Trajetórias Durante algumas etapas em... Ramon Pestana

Trajetórias


Durante algumas etapas em nossas vidas, ficamos sem orientação, as luzes que nos guiava dentre a penumbra da noite, parecem inesperadamente apagadas, o mesmo que dirigir numa estrada vazia e sombria com a presença total da escuridão sem ter faróis. O que nos conduzia parece se dissolver proporcionalmente com os segundo que se vão.
Numa dessas etapas, chegamos ao ápice da solidão, então esquecemos as correntes que nos mantêm entrelaçados às nossas realidades. Nesses momentos, todos os medos, fraquezas, fragilidades, aparecem e ganham dimensão. Hostilizados pela nossa própria covardia. Então somos pacientes de várias patologias, por já termos perdido todos os anticorpos que ainda resistiam.
Conseqüentemente nascem faces e interfaces, que anunciam a morte da nossa verdadeira identidade, surgindo personalidades que não se consolidam, apenas se moldam conforme as circunstâncias. Levando a nos associarmos a grupos que dêem a praticidade de copiarmos fielmente desde o estilo às suas aspirações, alheias ao nosso “EU”, isso por querermos ser vistos não como somos, mas como queremos ser, e como todos querem que sejamos. Fugimos de nós mesmos, corremos em busca de nos reinventar, nos pintamos de forma distante da realidade, e quando essa pintura foge dos limites do aceitável declara-se um “estado de guerra” contra nossas emoções, motivado pelo sofrimento de nos vermos realmente como somos, se quer então, escapar automaticamente de um pretérito mais-que-perfeito.
Nessa batalha apenas se padece, apenas se fere, apenas se suicida – a cada dia - um pedaço de nós mesmos é perdido, é esmagado em meio a nossa intransigência. As lágrimas é o sangue que incontrolavelmente jorra do nosso corpo e alma. A melancolia saúda o desabar das muralhas que estavam abaladas, porém erguidas, cedendo espaço para que feridas ainda maiores apareçam, perdemos assim a noção de tempo e espaço, o rancor é a resposta que damos aos vendavais que presenciamos.
Quando a guerra parece não ter um vencedor, a história não possuir um herói e o retrato da vida não ter uma imagem. Eis que ressurge um único sentimento, a persistência de acreditar que apenas nós, isso mesmo, apenas nós e nós mesmos, somos os únicos transformadores do nosso amanhã, e se caso não for, é melhor morrer de dor.