Fique na sombra Verão intenso, muita... (Rosana Braga)

fique na sombra


Verão intenso, muita gente se divertindo e, sentados na areia, um pouco adiante, três pessoas conversavam animadamente.

Uma delas um rapaz que, embora fosse por volta do meio dia e o calor estivesse escaldante, ele não estava se protegendo do sol.

A certa altura, aproximou-se o moço que alugava alguns acessório de praia, ofereceu:
- Você quer que eu lhe traga um guarda-sol?!?

E ele, respondeu quase que indignadamente:
- Meu caro, se fosse pra ficar na sombra, eu teria ficado em casa!

O tom da voz dele quanto a convicção de sua decisão em permanecer sob o sol soaram quase como uma piada .

Mas refletindo melhor essa situação, fica a pergunta:

Quantas vezes preferimos uma falsa segurança – ainda que escura e nebulosa – ao risco, à possibilidade de tentar? E – pior! – quantas vezes saímos de casa e, ao sentirmos o calor do sol, ou seja, a chance de viver plena e intensamente uma oportunidade que a vida nos apresenta, corremos em busca de uma sombra, assustados, inseguros?

Preferimos nos omitir a expressar o que pensamos, o que sentimos, o que queremos. E assim, de sombra em sombra, tentando nos esquivar da condição real, vamos perdendo chances incríveis de realizar um sonho, de ocupar um cargo há tempos desejado, de experimentar um amor, de desbravar o desconhecido e, enfim, de nos transformar numa pessoa melhor…

Talvez esteja aí a resposta para tantas atrocidades sendo cometidas, para tamanho mal-estar que tem rondado o planeta de um modo geral: muita sombra imposta sobre lugares, pessoas e situações onde poderia estar brilhando o sol. Muita escuridão onde poderia estar inundado de luz. Muita inconsciência onde bastaria um pouco mais de coragem, um pouco mais de disponibilidade ou simplesmente o exercício de nossa verdadeira humanidade.

Portanto, a conclusão é: “Se fosse pra ficar na sombra, teria ficado em casa!”

Que fechemos nossos guarda-sóis, paremos de inventar tanta sombra para nos proteger ou nos esconder do que está aí para ser vivido… e que sejamos, deste modo, bem mais audaciosos quando o convite for para a vida, para o bem e para o amor!