Vontade de ir embora, vontade de ficar,... Beatriz Soares Bezerra.

Vontade de ir embora, vontade de ficar, vontade de fugir, de andar até cansar. Vontade de parar o tempo, sentar em frente ao mar e chorar, chorar até secar. Vontade de não sentir vontade. Mas eu tenho medo da morte, e quem não sente, não vive. Engraçado como eu quero escrever e já não sei mais sobre o quê. Até o ‘ele’ já virou o assunto de sempre, e vocês sabem.. o assunto de sempre, sempre morre. Na minha infância sempre me diziam que eu falava pelos cotovelos, e sabe, ainda falo. Nunca aprendi a calar a boca, mas aprendi a calar todo o resto ... a alma, o corpo, o coração. É tão triste ser vazia, pesa tanto. Péssimo mesmo é quando você desacredita, pior, quando nada te motiva a acreditar. Na minha mente tudo confuso, a confusão mais bem organizada que eu já presenciei. A verdade é que, eu preciso ser “alguém” .. mas eu não sei se quero ser alguém. Sou um quebra- cabeça de infinitas peças e, se por algum acaso eu vejo que uma peça não me cai bem, eu arranco e a jogo-a fora. Sem muitas cerimonias ... o problema, é que as vezes essas peças são complementos de outras, não sei em vocês, mas em mim, o bem completa o mal e vice-versa. E quando um complemento falta, muitas vezes, o que nos resta é o vazio. Pode até parecer loucura, idiotice ... não sei bem, mais as vezes o ruim pode fazer falta. A vida é uma linha pontilhada. Se você tirar um pequeno pontilho, pode até ser que ninguém perceba, mais vai fazer falta. De uma forma ou de outra. Não que eu sinta falta dos meus pontilhos descartados, não ainda. É só que, sei lá. Eu queria tapar os buracos ... tenho a impressão de que nunca vou saber quem eu sou, e tenho medo disso também. Pior do que morrer, é viver sem saber quem se é ... eu sou tão feliz sempre, tão vibe positiva forever, meu sorriso é enorme... do tamanho da minha solidão. Sou uma farsa. A moça da risada escandalosa, do sorriso largo, a moleca do gingado no corpo, a doidinha da turma. A garota que está sempre “armada”, sempre na defensiva ... tudo uma farsa, é apenas uma projeção.. algo criado para não mostrar quem realmente sou. Me sinto um robô.. sinto que sou um corpo vazio. Um corpo cheio de nada.. engraçado saber que eu sempre quis ser assim, sempre admirei os frios, os “sem coração”. Mas, se eu pudesse voltar no tempo não mudaria nada.. mentira, mudaria tudo e ia pedir pra sentir tudo, até o que não se sente. Feliz daqueles que sentem . O vazio é um peso, um carma que dói carregar ... é mais fácil sentir, pesa menos. Alivia mais.