Querida Na verdade, eu acredito que... Alisson

Querida

Na verdade, eu acredito que nessa vida, com freqüência estamos tentados a crer que ela não é uma criação do sentimento, nem um jogo caprichoso, inconsciente e uma imaginação enganosa, mas uma realidade verdadeira, algo que realmente existe, algo real e palpável. Por que então, nesses momentos de viver irreal precisamos conter a respiração? Por que meu coração começa a agitar, vai inspirando pouco a pouco um novo anseio, enchendo de modo sedutor a minha fantasia, e evocando sentir sensações antes contidas? Por que, como por efeito de um feitiço inexplicável, bate mais depressa o pulso, correm as lágrimas dos meus olhos, põe-se como fogo nas pálpebras desse sonhador, e sem ser parece fundir-se em um prazer sobre-humano? Por que há noites inteiras em que passo mergulhado em inesgotável alegria e grandiosa satisfação, sem pensar em dormir, senão por um breve instante? Por que tenho então a sensação de quase morrer de felicidade, como todo meu espírito morbidamente comovido, e com tudo isso, uma sensação de dor tão docemente penosa e medo de viver tudo isso? Talvez as respostas repousem em meu coração ou seria simplesmente uma: eu estou amando! E seu coraçãozinho, tão distante e indecifrável, poderia me responder? Que represento diante desses olhos lindos que torna o mundo mais feliz! Essa é a minha dolorosa dúvida meu Deus! Que me faz estremecer e ficar cravado no chão sem poder lhe dizer uma só palavra. Como tenho medo! Que pensará de mim! Em razão disso lhe escrevo Querida, para que saiba de mim e se for a sua vontade, dei-me a certeza de afluir em meu coração à esperança que você sente algo por mim e possa nutrir e buscar nas cinzas uma centelhazinha, uma só, por pequena que seja, para nela soprar, e com a luz assim criada, acalentar o coração e despertar de novo em mim o que era tão grandioso, que comovia minha alma e arrebatava o sangue, aquilo que fazia afluir lágrimas aos meus olhos. Por favor! Não deixe que as dúvidas corroam meu ser; qualquer que seja seu sentimento, responda a esse e-mail. E me perdoe pela covardia, pelo modo de dizer as coisas, não tenho o dom de me expressar. Se, por nenhum momento de sua vida, você não sentiu nada por mim, que minhas esperanças não têm sentido ou outra razão, por favor, desconsidere essas singulares e verdadeiras palavras, mas assim mesmo responda.