Caruaru, 15 de abril de 2011. Querido,... Thallyta Ellen

Caruaru, 15 de abril de 2011.
Querido,

Vejo a luz rondar teus olhos, mas, que fizeram de nós? Ou o que nós nos fizemos? Há dias em que a chuva cai doce sobre meus passos. Em outros dias, sinto que vou me afogar em angústias.
Se um dia você olhar para trás e pensar que algo passou por você, desculpa já não sou tão cautelosa como antes. As folhas secam com o tempo, e ao cair no chão ouve-se um leve estremecer.
Em certas manhãs, o vento vem conversar sobre minhas desventuras. Assombro-me e o invejo, porque me faz chorar com suas más intensões.
Quando sinto tua falta, penso mil vezes antes de ir a tua procura. É que evito o desgaste, que já não sei mais se há de fato algo a ser desgasto. Invoquei amor, mas, não o tenho mais sentido pulsar pelas minhas ramas. E chegando a noite me entrego a solidão... As músicas me tiram o pensar e em mim se estabelece o penar.
Juro-te que ao passar das horas, é como se o mapa que eu mesma fiz se desfizesse em minhas mãos, ligassem estradas a outras que não se conectam por simplesmente não existirem.
Estou sendo sufocada pela dor da demora, demora essa que não te deixa vir a mim. Não o queres fazer?
Se vinhesses meus olhos se acenderiam mais uma vez, como a manhã se mostra depois de uma madrugada chuvosa. Nesses lençóis estranhos me faço de fantasma, e finjo dormir mas, morro.
Vago por aí, se eu pudesse te carregar em um cordão, serias um pingente simples e perfeito. Uma letra E desenhada a mão!
Meu bem, já não tenho mas porque prosseguir com esta carta, talvez um dia a leia e penses em como pensei em ti, esses teus olhos furiosos e angelicais, esse jeito de levar a vida como a vida leva. Um abraço e eu não preciso dizer mais que isso por hoje.

Com amor, Cartas.