Bom é tomar banho de chuva; Andar... Clara Furtado

Bom é tomar banho de chuva; Andar descalça; ouvir música alta, cantando inglês desafinada, alto e sem saber; ser romântica e assumir, mas não aquele romantismo que cega e emburrece, não dependendo sentimentalmente dos outros; Como todos, ter problemas, mas rir deles e dos seus próprios defeitos e gafes; Apreciar um bom livro para aprender intelectualmente, mas não desaprender jamais a ser feliz com as pequenas coisas, só porque sabe-se que conhecimento, que é uma grande coisa, é bom. O que adianta ser inteligente e não saber ser feliz? Dá para ser tranquilamente os dois, um sábio sério e um bobo feliz; Errar, como qualquer ser humano, mas tirar proveito dos erros, aprendendo e evoluindo com eles e principalmente com o erro alheio; Lamber a tampa do Iogurte; Balançar alto na rede ou baixinho de olho fechado; Receber e dar cafuné; Mergulhar na praia; Renovar-se com abraço de filho; Chorar quando se sentir triste, mas continuar a seguir sorrindo logo depois; Fazer dieta, mas não dispensar um belo de um sorvete; Andar de bicicletinha velha pelas ruas só para sentir o vento na face e relaxar; Lembrar do ontem para tirar lições, mas não se lamentar, afinal, já passou. Imaginar o amanhã para ter visão de futuro, mas não se iludir em cima do que não conhece. Mas, acima de tudo, viver o hoje, que é onde está focada a nossa vida, mantendo o pé no chão e com toda responsabilidade; Bom é ser amiga mesmo e não admitir falsidades ou injustiça, oferecendo o ombro se necessário e puxando a orelha se tão necessário quanto, enfim...

Ser feliz é procurar viver da melhor forma possível sempre e entender a cada dia que podemos sim alcançar essa felicidade, apesar das batalhas do dia a dia e embora às vezes nos peguemos um pouco desanimados. A vida é assim mesmo, cheia de altos e baixos; E nada nessa vida é por acaso: Os baixos que servem exatamente para entendermos e darmos sempre valor aos altos e nos tornar fortes; E os altos que sempre nos darão motivos para superar esses baixos, porque a Felicidade que neles existe nos faz ter esse estalo, de pensar: ‘Vamos lá!’.

O que seria essa Felicidade?

Pode ser aquela Felicidade ligeira, feita de pequenos, doces e bons momentos, de detalhes que vão desde uma conversa agradável do lado das pessoas que amamos (é um privilégio, nem todos tem quem ama do lado); A banho de chuva (chuva é coisa de Deus); A andar descalça (temos duas pernas saudáveis); A ouvir música alto, cantando inglês sem saber e desafinada (porque é a nossa trilha sonora e porque temos todas as razões do mundo para expressar o quanto viver é bom, aproveitando o hoje, que se não fosse tão divino não se chamava ‘presente’ e é de Deus); A ser uma romântica assumida (o amor sempre será o melhor dos sentimentos para se sentir e demonstrar e sempre valerá a pena, porque aproveitamos o que foi bom e aprendemos com o que não foi tão bom assim); A rir dos problemas (eles sempre vão existir, temos é que manter a Fé e conviver com eles tentando revolvê-los com ajuda de Quem é Maior que eles e com Fé e boa saúde, o resto é fácil); A ler um bom livro (ler engrandece, mas não esquecer de sorrir da seriedade faz toda a diferença. Tem gente que confunde ser inteligente com ser chato); A aprender com os próprios e os erros alheios (todo mundo erra e somos eternos aprendizes); A andar de bicicleta sentindo o vento na face (esse mesmo ar está em nossos pulmões); A tomar sorvete (sorvete é quase como a gente, tem defeito e qualidade: Faz a gente feliz e engorda. A diferença é que o defeito do sorvete tem jeito fácil, uma hora de caminhada. Escolha seu sabor preferido); A abraço de filho (quando achamos que somos de aço, o estresse é como criptonita. Abraço de filho nos deixa fortes); A chorar às vezes, mas sorrir sempre (quem disse que chorar é fraqueza? Faz bem. Nos prepara e nos deixa fortes. Fraqueza é quando só se chora); A sermos amigos sempre (amizade sincera sempre nos tornará pessoas melhores, tanto quando oferecemos quanto quando recebemos), e também...

...Aquela Felicidade não menos importante, que é uma constante, que não é uma felicidade ligeira e feita de pequenos momentos mas que sempre será um grande detalhe das nossas vidas, que mais parece um clichê mas que nada mais é que a mais pura verdade, aquela Felicidade que nos acompanha e motiva realmente, porque nós e os nossos temos Fé, Vida, Saúde, uma geladeira cheia, um teto sobre as cabeças, roupas limpas, um trabalho digno, amigos, acreditamos em Deus, porque temos tantos prazeres verdadeiros para o nosso bem e alegria, porque temos orgulho do nosso caráter, porque em um mundo onde vemos tanta coisa ruim, constatamos na nossa vida e família, tanta coisa boa, que só nos dá motivos para seguir em frente de cabeça erguida e sem reclamar e dando sempre graças a Ele.

Eu quero é que todos sejam felizes da maneira que bem entenderem, desde que não prejudiquem a ninguém, entendendo que não devemos ter vergonha de buscar ser felizes, mas de não ter caráter, que somos quem somos, mas somos especialmente o que fazemos para melhorar quem somos e que felicidade nada tem a ver com futilidade. Coisas grandes são até importantes, mas são os detalhes, as coisas pequenas que são essenciais e que valem realmente a pena.