Não se deve temer um simples ruído,... Linartt Vieira

Não se deve temer um simples ruído, quando a causa dele é desconhecida.
Um dia, um ladrão, fugindo de uma casa onde roubara uma sineta, foi morto e comido por um tigre que vivia no alto da montanha. Tombando-lhe da mão, sua sineta foi agarrada por algum macacos, que de vez em quando faziam-na soar.
O povo da cidade, tendo descoberto que um homem fora morto, e ouvindo constantemente o repique da sineta, dizia que o demônio cruel, em sua cólera, o havia devorado. E fugiram todos os habitantes da cidade.
Certa mulher, entretanto, teve a intuição de que a sineta era tocada apenas pelos macacos, e foi ter com o rei, dizendo-lhe:
- Se me deres adiantadamente uma grande soma de dinheiro, farei com que o demônio se quiete.
O rei deu-lhe um tesouro, e ela, depois de fazer reverências para um certo quadrante da Terra, modelou ídolos, desenhou círculos, e adquiriu grande fama de santidade. A seguir, preveniu-se com frutas apreciadas pelos macacos e, entrando na floresta, espalhou-as por ali.
Os macacos, percebendo as frutas, largaram a sineta para se apoderarem dela e devorá-las ansiosamente. A mulher apanhou a sineta e foi ter com ela ao palácio do rei, recebendo os cumprimentos de todos os que ali estavam.

> Um ruído, apenas. É por isso que dizemos: não deve temer um simples ruído, quando a causa dele é desconhecida.