal.
Paralelo ao centro financeiro,
Muitas cifras, cortesia impessoal,
Ternos de luxo, limusines, distinção,
Suavidade fria e cordial,
Um ligeira coxo que revirava
Uma tralha imunda próximo ao local.
Trinta e dois minutos atrás,
Uma madame foi assaltada; um marginal,
Foi demitido de um emprego normal,
Por não ter concluído 2° grau.
Uns metros dali estouraram o cartel
De uma quadrilha internacional,
Esquema armado, escutas, grampos,
Traçado por uma equipe federal.
Ergueu a mão prum ex-companheiro
Da época que bateu o ponto usual,
Apertava parafusos, rosqueava,
Martelava e polia na fabriqueta de pedal,
Parou numa barraca do calçadão,
Encostou no balcão e pediu um curau,
Limpou-se com guardanapo de papel reciclável,
Recordou a vida rural.
Que remeteu à puberdade,
Tingida de idealismos e anseio liberal.
Ouviu o sino e depois um hino
Vindo da igreja onde ensaiava o coral.
