"Lembrei daquilo que brilhou, e... Miriam Barbosa

"Lembrei daquilo que brilhou, e resolví falar. Ou talvez perder tempo falando daquilo que não brilhou".

Lembra daquele dia? É, aquele dia que eu cheguei como quem não quer nada, sentei naquele banquinho e fiquei te observando? Lembra de quando você falou comigo pela primeira vez e eu até esquecí o que eu tinha que falar? Lembra daquela tarde que eu te ví passando do outro lado da rua e você não me viu? Ou fingiu que não me viu? Eu sim! Eu lembro de cada detalhe, que hoje você talvez nem saiba que já passou por isso, eu lembro das coisas loucas que você me dizia em silêncio, mais o silêncio foi, e sempre será a nossa conversa, que nós entendemos e mais ninguém precisa entender. Eu lembro de você sorrindo com medo de eu não gostar, porque você sabia que eu gostava de todos, todos os sorrisos que você estampava no rosto. Lembro também que no início eram só apertos de mão e aqueles toques estranhos, mas depois pra minha alegria os comprimentos viraram beijos no rosto e eu me sentia a pessoa mais amada do mundo. Eu lembro das suas manias, das suas risadas, do olhar de intelectual e também do olhar de "Eu te agrado te olhando assim"? Lembro dos seus passos, do seu estilo, da sua teimosia em me seduzir, porque sempre soube que me teve nas mãos. Eu lembro quando eu e você ia um pra cada lado admirar um ao outro de longe mesmo, quando agente se olhava dizendo só com olhares o quanto um era especial para o outro. Nossos papos eram engraçados, diferentes, e chatos, mais pelo menos eram, pelo menos foram. Era tudo tão lindo, bagunçado e formal ao mesmo tempo que eu adorava essa coisa. Eu não sei como isso chamava, como eu chamei ou como se chama eu só sei que o que vivemos foi o bastante pra eu perceber que nunca iria passar disso, que isso nunca iria pra frente, que era tudo uma coisa sem futuro, era tudo fora do nosso destino, ou melhor, dos nossos destinos. Nós sempre fomos diferentes um do outro e eu percebí isso desde o primeiro momento em que eu te ví em pé encostado naquele portão e eu lembro de tantos detalhes de tantas coisas, que hoje eu prefiro nem lembrar, mais é inevitável. Porque apesar de tudo ter acontecido e nada ter sido correspondido, eu posso dizer que eu fui feliz, porque eu estava sempre do seu lado e sempre por esse motivo, você. Sua imagem, seus beijos, seus medos, seu sorriso, jamais saíram do meu coração, eu nem deveria guardá-los mais eu vou, porque isso é só o que eu pude salvar em você, suas lembranças. Enquanto você, eu nem sei o que fará, sei que pode nem lembrar, ou nem ter lembrado, ou pra você isso tudo nunca existiu, mais pra sim, foi um prazer, foi maravilhoso, foi descreto e verdadeiro. E hoje eu só peço que você tenha lembrado nem que seja de uma besteirinha, mais que lembre, e se não puder guardar no coração deixa isso pra mim porque eu vou guardar, mais se preferir, esqueça tudo deixa isso tudo pra lá, porque no coração guardamos coisas que realmente valeram a pena, e isso não valeu de muita coisa, mais pra mim seria uma pena, ter que guardar esses planos de amor que eu fiz pra nós dois só na memória sabendo que no coração é mais quentinho. Mas tudo bem, você tá certo, não vou poder guardar o que nunca existiu, o que só se passou, o que só passou por nós dois e não conseguimos aproveitar essas vontades. o que só foram coisas da minha imaginação, talvez da sua, ou da nossa simples imaginação.