PERDESTE A NATUREZA Perdeste tua... Sergio Fajardo

PERDESTE A NATUREZA

Perdeste tua natureza
O mergulho no asfalto,
afastou a beleza
Esqueceste o silvestre
E sua sutileza
Teu mundo é submundo
Artificial
De homem tornaste pedestre
banal

Perdeste o eclipse
Obscurecido pela cidade
Não viste o meteoro
Teus olhos eram vaidade
As estrelas tornaram-se lâmpadas
Fugazes

Perdeste a primavera
Em um jardim de plástico
Mataste o beija-flor
A chuva virou quimera
Consumo tornou-se amor
A brisa é condicionada
Eletrodoméstico e motor

Perdeste a cor das nuvens
Substituídas pela fumaça
Não ouviste mais os pássaros
Tua floresta é uma praça
O dinheiro teu coração
Animais são as máquinas
Cessaram beleza e paixão

Perdeste os verdadeiros valores
Humanos e naturais
Rotulaste os sentimentos
A flora, a fauna e a água
No prazer individual
Preso ao teu egoísmo
Consideras tudo normal

Perdeste a afetividade
Já não enxergas o brilho da lua
Insensível ao falso humano
À indiferença tua
Da amizade trabalho fizeste
E do amor, destroços
Restrito ao teu ambiente
Esqueceste o ser que és
De carne, sangue e ossos.