Um método Socrático de convencimento... Edney Baptista dos Santos

Um método Socrático de convencimento 09/10/2002
Jornal Opinião de Araras

Na era Socrática, os sofistas acreditavam que não existia verdade absoluta, de modo que ela, a verdade, somente estava presente nas coisas cujo poder de convencimento operava em busca desse fim. Ou seja: se você me convencer, eu acredito.

Neste sentido, a palavra é a maior ferramenta do homem, tendo maior ou menor importância à medida que convence. Portanto, proponho discutirmos qual foi a tônica do discurso dos candidatos a presidente, já os levando à conclusão de que a verdade, naqueles tempos, era melhor fundamentada.

Quem assistiu o horário político desde o começo, pôde perceber que há vários temas que aparecem com freqüências variadas, mas somente um vem norteando insistentemente o discurso dos candidatos: o desemprego. Através de suas fórmulas e formas, cada candidato propõe pôr fim a esta situação, tendo como proposta a construção de grande número de moradias, supondo combater a pobreza e o desemprego. Ora, conclui-se a partir de agora, que a profissão do futuro será a de servente, pedreiro, mestre-de-obras e afins, profissões estas que respeito e considero uma arte.

Conquanto saibamos da falta de empregos no cenário atual, concluímos que não é uma tarefa fácil erradicá-lo. Se fizermos as contas, segundo as propostas dos candidatos, rapidamente descobriremos que muitos empregos diários deverão surgir, e que os assessores dos presidenciáveis não são matemáticos.

Notem que para surgir oito milhões de empregos ao longo de quatro anos, será necessário abrir dois milhões de vagas por ano, 166.666 por mês e 5.555 por dia. Muito difícil, mas é um assunto que dá voto e que nenhum candidato ousou deixar de falar.

Fica-nos claro a difícil meta que o futuro presidente terá de cumprir. Prestemos atenção: A verdade não está somente no poder de convencimento. Ela está também nos fatos e, contra eles, não há argumentos.